Enquanto mais de 700 apartamentos em Santo Amaro, zona sul da capital paulista, sofrem há quase um mês com a falta d’água, a Sabesp privatizada comemora um feito: lucro líquido de R$ 9,5 bilhões em 2024, um salto de 171,9% em relação ao ano anterior.
O contraste é gritante. Moradores sem água precisam recorrer a caminhões-pipa, pagando caro para ter acesso ao que deveria ser um direito básico. Famílias compram galões de água mineral até para tomar banho. Quem depende de higiene especial, como um morador recém-operado, enfrenta ainda mais riscos.
E por que isso acontece? Porque para garantir lucros bilionários, a Sabesp foca na arrecadação, corta pessoal e rebaixa salários. Mais de 4 mil trabalhadores já foram desligados, sendo 1,35 mil da Operação — justamente a área responsável por fazer a água chegar às torneiras da população.
O resultado é visível: torneiras vazias, água suja, precarização dos serviços. A empresa que antes tinha compromisso com o saneamento público hoje prioriza o “ajuste fino” da pressão da água — não para garantir abastecimento, mas para reduzir custos e engordar dividendos.
“É a lógica cruel da privatização: enquanto o povo fica sem água e paga cada vez mais caro, os acionistas nadam em lucros. Água que deveria matar a sede da população virou fonte inesgotável de ganhos para o mercado financeiro”, denuncia a direção do Sintaema.
A experiência mostra que o modelo privatista não entrega qualidade, não garante universalização e ainda ataca os direitos dos trabalhadores.
O Sintaema reafirma que está em estado de greve contra essa realidade e denuncia que o caso de Santo Amaro é apenas mais um retrato de um projeto que transforma o que é público em negócio, deixando o povo à própria sorte. “É preciso resgatar o caráter público e social do saneamento e da Sabesp, garantindo acesso à água de qualidade para toda a população de São Paulo”, defende a direção do Sindicato.
Sintaema: em defesa da água pública, do saneamento universal e dos trabalhadores.