
Trinta e seis anos depois da privatização dos serviços de água e esgoto na Inglaterra, o discurso da “eficiência privada” ruiu de vez.
O relatório mais recente da Agência Ambiental britânica mostrou que o desempenho das empresas privadas atingiu o pior nível da história, com oito das nove companhias avaliadas classificadas como ruins e necessitando de melhorias urgentes.
A situação mais grave é da Thames Water, maior fornecedora do país, que recebeu apenas uma estrela (de 36 possíveis) e enfrenta colapso financeiro. A empresa acumula dívidas bilionárias, resultado de décadas de distribuição de lucros a acionistas, sem investimento suficiente na manutenção de redes, controle de perdas ou modernização das estações de tratamento — que hoje despejam toneladas de esgoto nos rios ingleses.
“As empresas privadas prometeram eficiência e entregaram poluição, dívidas e descaso”, resume o balanço da Agência Ambiental.
Quando o lucro fala mais alto que a água
Desde a privatização, as empresas inglesas aumentaram tarifas, cortaram investimentos, demitiram funcionários e multiplicaram os escândalos de poluição. Só em 2024, o país registrou mais de 60 mil despejos de esgoto em rios e mares, uma média de sete horas de contaminação por ocorrência.
O resultado é um sistema insustentável, ineficiente e ambientalmente criminoso, que compromete a saúde pública e escancara o fracasso do modelo privatista.
O movimento global de reestatização
A crise britânica não é exceção: ela é parte de um movimento global que comprova o fracasso das privatizações da água.
Segundo levantamento do Transnational Institute (TNI), mais de 300 cidades no mundo já reestatizaram seus serviços de água e esgoto nas últimas duas décadas — incluindo Paris, Berlim, Buenos Aires, La Paz e Jakarta.
Essas experiências mostram que a gestão pública, democrática e transparente é a única capaz de garantir acesso universal, investimento sustentável e controle social.
Privatização da Sabesp: o mesmo roteiro de desastre
Enquanto o mundo abandona o modelo privatista, São Paulo vive sua aplicação. O estado hoje sente o que os ingleses já vem passando há anos:
- Tarifas mais caras,
- Precarização do serviços
- Falta de transparência,
- Aumento da rotatividade de trabalhadores
- E, no fim, o colapso de um bem essencial.
O Sintaema reafirma que água e saneamento são direitos, não mercadorias. A luta é para garantri que esses direitos não sejam violados e reafirmar que sanemaneto deve ser gestado pelo Estado e não pela Faria Lima.
“Somente sob controle da população, teremos acesso universal, qualidade e compromisso com a vida”, defende o Sintaema.
Privatizar é poluir o futuro. Reestatizar é devolver dignidade e soberania ao povo.
Com informações do The Guardian.







