A crise climática é o tema das duas primeiras décadas do século XXI. De modo que os desafios para equilibrar um projeto de desenvolvimento, com sustentabilidade, movimenta o debate e cria diversas agendas de ação que pouco avançam frente a governos e modelos de gestão liberais.
Mas, como em tudo que o sistema capitalista toca, o meio ambiente também virou ativo e tem gerado bilhões para os países que assumiram o discurso da preservação e da sustentabilidade. Segundo informações publicadas pela agência de notícias Reuters, nos últimos anos aumentou a participação de países ricos no bolo do financiamento dos fundos de preservação do meio ambiente para o mundo em desenvolvimento.
Só que essa solidariedade tem um preço e segue as taxas de juros do mercado ou condições que beneficiaram os portadores do dinheiro que chegam aos fundos do clima. Para se ter uma ideia, nações como Japão, França, Alemanha e EUA estão lucrando bilhões de dólares através de programas destinados a ajudar os países mais pobres a lidar com as mudanças climáticas.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicadas pela Reuters, as nações ricas emprestaram pelo menos US$ 18 bilhões a taxas de mercado e exigiram que os países beneficiados contratassem empresas de seus próprios países para lidar com as mudanças climáticas. Além disso, foram identificados US$ 10,6 bilhões em doações que também impunham condições semelhantes.
“Na última semana ocorreu o Dia Mundial do Meio Ambiente, que foi marcado mais uma vez pelo debate do fortalecimentos de políticas que enfrentem a crise climática, garantam o desenvolvimento sustentável e, o principal, contribua para a redução da pobreza e das desigualdades. É escandaloso ver que os fundos de financiamento criados para garantir um planeta saldável para a humanidade estejam sendo tratados como uma carteira de negócios. Não podemos aceitar que a natureza e os bens comuns sejam tratados como mercadoria”, frisou a direção do Sintaema.
O cenário, destaca a direção do Sindicato, escancara que o real objetivo dos países ricos, ao doar para os fundos de preservação do meio ambiente, não é compensar os países mais pobres pelo seu desenvolvimento predatório, mas lucrar ainda mais com essa exploração.
“Não é de hoje que alertamos para a mercantilização do mundo da vida e como os tentáculos desse sistema tentam abocanhar o meio ambiente, com o destaque para a Amazônia e a nossa água. Mais do que comemorar com essas ‘doações’, precisamos com urgência alavancar políticas nacionais robustas, que atuem para preservar o patrimônio nacional. Políticas que ponham fim ao padrão de produção e consumo vigente”, referendou a direção do Sintaema.
Com informações das agências