O ano de 2020, além de ano de pandemia, é também ano de eleições municipais. Assim como vem acontecendo em todo o restante, as eleições, por conta da pandemia do coronavírus, neste ano também serão realizadas de forma diferente, com uma série de cuidados que a situação exige, inclusive em período posterior às eleições anteriores.
O processo eleitoral, seja ele local, como agora nas eleições municipais, ou nacional, como nas eleições estaduais/federal, coloca em debate diferentes projetos que representam diferentes interesses de diferentes grupos sociais, e, dependendo de qual projeto saia vitorioso, sua implantação trará consequências para toda a sociedade. Obviamente que serão beneficiados aqueles do grupo cujo projeto foi vitorioso em detrimento dos demais, que podem inclusive ser a maioria do povo.
Vejamos, em 2002 com a eleição de Lula, por exemplo, foi eleito um projeto que pretendia mais justiça social com desenvolvimento e distribuição de renda, ou seja, com um olhar voltado para o grupo mais vulnerável da população e para a classe trabalhadora. Aquela eleição inaugurou um ciclo virtuoso que possibilitou crescimento econômico, quase o pleno emprego e melhoria das condições de vida para o povo em geral, e assim beneficiou a maioria.
Em 2014, mesmo com dificuldades e toda uma campanha virulenta por partes das elites, da grande mídia e da classe média, o projeto eleito em 2002 foi novamente chancelado pelo povo que havia sentido suas condições de vida melhorar. Infelizmente, forças “ocultas” entraram em ação, não permitiram que a presidenta Dilma governasse e promoveram o golpe que a derrubou. As elites, pela força, impuseram a implementação de um projeto diferente do escolhido pelo povo.
Temer, que assumiu após o golpe, imediatamente iniciou a implementação do projeto das elites e do capital financeiro. A emenda constitucional 95 criou o teto dos gastos e congelou os investimentos nas áreas sociais, porém não impôs nenhum limite aos gastos financeiros significando menos saúde e educação para o povo, por exemplo, e garantindo o pagamento de juros aos bancos e rentistas. A reforma trabalhista, que prometia gerar empregos formais, retirou direitos dos trabalhadores, aumentou o lucro dos patrões e aumentou a informalidade.
Todo o processo de 2016 criou uma cortina de fumaça, tirou de foco o debate sobre o projeto de país e de governo e criou as condições para a eleição de Bolsonaro. Embora ele não fosse o representante legítimo da elite, teve que servir, e apesar de toda sua falta de “tato” vem implantando como poucos o seu projeto.
Bolsonaro executou a reforma da previdência, aprofundou as privatizações, manteve a Emenda Constitucional 95 (teto de gastos), e mesmo na pandemia propôs que o auxílio emergencial fosse de apenas R$ 200,00. O auxílio somente chegou a R$ 600,00 graças à atuação da bancada de oposição que representa um projeto diferente do apresentado pelo governo.
Na outra ponta, o governo alimentou os bancos com vultosos repasses de recursos públicos e aprimorou, quase que diariamente, a reforma trabalhista com a retirada de diretos dos trabalhadores por meio de medidas provisórias e modificações nas Normas Regulamentadoras favorecendo assim os patrões e os rentistas.
Portanto, em 15 de novembro os trabalhadores devem analisar qual projeto lhes interessa e quem o levará à implantação. A classe trabalhadora deve procurar identificar quem de fato a representa. Alguns indícios são importantes, por exemplo, candidatos que não tenham nenhuma ligação com esse governo que sacrifica o povo e potencializa o lucro dos bancos, e que trouxe ao país a um dos maiores níveis de desemprego da história, candidatos que não negam a ciência e candidatos comprometidos com as lutas sociais.
Outro ponto de suma importância é o de eleger candidatos comprometidos com a defesa do saneamento público. Nesse sentido o sindicato tem visitado prefeitos, vereadores e candidatos em vários municípios para que eles assinem a carta-compromisso para manter a Sabesp como a concessionária dos serviços básicos.
Eleger candidatos que tenham uma plataforma de governo que priorize os serviços públicos de qualidade, com acesso à água e ao saneamento para o povo fará toda a diferença.
Por tudo isso, caros companheiros e companheiras, dia 15 de novembro pode ser o dia em que a classe trabalhadora reencontre o caminho até um projeto que mude sua vida para melhor.
Não deixe de participar desse grande dia!
Um forte abraço a todos!
José Faggian – Presidente do Sintaema