O mês de setembro Amarelo é marcado por uma campanha mundial de conscientização sobre a prevenção do suicídio, um questão de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os anos, o suicídio mata mais do que o HIV, a malária e câncer de mama. A OMS indica que são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. Mas também informa que existem episódios subnotificados, o que pode chegar a mais de 1 milhão de casos.
No Brasil, a estimativa é de 14 mil casos por ano, o que leva em média trinta e oito pessoas cometem suicídio por dia. Entre 2010 e 2019, o país registrou em torno de 112.230 mil mortes por suicídio.
Suicídio entre os jovens
A OMS ainda destaca dados assustadores quando se aplica o recorte etário. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades.
Segundo dados do Ministério da Saúde, publicados em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.
Avanço das doenças mentais
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2019, 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberam o diagnóstico de depressão. Estados do sul e sudeste têm 15,2% e 11,5%, respectivamente, de adultos com diagnóstico confirmado de depressão. Em seguida, o centro-oeste (10,4%), nordeste (6,9%) e norte (5%).
Segundo dados do INSS em conjunto com o Ministério da Saúde, a terceira maior causa de afastamentos por auxílio-doença acidentário é de transtornos mentais, como a depressão, que pode ser um dos motivos, entre outras associações da ideação suicida. Além disso, os órgãos indicam que o assédio moral como uma forte causa de transtornos mentais.
Recorte de gênero
De acordo com a OMS, com o recorte de gênero, as taxas de suicídio variam entre países e regiões. No Brasil, 12,6% por cada 100 mil homens em comparação com 5,4% por cada 100 mil mulheres, morrem devido ao suicídio. As taxas entre os homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,6% por 100 mil).
Para as mulheres, as taxas de suicídio mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1% por 100 mil).
Suicídio de trabalhadores
Segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada em 2019, foram notificados 13 mil suicídios no país, sendo que destes 10 mil casos correspondem as pessoas em atividade de trabalho. Além disso, 77% destes suicídios ocorreram entre homens.
A taxa alarmante provocou mudanças nas legislações trabalhistas — como a atualização de doenças laborais promovida pelo Ministério da Saúde em novembro de 2023. Na ocasião, foram incluídas 165 novas patologias, entre elas o Burnout, ou síndrome de esgotamento profissional. Alcoolismo, abuso de substâncias ilícitas, ansiedade e depressão também entraram na nova relação, aumentando a quantidade de códigos de diagnósticos de 182 para 347.
Políticas de prevenção
Dos 183 países integrantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 38 pesquisados pelo organismo, entre eles o Brasil, contam com uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio.
Embora represente um aumento de quase 35% em comparação aos 28 países que, já em 2014, tinham estabelecido políticas públicas para lidar com o tema, o resultado ainda é considerado insuficiente pela OMS.
Não esqueça! Se precisar, peça ajuda!
Para as pessoas que querem e precisam conversar, o Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, por meio do telefone: Disque 188, chat ou e-mail.