“Não há um só caso de que privatização seja uma solução para melhoria de serviço e de acesso a direitos. Pelo mundo, as privatizações só pioraram a vida da população, sobretudo as mais vulneráveis. Não queremos essa receita para São Paulo”, defenderam os representantes da população que participaram de audiência pública, nesta terça (9), na Câmara Municipal de São Paulo.
A atividade, resultado da luta do Sintaema junto aos vereadores e vereadoras da Casa, contou com ampla participação de representantes de entidades sociais, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e parlamentares. Todos e todas concordaram que a privatização da Sabesp terá um forte impacto para São Paulo e isso precisa ser avaliado com cuidado.
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Ao abrir a audiência, o vereador Jair Tatto (PT) – autor do pedido de realização da audiência pública – lamentou a ausência dos representantes da Sabesp e do poder público na atividade.
“Parece que o tema não é visto como importante para esses dois setores. Ou seja, uma posição que desconsidera os números e estudos que mostram que a cidade de São Paulo e o estado serão penalizados com a privatização”, ressaltou Tatto, ao lembrar que a cidade de São Paulo é responsável por 46% da arrecadação da Sabesp e ela reinveste, anualmente, 13,5% em nossa cidade.
A vereadora Luana Alves (PSOL), autora da Frente Parlamentar em Defesa da Sabesp, reafirmou seu apoio à luta do Sintaema e destacou que seguirá lutando pela efetiva implementação da Frente na Casa. “Estamos em plena negociação e lembramos que essa Frente não é do PT e nem do PSOL. Todos os partidos são bem-vindos, pois se posicionar contra a privatização da Sabesp é lutar contra a penalização da população de São Paulo, em especial do povo pobre da nossa capital e do nosso estado”, afirmou ela.
Os parlamentares presentes concordaram que a Frente deve ser um espaço que se objetive revelar o que está em jogo com a privatização da Sabesp. “A Frente deve ser um lugar amplo que deixe claro como o tema atinge a todos e todas. Nao deve se finalizar como uma ação de oposição, mas sim uma ação em defesa do saneamento básico de São Paulo e que sirva de referência para o Brasil”, destacaram os parlamentares presentes.
E emendaram: “A Frente terá como foco revelar a irracionalidade que será a privatização da Sabesp para a cidade de São Paulo”.
De modo que o tom ao final da falas foi de que apoiar a venda da Sabesp, significa abrir mão de erário público para nossa cidade e isso pode ser lido como improbidade administrativa.
Um espaço de luta!
Para a direção do Sintaema, presente na audiência, a realização da atividade é o resultado de uma jornada de luta que vem sendo realizada pelo Sintaema e que já conta com um amplo apoio de entidades sociais, movimento sindical e diferentes partidos políticos.
“Foi um espaço importante de debate, no qual tivemos a oportunidade de expor números, cenários e experiências que mostram como a privatização do saneamento foi ruim em diferentes regiões do Brasil e do mundo”, resumiu o presidente do Sintaema, José Faggian, sobre a realização da atividade.
Durante sua fala, Faggian listou diversos dados que comprovam a nocividade do projeto de privatização da Sabesp proposto por Tarcísio de Freitas. “O governador de São Paulo, que chegou aqui em nosso estado ontem, quer acabar com uma empresa de quase cinco décadas, a terceira maior do mundo, e que é responsável por cerca de R$ 40 bilhões em investimentos no setor de saneamento somente em nosso estado – um terço do que é investido em todo Brasil – e pelo atendimento de 70% da população do estado de São paulo (mais de 30 milhões de habitantes”, frisou.
Ao destacar o impacto da privatização para a cidade de São Paulo, o Sintaema ainda lembrou que 11% da população do município (mais de 1,3 milhão de pessoas) é atendida por uma tarifa diferenciada (a chamada tarifa social). Dado que fica abaixo apenas de Itaquaquecetuba (que alacança 14% de sua população). Quando ampliamos para o estado, esse dado passa dos 20%, ou seja, cerca de 9 milhões de paulistas fazem uso dessa modalidade de tarifa.
“Com a privatização, esse atendimento está em perigo, visto que será muito difícil que uma empresa privada atue para praticar tarifas sociais nas bases da Sabesp. Isso porque uma empresa privada foca suas energias nas oscilações da Bolsa de Valores, na garantia dos ganhos de seus acionaistas e não repousa sua atenção para a população mais vulnerável e nem vai assumir – com a qualidade que a Sabesp oferta – um papel social tão importante e que serve de exemplo para mundo. É disso que se trata”, externou Faggian.
O dirigente ainda indicou que o Sindicato seguirá acompanhando a pauta da Câmara Municipal de São Paulo e discutirá em sua direção a construção de uma agenda de ação para atuar junto aos vereadores e vereadoras e reforçar a luta na Casa.
Assista a audiência aqui:
Defenda a Sabesp!
Água é vida, não é mercadoria!