Home Destaque Crateras e falhas revelam o buraco sem fundo da privatização da Sabesp

Crateras e falhas revelam o buraco sem fundo da privatização da Sabesp

A cratera que se abriu na Avenida Eliseu de Almeida, em Vila Sônia, nesta quarta (15), não é obra do acaso — é o retrato mais nítido do desmonte em curso na Sabesp.

Desde que a empresa foi privatizada, a prioridade deixou de ser o serviço à população e passou a ser agradar o mercado financeiro da Faria Lima.

Enquanto os acionistas comemoram dividendos, a empresa vive um dos maiores processos de desligamento da sua história: entre 2023 e 2025, mais de 5.700 trabalhadores e trabalhadoras deixaram a Sabesp, levando consigo décadas de experiência, conhecimento técnico e compromisso com a população. Nenhum plano sério de recomposição foi apresentado — o que existe é o esvaziamento deliberado de equipes, o acúmulo de funções e o colapso silencioso das estruturas que garantem a água e o esgoto tratados.

O resultado já aparece nas ruas e nas estatísticas. Segundo a Arsesp, em 2020 foram registradas 82 falhas na rede de água e esgoto só na capital e mais de 1,1 milhão de reclamações sobre o serviço. Quase metade delas (49,8%) diziam respeito às tarifas abusivas, enquanto 36% tratavam da interrupção do fornecimento de água. Se naquele momento, com a Sabesp ainda pública, o alerta já era grave, agora o cenário é de risco generalizado: vazamentos, crateras, falta de manutenção e falhas operacionais se multiplicam.

A chamada “eficiência” prometida pela privatização se traduziu em menos trabalhadores, mais acidentes e tarifas abusivas para população.

E mais, os problemas só se acumulam. As Estações de Tratamento de Água (ETAs) e de Esgoto (ETEs) enfrentam falta de pessoal, insegurança e infraestrutura precária — cenário que vem sendo denunciado pelo o Sintaema fruto de sua operação pente-fino.

“A Sabesp de hoje não olha mais para o povo de São Paulo. Olha para a Faria Lima, para o lucro imediato, para o mercado. O Sintaema reafirma: a água é um direito, não um ativo financeiro. E é por isso que o sindicato segue e vigilante para exigir queno direito ao saneamento não seja violado”, defende a direção do Sindicato.