“Não tenho dúvida de que o governador do estado do Paraná trabalha, de forma sorrateira, para atacar direitos da nossa população. Como também não tenho dúvida de que após a privatização da Copel, a Sanepar será a bola da vez”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Saneamento (SAEMAC), Rodrigo Picinin, em entrevista ao Portal Sintaema, ao avaliar a iniciativa do governo Ratinho Junior (PSD), que sinalizou para o mercado seu interesse em privatizar a Companhia Paranaense de Energia (Copel).
Picinin apresentou balanço da luta contra o pacote de maldades de Ratinho Junior e conclamou os trabalhadores do saneamento e a sociedade a somar forças contra a privatização. “Estamos mobilizando nossa categoria e motivando a sociedade civil organizada a se engajarem, assinarem o abaixo-assinado e somar forças nas manifestações e luta contra esse pacote de privatização”, afirmou.
Ele ainda sinalizou que nesta quinta (24), a partir das 9h, haverá ato Assembleia Legislativa do Paraná contra a proposta.
Confirma a entrevista na íntegra:
Portal Sintaema: A experiência que temos com a privatização de serviços como energia e saneamento é de piora no serviço e aumento das tarifas. Como está avaliando esse projeto de privatização da Copel?
Rodrigo Picinin: Enquanto o mundo reestatiza as empresas de saneamento e de energia que foram privatizadas no passado, o governador do nosso estado, Ratinho Junior vai na contramão. Porque, no apagar das luzes de 2022, ele solta um comunicado para o mercado financeiro sinalizando a possibilidade de privatização de nossa companhia de energia. Certamente, se esse crime de lesa pátria que ele está cometendo contra os paranaenses alcancar sucesso, a nossa Sanepar será a próxima de sua lista.
Então, sendo o nosso sindicato representante dos trabalhadores do saneamento, estamos mobilizados contra essa proposta de privatização e junto na luta com os nossos companheiros contra a privatização da Copel. Entre as ações que estamos realizando estão os atos em frente a ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná), para pressionar os deputados a não apoiarem a proposta, e os atos de rua para conscientizar a população do que está em jogo com mais esse crime contra o nosso patrimônio.
Portal Sintaema: Circula na rede uma abaixo-assinado contra privatização da Copel já colheu mais de 19 mil assinaturas. Como está a recepção do conjunto da população com a proposta de venda da Copel? A população tem ciências dos impactos?
Rodrigo Picinin: As entidades sindicais do setor energético, com o apoio da nossa categoria e sindicato, estão atuando firme para divulgar esse abaixo-assinado contra a privatização da Copel. O povo paranaense tem ciência de que se a Copel for vendida será ele quem pagará a conta, já que a lógica da privatização sempre deságua no aumento da tarifa. Se a Sanepar for vendida ocorrerá a mesma coisa, a fatura será cobrada da população.
E mais, no que se refere ao papel social tanto que tanto a Copel como a Sanepar desempenha, com a privatização, certamente irá acabar. Afetando a população mais vulnerável, já que a primeira coisa que pesa nessa conta é o valor das tarifas de luz e água. Ou seja, nós teremos nossos direitos de acesso a bens como água e energia de forma universal negados. Então, estamos mobilizando nossa categoria e motivando a sociedade civil organizada a se engajarem, assinarem o abaixo-assinado e somar forças nas manifestações e luta contra esse pacote de privatização.
Portal Sintaema: Enquanto pelo mundo mais de 260 empresas (de serviços como energia e saneamento) foram reestatizadas, no Brasil, tanto o governo federal como alguns governos estaduais avançam com propostas de privatização. Avalia que a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) também corre o risco de ser vendida?
Rodrigo Picinin: Não tenho dúvida de que o governador do estado do Paraná trabalha, de forma sorrateira, para atacar direitos da nossa população. Como também não tenho dúvida de que após a privatização da Copel, a Sanepar será a bola da vez e que, uma vez a Sanepar privatizada, a população e nós trabalhadores e trabalhadoras iremos perder muito, seja na qualidade de vida – já que sabemos que, além do aumento da tarifa, outra consequência da privatização é a piora no serviço – sem falar nos empregos de quem realiza esse importante trabalho. Isso porque empresas de saneamento não distribuem apenas água, elas distribuem saúde para o povo e garantem direitos.
E mais, nossa defesa se baseia no fato de já temos as experiências de diversas empresas de saneamento, espalhadas pelo mundo, que privatizaram seus serviços e depois fora reestatizadas justamente pelos motivos que listamos aqui: perda da qualidade do serviço, precarização e tarifas abusivas.
Sobre a Copel
Criada em 26 de outubro de 1954, a Copel é a empresa pública que gera, transmite e distribui energia no estado do Paraná, além de garantir o acesso à energia, a Copel criou e patrocinou a criação de institutos de pesquisa em geração, transmissão, distribuição e consumo de energia contribuindo para a formação de jovens em diversas áreas da engenharia alavancando o desenvolvimento do estado do Paraná.
Hoje, a Companhia atende diretamente a 4.515.938 unidades consumidoras em 394 municípios e 1.113 localidades (distritos, vilas e povoados) paranaenses. Nesse universo incluem-se 3,6 milhões de lares, 78 mil indústrias, 384 mil estabelecimentos comerciais e 356 mil propriedades rurais. Tudo realizado com um quadro técnico e especializado de empregados e da participação de empresas de engenharia e construção do Paraná e do Brasil.