Para falar das medidas que estão sendo anunciadas pelo desastroso e ilegítimo governo Temer o Jornal do Sintaema (JS) entrevistou o companheiro Helifax Pinto de Souza, trabalhador da Sabesp e que já foi presidente do Sintaema. Helifax sempre teve forte envolvimento no movimento sindical, acumulando uma larga experiência nas questões as questões trabalhistas, e colocará nesse espaço sua visão e mensagem sobre as atuais questões políticas à categoria.
Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista, Terceirizações e privatização dos serviços públicos serão os temas abordados e divididos nas edições do Jornal do Sintaema.
Para dar início às reflexões, Helifax fala sobre a Reforma da Previdência.
JS: Depois de atacar a democracia em um golpe que levou ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, eleita diretamente por 54 milhões de cidadãos brasileiros, Temer vem anunciando propostas que afetam diretamente a vida dos trabalhadores, como a reforma da Previdência, na qual há a ameaça de aumentar a idade mínima para aposentadoria, igualar a idade para as mulheres e ainda criar um gatilho que aumentará progressivamente de forma automática o tempo para a aposentadoria integral. Qual sua avaliação sobre isso?
Helifax: Bem, as reformas preconizadas são de autoria do principal arquiteto do golpe de Estado, via parlamento, que se deu aqui dias/meses atrás: Temer. Em seu projeto “Ponte Para o Futuro”, formatado quando ainda era vice, expõe o rumo que pretende para o Brasil. Dentre outras coisas, põe no radar a retirada de conquistas consagradas na: CLT, na Constituição/88 e nas políticas sociais de Estado instituídas pós 2002. Ou seja, o projeto visa eliminar todas as garantias protegidas por lei, por isso mesmo o considero desastroso para os trabalhadores.
É precisamos entender que de novo não se vê nada. Pelo contrário, objetiva levar a cabo o modelo neoliberal iniciado e desenvolvido na década de noventa e derrotado em 2002. Projeto semelhante foi aplicado na Europa e nos EUA, levando milhares ao desemprego e sem proteção alguma do Estado. É isso que essa gente quer aplicar aqui. O “deus mercado” regulando tudo, inclusive a relação Capital/Trabalho. A reforma da previdência está inserida nesse contexto. Considero-a arbitrária, perversa e desconexa em relação a nossa realidade.
Por exemplo, no caso das mulheres, ao estabelecer igualdade de idade para adquirir o direito de se aposentar acaba gerando uma enorme desigualdade, pois sabe – se que a imensa maioria delas cumpre duas/ três jornadas diárias fora e dentro de casa gerando enorme desgaste físico e mental.
Outro ponto ignorado é o trabalho a que muitos são submetidos na tenra idade pela necessidade de melhoria do orçamento doméstico, isso não entra no cálculo. Outra questão que ilustra claramente a perversidade é desconsiderar a quantidade de trabalho informal existente, que nada recolhe em favor da previdência e que, portanto, não conta para efeito de aposentadoria.
E mais, vamos ver pessoas na casa de seus quarenta, cinquenta e sessenta anos penando, uma vez que para o mercado de trabalho já são considerados velhos. Por outro lado, esses mesmos “velhos” ainda não reúnem as condições exigidas para requerer a aposentadoria, culminando em desespero para milhões.
Por fim, creio no seguinte: para derrotar esse modelo é necessário unir forças. Neste sentido considero determinante a iniciativa do movimento sindical em articular com os demais setores do movimento social sólida unidade de ação e muita mobilização para melhor enfrentar e derrotar não somente essa reforma, mas o projeto como um todo.