Criada em 2006 durante o governo de Néstor Kirchner, a AySA (Água e Saneamento Argentinos) entrou na lista de estatais a serem privatizadas pelo presidente argentino Javier Milei.
De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, a estatal é responsável pelo tratamento de água e pela rede de esgoto de Buenos Aires e de mais 26 cidades dos arredores. Para acelerar o processo de desmonte da estatal, hoje a AySA está sob as asas da chefia de gabinete de Milei, que já colocou em prática o corte de trabalhadores com um programa de demissões voluntárias.
“A água é direito humano, é um recurso essencial à vida, e deve continuar em mãos públicas na Argentina, não pode ser negócio como quer Milei”, afirmou Estefania Mensi, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Obras Sanitárias da Grande Buenos Aires (SGBATOS) e da Internacional dos Serviços Públicos (ISP), em entrevista ao Portal ComunicaSul.
Segundo ela, “Milei difama o Estado e o trata como um câncer, mas não sabe rigorosamente nada sobre a estrutura pública. Em outras palavras, ele quer explodir algo que não conhece e que é central na vida dos cidadãos. O Estado está por trás de tudo”.
A sindicalista expôs dados que demonstram que a empresa funciona “muito melhor” do que nos anos 90 ou no início dos anos 2000. “Ela se expandiu muito, mas há uma enorme difamação. Milei fala sobre o que não sabe”.
Perigo ao meio ambiente
Do ponto de vista ambiental, alertou Estefania Mensi, “é muito arriscado deixar a água nas mãos de agentes privados, que tem como objetivo principal o lucro”.
E destacou que “sem controle do Estado é difícil os recursos chegarem aos cidadãos, pois a população continua crescendo e se você não investe, você não expande. Damos vida aos bairros populares. Quando se instala uma rede de esgoto ou uma caixa d’água muda a vida de toda a comunidade”, frisou.
Aumento da tarifa
Mensi também alertou para o aumento abusivo das tarifas. E lembrou da gestão do ex-presidente Mauricio Macri, cujo “tarifaço” aumentou em 2.000% a conta d’água em 2016, provocando protestos massivos.
A sindicalista denunciou a tragédia que foi a ascensão de Macri. “Tivemos que sair para os bairros com um programa de tarifa social porque as pessoas simplesmente não conseguiam pagar. Foram operações gigantes”, recordou.
“Temos uma política clara: não cortamos o serviço, porque a água é um direito humano. Logo, muitas contas se acumulavam. Com Macri, o serviço foi interrompido. As pessoas ficaram sem água. Algo totalmente contra a lei, certo? Mas foi feito pelo ex-presidente”, condenou.
Atualmente a segunda maior empresa da região, “a AySA estabelece padrões de qualidade, presta assistência técnica e coopera com as demais, sendo motivo de orgulho por ser referência na gestão de água e recursos”.
Com informações das agências