Encerra nesta sexta (4), em Genebra, o Fórum Social 2022 da ONU (United Nations). De acordo com a organização, o evento tem como foco as “boas práticas, lições e desafios na implementação da década internacional para a ação: Água para o desenvolvimento sustentável 2018-2028”.
Ao avaliar a realização da atividade, Edson Aparecido da Silva, secretário-executivo do ONDAS, destaca a centralidade do tema e afirma que “é urgente e necessário manter, aprofundar e repercutir o diálogo entre os movimentos sociais que lutam pela água como direito e comum”.
Ele ainda indicou que “é também urgente criar uma frente comum e democrática para evitar que esta atividade acabe se tornando outro fórum cooptado pelos interesses privados dos depredadores do meio ambiente”.
Na mesma linha, durante seu pronunciamento na abertura, Pedro Arrojo-Agudo, Relator Especial das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos em relação à água potável segura e ao saneamento, destacou que “o Fórum em Genebra deve expressar e promover a necessidade desse diálogo e colaboração. Criando não só uma aliança entre as Nações Unidas e aqueles que precisam ter garantidos seus direitos, mas sobretudo acelerar o compromisso internacional de garantir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU com os defensores da água”.
Ele ainda destacou que “os olhos de todos devem focar nas bilhões de pessoas pobres que veem, diariamente, seus direitos serem violados. Tais como, seu direito à água e ao saneamento. Um desafio democrático que deve presidir as políticas públicas em todos os níveis.
Acompanhe mais sobre a atividade no site da United Nations Human Rights.
Chile debaterá mudanças climáticas
Seguindo com os debates, no final de novembro, em Santiago do Chile, diversas entidades se reunirão para discutir a tese “nosso futuro é público”, que dá nome à Conferência. O evento visa “desenvolver estratégias e narrativas para fortalecer os serviços públicos para a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais e confrontar os efeitos das mudanças climática”.
Os dias 29 e 30 de novembro serão dedicados a temas setoriais e os dias 01 e 02 de dezembro a uma discussão geral sobre temas transversais, incluindo a emergência climática, igualdade de gênero, justiça econômica e fiscal e propriedade democrática. Estão sendo organizadas sessões específicas sobre água e saneamento nos dois primeiros dias e que terão como pauta, certamente, os movimentos antiprivatização e a análise das reestatizações que vêm ocorrendo ao redor do mundo. O evento será híbrido, o que pode facilitar a participação dos interessados. Mais detalhes em: Our Future is Public – Home (eventdrive.com).
O que esperar de 2023?
No primeiro trimestre de 2023 ocorrerá um evento com grande potencial de influenciar a política global das águas nos próximos anos, talvez décadas. Trata-se da Conferência da Água das Nações Unidas, a se realizar de 22 a 24 de março em Nova York.
A realização dessa conferência foi determinada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, como parte da revisão de meio período de implementação da Década Internacional de Ação “Água para o Desenvolvimento Sustentável” 2018-2028 (A/RES/73/226).
A conferência tem caráter oficial e dela participarão representantes dos países membros da ONU, com direito a voto nas decisões. Outros atores, como agências das Nações Unidas, organizações intergovernamentais, instituições financeiras internacionais, organizações não-governamentais, instituições acadêmicas e a comunidade científica, o setor privado e organizações filantrópicas, desde que relacionados ao tema, poderão ser acreditados como participantes observadores. Estes terão direito a voz, mas não a voto.
A comunidade internacional, inclusive os movimentos sociais, vem colocando muita expectativa na Conferência, em vista de sua capacidade de pautar orientações futuras no plano global. De certa forma, a Conferência atende a apelos dos Fóruns Alternativos Mundiais da Água (FAMA), que vêm reivindicando que os encontros globais do setor sejam convocados pelas Nações Unidas e não pelo Conselho Mundial da Água, que organiza periodicamente os Fóruns Mundiais, em vista do controle do Conselho pelas grandes corporações privadas mundiais.