Por Beth Tortolano*
Minha experiência no Sintaema foi, sem dúvida, um divisor de águas na minha vida. Entrei para o sindicato em 1984, em um momento em que a classe trabalhadora travava batalhas importantes por reconhecimento e valorização. Foram anos de muito aprendizado, convivência com lutadoras e lutadores incríveis e conquistas que marcaram profundamente a história da nossa categoria. A cada assembleia, cada paralisação, cada negociação, crescia também o meu compromisso com a luta coletiva.
Vivemos momentos de grande euforia ao conquistar direitos históricos, como o reconhecimento das atividades insalubres e periculosas, a implementação do auxílio-creche, a equiparação salarial entre os cargos da capital e do interior, e a consolidação da figura dos delegados sindicais nos locais de trabalho. Esses avanços não vieram de graça — foram fruto de mobilização, unidade e resistência. Também garantimos o direito à realização de reuniões sindicais dentro do expediente – nossas setoriais -, fortalecendo a organização da categoria na base.
No caso da Sabesp, uma das maiores vitórias foi a criação da Sabesprev, tanto o plano previdenciário quanto o plano de saúde. Essas conquistas foram arrancadas com forte resistência e luta, e por isso têm um valor inestimável. Infelizmente, nos dias de hoje, enfrentamos ameaças constantes de desmonte desses direitos, o que exige de nós vigilância e mobilização permanentes para impedir retrocessos. O que foi conquistado com luta, só pode ser defendido com mais luta!
O Sintaema sempre teve um olhar amplo, que ultrapassa as fronteiras corporativas. Nos engajamos na campanha pelas Diretas Já, na construção da Constituição de 1988 e em pautas fundamentais para o povo brasileiro: redução da jornada de trabalho, direito ao emprego, moradia digna, igualdade de direitos entre homens e mulheres, combate ao racismo e respeito às crianças, adolescentes e idosos. Fomos e seguimos sendo parte ativa da luta por um país mais justo e soberano.
Nossa atuação também se destacou na defesa do meio ambiente e na luta pela universalização do saneamento com gestão pública. Sempre dissemos com todas as letras: água é direito, não mercadoria! A resistência contra a privatização da Sabesp foi um marco de união entre trabalhadores e população, mostrando que o Sintaema está onde deve estar: ao lado do povo e da soberania nacional.
Hoje, quando revisito o passado, vejo com brilho nos olhos a importância que o Sintaema teve — e continua tendo — na construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária. É um orgulho fazer parte dessa história de 50 anos de lutas, conquistas e esperança. Que venham muitos outros aniversários, com a mesma garra, compromisso e espírito coletivo que sempre nos guiou.
Parabéns, Sintaema! Viva o sindicato que luta com e pelo povo!
*Beth Tortolano é trabalhadora da Sabesp aposentada e foi presidente do Sintaema de 1994-2003.
**Texto originalmente publicado na Revista Especial 50 anos do Sintaema.
