O Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento da capital paulista, está com apenas 25,2% de sua capacidade, muito próximo de níveis críticos que não eram vistos desde a grave crise hídrica de 2015. A escassez de água reflete não apenas a estiagem que assola o país — que coloca um em cada oito municípios em situação de emergência —, mas também a falta de planejamento e investimento de longo prazo na gestão dos recursos hídricos.
Enquanto o Cantareira se esvazia, outras fontes como o Alto Tietê também apresentam níveis preocupantes. Medidas emergenciais da Sabesp privada, como redução da captação e da pressão não dão conta de enfrentar a calamidade de mais uma crise hídrica. Especialistas alertam que estas ações apenas mascaram problemas estruturais, como vazamentos que ultrapassam 40% da água distribuída — muito acima de países que conseguem perdas de 10% a 15%, por exemplo.
Segundo relatório do Instituto Água e Saneamento (IAS), “o fato de precisarmos recorrer a recursos emergenciais já é um alerta de que deixamos de fazer o que era necessário para proteger nossos mananciais”. Falta investimento em manutenção de redes, reflorestamento das áreas de proteção e transparência na gestão.
Em entrevista ao jornal O Globo, o professor Antônio Zuffo, da Unicamp, lembra que políticas de outorga [privatização] de água operadas de forma política, e não técnica, contribuíram para a crise de 2015, e adverte que São Paulo corre o risco de repetir erros do passado.
A estiagem não é problema exclusivo do Sudeste. No Nordeste, oito de nove estados estão entre os mais afetados, e no Acre, todas as cidades decretaram emergência hídrica. O alerta é nacional: sem planejamento, transparência e investimento em infraestrutura, a água — recurso essencial para a vida — continuará em risco.
O Sintaema reforça a necessidade de políticas públicas eficientes de combate às perdas de água, de reforço do papel do Estado, e de uma gestão responsável dos mananciais para garantir segurança hídrica para toda a população.