A Prefeitura de Porto Alegre acelera, a toque de caixa, o projeto que autoriza a concessão parcial dos serviços do Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos). O governo tenta aprovar o texto na Câmara ainda em outubro, antes do debate eleitoral, aplicando manobras regimentais para evitar o aprofundamento da discussão com a sociedade.
O projeto prevê a entrega da distribuição de água e do tratamento de esgoto à iniciativa privada, com fiscalização pela Agergs, contratada por cinco anos para garantir o cumprimento do contrato entre a prefeitura e a concessionária.
Na prática, trata-se de mais um passo na velha cartilha do desmonte do setor público: o Estado assume os riscos e os custos, enquanto o setor privado fica com o lucro.
Mas o que o governo municipal chama de “modernização” é, na verdade, um retrocesso histórico.
Enquanto Porto Alegre corre para privatizar, cidades do mundo todo estão fazendo o caminho inverso. Paris, Berlim, Buenos Aires, Budapeste, La Paz, Nápoles e dezenas de outras cidades reestatizaram seus sistemas de água após décadas de tarifas abusivas, precarização e lucros bilionários para empresas privadas.
Essas experiências mostram que a água não é negócio, é direito humano. Quando privatizada, o que aumenta não é a eficiência — é a conta do povo.
Basta olhar o que está acontecendo em São Paulo, onde, após a privatização da Sabesp, as tarifas subiram, a qualidade caiu e o atendimento piorou. O lucro da Faria Lima cresce, mas as torneiras do povo seguem secas.
Em Porto Alegre, o Dmae é símbolo de um serviço público com história, conhecimento técnico e compromisso social.
Privatizar o Dmae é entregar um patrimônio construído por gerações de trabalhadores e trabalhadoras. É negar o acesso universal à água em nome da sede de lucro de poucos.
O Sintaema se soma à luta do povo gaúcho em defesa da água pública, do Dmae e do direito humano ao saneamento.
O caminho do futuro não é a privatização — é o fortalecimento dos serviços públicos, com gestão democrática, transparência e participação popular.
Água é vida, não é mercadoria. Porto Alegre merece respeito, não retrocesso.