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Pela reconstrução dos direitos, Espanha anula Reforma Trabalhista

Dez anos após sua aprovação, Espanha revoga reforma trabalhista e abre caminho para a reconstrução dos direitos. A alta do desemprego e o avanço das precarização estão entre os motivos que impulsionaram a decisão de nova formulação nas leis laborais naquele país.

Atualmente, a taxa de desemprego espanhol chega a 14,5%, uma das mais altas da Europa.

Em 28 de dezembro de 2021 o Conselho de Ministros da Espanha aprovou o Decreto-Lei Real — uma espécie de medida provisória —,  para reformular estruturalmente as regras laborais e de relações de trabalho naquele país. A Reforma Trabalhista aprovada na Espanha em 2012 foi a mesma que deu suporte para a realizada no Brasil em 2017, sob o governo de Michel Temer (MDB).

Primeiro-ministro Pedro Sánchez, do partido socialista, chefia coalização que costurou acordo por nova legislação. Foto: PES Communications/Flickr

Em nota, a centrais sindicais comemoraram a decisão e acreditam que a medida pode fortalecer a luta para reverter a reforma de Michel de Temer.

“Entendemos que esse novo acordo pode ser uma sinalização que estimule reabrir este debate também no Brasil. Recordemos que a reforma trabalhista espanhola é fonte de inspiração para realizar no nosso país o desmonte dos direitos, a precarização dos vínculos laborais e o ataque aos sindicatos e às negociações”, diz a nota.

Sempre é bom lembrar que a reforma trabalhista espanhola serviu de modelo para a brasileira e ambas se mostraram incapazes de atingir seus objetivos. Tanto Espanha como Brasil, seguem com altas taxas de desemprego e amargam uma diminuição da renda advinda do trabalho. O país europeu conscientemente reconheceu os erros advindos da opção de precarização do trabalho e, agora, amplia-se o espaço para as reavaliações brasileiras.

Trabalho temporário

Além de não ter gerado emprego, outros motivos que fortaleceram a virada na Espanha foram o impacto do trabalho temporário e a terceirização. O principal objetivo da nova reforma espanhola é acabar com o abuso de contratações temporárias, que hoje responde por mais de 1/4 das ocupações no país.

E tem mais, a nova regra extingue a chamada contratação “por obra ou serviço”, equivalente ao “trabalho intermitente” da reforma de Temer.

Para as centrais sindicais, “as mudanças que estão acontecendo na Espanha nos dão a esperança de que por aqui também possamos rever pontos de uma reforma que foi imposta sem um debate social e com um deliberado viés pró capital e antissindical”.

Com informações do DIAP e da CTB.