Bastou mais uma chuva para São Paulo sofrer com mais uma apagão. Após temporal no fim da tarde desta quarta (23), 35.485 imóveis continuam sem energia na Grande São Paulo. A capital é a mais atingida, com 26.855 mil residências sem luz, seguida por Itapevi, com 3.033 mil e Cotia, com 1.799 mil, conforme o boletim da Enel publicado às 7h05.
Leia também – Por que EUA, França, Reino Unido e Alemanha reestatizaram os serviços essenciais?
Segundo comunicado do Corpo de Bombeiros, foram registradas 51 ocorrências por queda de árvores, uma das principais causas diretas da falta de luz, e 13 alagamentos. Dois voos que desceriam no Aeroporto de Congonhas também precisaram ser encaminhados para outros aeroportos devido à falta de visibilidade.
No bairro da Barra Funda, na Zona Oeste paulistana, parte do teto da Unidade Básica de Saúde (UBS) Boracea chegou a despencar durante o temporal. Os serviços do local foram retomados normalmente na manhã de hoje.
“É uma vergonha que a capital com o maior orçamento do país sofra com as chuvas e a população fique apavorada e sem energia por horas. Isso se chama privatização com uma dose de desgoverno. As chuvas são anuais, todos nós sabemos, e uma boa gestão se prepara para isso”, afirma a direção do Sintaema ao refirmar que não há histórico de privatização da energia no mundo que deu certo.
Vale lembrar que, pelo mundo, as reestatizações de serviços públicos, incluindo os de distribuição de energia, somam 1.609 desde o ano 2000 até 2023, de acordo com levantamento do banco de dados Public Futures (futuros públicos; publicfutures.org), coordenado pelo Instituto Transnacional (TNI), na Holanda, e pela Universidade de Glasgow.
De acordo com o relatório da TNI, essas reversões têm sido motivadas por problemas reincidentes em experiências de privatização e parcerias público-privadas (PPPs), como serviços inflacionados (tarifas abusivas), falta de transparência, investimentos insuficientes e serviços de baixa qualidade.
Leia também – Após falência com privatização, parlamento Inglês debate reestatizar saneamento
“Esse cenário é mais um motivo para reafirmamos que tanto a privatização da Eletropaulo como da Sabesp foram erros terríveis e quem pagará por isso será sempre a população. Privatizar é ir na contramão do mundo. É ruim para a população, para os trabalhadores, para a economia e para o meio ambiente”, defende a direção do Sintaema.
Leia também – Experiências de privatização no Brasil comprovam falência do modelo privado de saneamento
Meses de caos
Desde o início do mês de outubro, a falta de energia é tema constante no cotidiano paulistano. No dia 11 deste mês, também após uma tempestade, um apagão atingiu mais de dois milhões de clientes da distribuidora Enel. Em algumas localidades, a crise chegou a durar sete dias.
Para os próximos dias, a previsão é de pancadas de chuva, ventos de até 70 quilômetros por hora e potencial para queda de árvores, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE).
A Defesa Civil do estado de São Paulo publicou algumas orientações de segurança para este fim de semana:
- Evite lugares abertos, como praias, campos de futebol e estacionamentos
- Evite ficar perto de objetos altos e isolados, como árvores, postes, caixas d’água e quiosques
- No momento da chuva mantenha distância de aparelhos e objetos ligados à rede elétrica, como geladeiras, fogões e TVs
- Evite tomar banho durante a tempestade
- Em caso de ventos fortes, tenha cuidado com a queda de árvores, postes, fios e semáforos
- Não desafie a força das águas, não tente transpor uma enxurrada ou andar em áreas alagadas
- Se estiver em uma área de encosta, observe sinais de movimentação do solo, como rachaduras nas paredes, árvores e postes inclinados, e água lamacenta
- Se um fio energizado cair sobre o veículo, permaneça dentro do carro e ligue para o serviço de emergência
Com informações da Agência Brasil e do Brasil de Fato