O segundo dia do 11º Congresso do Sintaema foi encerrado com ampla marcado por intensos debates sobre o tema “Mundo do Trabalho”, reunindo pesquisadores, sindicalistas e lideranças de diversas áreas para refletir sobre as transformações em curso nas relações trabalhistas e o papel dos trabalhadores na construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento.
A mesa destacou que o cenário atual, embora ainda marcado por desigualdades e precarização, apresenta condições mais favoráveis à classe trabalhadora do que nos anos anteriores. O economista Vitor Filgueiras, do DIEESE, ressaltou que há uma melhora no poder de negociação e nos resultados das campanhas salariais.
“O cenário atual é favorável aos trabalhadores. E isso tem se refletido nas negociações coletivas: mais de 80% conseguiu ganho real”, frisou Filgueiras, enfatizando o papel das políticas públicas, da valorização do salário mínimo e da retomada do diálogo social com o governo federal como fatores que fortalecem o sindicalismo e as conquistas da classe trabalhadora.
Plataformização x Trabalho
O debate também abordou as novas formas de exploração e controle do trabalho, em especial o avanço da plataformização, que tem transformado profundamente as relações de emprego.
A lógica imposta por aplicativos e plataformas digitais vem precarizando direitos, intensificando jornadas, enfraquecendo a organização coletiva e aprofundando a desigualdade entre trabalhadores formais e informais. Os debatedores alertaram que esse processo, se não for regulado, representa uma nova etapa da precarização estrutural no capitalismo contemporâneo — um desafio urgente para o movimento sindical e para a formulação de políticas públicas.
Nesse contexto, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e assessor especial do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Euzebio Jorge, destacou que a luta da classe trabalhadora precisa ir além das pautas econômicas imediatas, articulando-se a um projeto nacional de desenvolvimento soberano.
“O nosso desafio, que está colocado hoje, é o de como os trabalhadores vão participar de um debate de projeto nacional. Não apenas de suas categorias. Os trabalhadores estão convocados para pensar que tipo de país a gente vai construir”, afirmou, defendendo que o trabalho deve ser o centro de uma estratégia de desenvolvimento sustentável, inclusiva e tecnológica, mas sem abrir mão de direitos.
Ao final, a mesa reafirmou a importância de sindicatos fortes, combativos e enraizados nas bases para enfrentar os desafios impostos pela nova era do trabalho — marcada por automação, inteligência artificial, informalidade e plataformas digitais.
O Sintaema, ao promover esse debate em seu 11º Congresso e em seus 50 anos de história, reafirma seu papel histórico de ir além das pautas corporativas e de se posicionar como uma força consequente na defesa dos direitos, da soberania nacional e de um futuro em que o trabalho humano seja valorizado e colocado no centro do desenvolvimento econômico e social do país.


























