O podcast Ambiente é o Meio conversou com o engenheiro florestal Cássio Bernardini, coordenador de projetos do World Wide Fund for Nature (WWF) no Brasil, uma organização não-governamental que busca reverter o aquecimento global e a perda de biodiversidade. Bernardini fala sobre o projeto MapBiomas Águas, uma iniciativa de mapeamento da água superficial e de corpos hídricos em todo o território nacional.
Os estudos desse mapeamento mostram que “o Brasil está secando, e está secando muito rápido”, alerta o engenheiro florestal, com base em dados dos últimos 30 anos do projeto. As perdas de superfícies de água foram de aproximadamente 15%, num processo que acelerou a partir do final dos anos 1980.
Água superficial, explica, “é toda água que a gente consegue ver por uma imagem de satélite”, imagens estas processadas por inteligência artificial que vem mapeando o comportamento dessa superfície de água no País nos últimos 30 anos. E os dados coletados indicam que o Pantanal perdeu 74% de sua superfície de água de 1990 até 2020, o que é classificado como “assustador” por Bernardini, pois “está deixando de ser uma área alagada e está cada vez mais seco”.
As superfícies de água da Amazônia também sofreram redução significativa. Pelos estudos, o bioma perdeu aproximadamente 14% da sua superfície de água. E esses dados, segundo o engenheiro, foram confirmados pelos moradores da região em relatos sobre o problema afetando suas vidas.
No nordeste, as obras de construção de infraestruturas para armazenar água, do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PAC), causaram outro fenômeno, o aumento das superfícies de água. Contudo, “em seguida, volta a cair bastante”. E essa queda está “associada a um quadro de diminuição de precipitação, mas também de aceleração de desmatamento no Cerrado para a expansão da agricultura”, garante o especialista.
Fonte: Jornal da USP