Home Destaque Privatização avança, e o direito à água é que fica pelo ralo

Privatização avança, e o direito à água é que fica pelo ralo

As últimas movimentações dos governos estaduais, estimuladas pelo BNDES e saudadas pelo cartel das concessionárias privadas (Abcon/Sindicon), mostram que o país vive uma nova ofensiva de privatização dos serviços públicos de saneamento. E, como sempre, essa corrida pelo lucro ignora o essencial: o direito universal à água limpa e ao esgoto tratado, garantias básicas para qualquer sociedade digna.

Veja também – Saneamento público: Sintaema denunciou privatização da Sabesp em ato em frente ao BNDES, no RJ

Em Pernambuco, o governo estadual coloca em licitação, já neste mês de dezembro, a distribuição de água e o sistema de coleta e tratamento de esgoto, com uma outorga mínima de R$ 2,3 bilhões para quem quiser “comprar” um serviço que deveria ser público, acessível e planejado para atender as famílias, e não os acionistas.

Em Goiás, a agenda é semelhante: apoiado pelo BNDES, o governo prepara para o primeiro semestre de 2026 uma PPP que abrange 216 municípios — um passo gigantesco na entrega do saneamento de 3,4 milhões de pessoas aos interesses privados.

Veja também – Seminário nacional reúne 15 estados e organiza luta para barrar onda de privatização

Rondônia segue o mesmo caminho. Os estudos para conceder os serviços de água e esgoto em 45 municípios avançam sem transparência e sem qualquer debate direto com a população, enquanto se aguarda apenas a definição do valor da outorga para um contrato de 35 anos. Ou seja, entregam hoje e o povo paga por décadas.

Em São Paulo, a situação beira o escândalo. O governo Tarcísio de Freitas atua como verdadeiro corretor das empresas privadas, pressionando municípios que ainda têm gestão pública do saneamento a aderirem ao Programa Universaliza São Paulo, numa corrida apressada para empurrar a privatização antes das eleições do ano que vem. Em palestra ao mercado financeiro, o governador sintetizou sua visão: desregulamentar, desindexar, desvincular, desinvestir. É o “cardápio dos D’s” que só aprofunda desigualdades e ignora quem mais precisa da proteção do Estado.

Veja também – Bilhões em jogo, milhões sem água: a contradição do marco do saneamento

Enquanto governos viram as costas para o povo, o Sintaema reafirma sua luta na defesa do saneamento como direito humano, denunciando cada passo que tenta transformar água e esgoto em mercadoria. É na mobilização da categoria e na resistência organizada que impediremos que interesses privados ditem o futuro das nossas cidades e da saúde pública.

Seguiremos firmes: água é vida, não é negócio. Sobre a ofensiva na Copasa-MG, trataremos na próxima nota.