“Um evento representativo e com um raio x atual do setor de saneamento no Brasil e deixou claro nossos desafios para o setor”, afirmou o presidente do Sintaema, José Faggian, ao celebrar com entusiasmo a ampla participação da categoria e de entidades de 15 estados brasileiros no Seminário nacional realizado em São Paulo.
O evento, que foi organizado pela Fenatema, FNU, CTB, CNU, CNTI, Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental, Ondas, FESUL, FRUSE, FRUNE, FURCEN, SINTICOPMG, com o apoio do Sintaema, reuniu trabalhadoras e trabalhadores do setor de saneamento e meio ambiente em torno de uma pauta comum: barrar a onda de privatizações e defender o direito de todos os brasileiros à água e ao saneamento público e de qualidade.
O evento reafirmou a capacidade política do Sintaema em unificar a luta e construir convergência nacional em defesa dos direitos da categoria e da soberania sobre os bens públicos essenciais à vida.
“O Sintaema tem cumprido um papel central na articulação dessa luta em todo o país. Mostramos que a resistência à privatização da água e do saneamento é também a defesa da democracia, da vida e do Brasil soberano”, destacou o presidente do sindicato, José Faggian.
Na primeira parte da manhã, os representantes das entidades que compuseram a mesa de abertura ressaltaram os impactos do novo marco do saneamento (Lei 14.026/2020) e a importância de revogá-lo para garantir um modelo público, democrático e participativo.
Os dirigentes também lembraram a luta histórica das entidades urbanitárias contra a sanha privatista, destacaram o empenho coletivo em defesa dos serviços públicos e dos empregos, em um momento em que o país presencia os efeitos devastadores da entrega de empresas como Sabesp, Cedae e Corsan ao setor privado.
“O momento exige unidade e comunicação unificada da luta. Precisamos nos unir em uma forte jornada com dupla tarefa: intensificar o diálogo com o governo Lula e pressionar um Congresso que tem votado contra o povo e contra o Brasil. É por isso que 2026 ganha centralidade — nossa luta passa pela reeleição do governo Lula e pela retomada de um projeto de Estado forte, público e social”, defendem as entidades realizadoras do seminário.
As falas trouxeram denúncias contundentes sobre os resultados trágicos das privatizações pelo país: tarifas abusivas, torneiras vazias, água contaminada e demissões em massa, com destaque para os casos de São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas, símbolos do caos e da destruição que o modelo privatista impõe.
Papel do BNDES
Também foi tema de ampla discussão sobre o papel estratégico que o BNDES deve assumir, que — em vez de ser indutor da privatização — deve atuar como instrumento de fortalecimento do saneamento público e das empresas estatais, promovendo desenvolvimento e inclusão.
Ao comentar sobre a atuação do BNDES no setor de sanemaneto, o secretário-executivo do Ondas, Edson Aparecido da Silva, lamentou que o governo Lula tenha ouvido pouco a classe trabalhadora e reforçou a necessidade de rever o papel do BNDES no setor.
“O banco público precisa voltar a servir ao povo e não ao capital financeiro. E derrotar Tarcísio de Freitas é uma das tarefas centrais da nossa luta”, afirmou.
Movimento sindical em luta
Representando a CTB Nacional, o secretário-geral da entidade, Ronaldo Leite, parabenizou a realização do seminário e reafirmou o apoio da central à luta em defesa da água pública.
“Assim como a luta pela tarifa zero e contra a privatização dos transportes sobre trilhos, a defesa do saneamento público é uma bandeira essencial do povo brasileiro”, destacou.
Privatizou, e agora?
O presidente do Sindágua-RS, Ariolson Wünsch, apresentou o cenário dramático dos efeitos da privatização, tanto no campo quanto nas cidades, com aumento de tarifas, falta de investimentos e demissões.
Ele defendeu a fiscalização dos contratos privados e a pressão popular para romper concessões que não cumprem suas obrigações, inspirando-se em experiências europeias de reestatização.
Na mesma linha, o professor Luiz Roberto Santos Moraes, doutor e professor emérito da UFBA, apresentou dados alarmantes sobre a expansão da privatização — de 291 municípios em 2019 para 1.820 em 2025, com previsão de atingir 3.277 em 2027.
“A água é um bem comum, essencial à vida, não mercantil, e, portanto, fora da esfera de valorização do capital”, afirmou Moraes, defendendo a revogação da Lei 14.026/2020 e a implementação de um modelo público, participativo e transparente de saneamento.
A mesa da manhã foi encerrada em tom de mobilização, com o compromisso de intensificar a luta nacional pela reestatização, pela valorização dos serviços públicos e pela defesa da água como direito humano e bem coletivo.
“O futuro do saneamento é público, e a luta do Sintaema é o elo que une o Brasil nessa caminhada”, concluiu Faggian.-












