Indo na contramão do senso comum e da narrativa de quem tenta enfraquecer a luta coletiva, a nova pesquisa “O Trabalho e o Brasil”, realizada pelo Vox Populi, traz um dado contundente: 68% dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros consideram os sindicatos importantes ou muito importantes para defender direitos e melhorar as condições de trabalho.
Mais de 70% também apoiam o direito de greve — uma das ferramentas centrais da classe trabalhadora.
A pesquisa, encomendada Fundação Perseu Abramo, com apoio do Dieese e do Fórum das Centrais Sindicais, ouviu presencialmente 3.850 trabalhadores de todo o país, incluindo assalariados com e sem carteira assinada, autônomos, empreendedores, servidores públicos, trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos, aposentados e desempregados. Em um universo tão diverso, o resultado é ainda mais expressivo: o sindicalismo segue vivo, necessário e reconhecido.
Sindicatos continuam essenciais — e os dados comprovam
Do total de entrevistados:
- 68% afirmam que os sindicatos contribuem diretamente para melhorar salários e condições de trabalho
- 67,8% reconhecem que colaboram para melhorar as condições de vida
- 67,1% valorizam o papel de negociação e mediação com empresas
- 64,3% destacam a defesa dos direitos trabalhistas
O apoio é ainda mais forte entre jovens e nas regiões Nordeste e Sul do país.
E um dado surpreendente: quase metade dos autônomos e empreendedores (49%) gostaria de se filiar a um sindicato — um grupo historicamente distante da organização formal pela própria estrutura legal brasileira.
Como aponta a socióloga Adriana Marcolino, do Dieese, os números desmontam a visão de que sindicatos não têm legitimidade: “Os trabalhadores e trabalhadoras estão dizendo que o sindicato é importante. Mas também que ele precisa estar mais próximo.”
A comunicação segue como grande desafio
A pesquisa revela que 52,4% não conhecem as ações concretas das entidades que os representam — reafirmando a necessidade de fortalecer a presença sindical nos locais de trabalho e ampliar a comunicação com a base. Entre as prioridades apontadas pelos trabalhadores estão:
- melhores salários (63,8%)
- geração de bons empregos (36,6%)
- saúde e segurança (26,6%)
- redução da jornada (21%)
- combate à discriminação (18%)
Valorização da CLT
Outro dado que chama atenção: 56% dos que hoje são autônomos, mas já tiveram carteira assinada, gostariam de voltar ao regime CLT. A realidade do trabalho informal, fragmentado e precarizado evidencia a urgência de retomar direitos e fortalecer a proteção trabalhista.
A força do sindicalismo classista e os 50 anos do Sintaema
Neste contexto, a trajetória do Sintaema, que completa 50 anos em 2025, mostra como o sindicalismo classista segue fundamental para organizar a classe trabalhadora e construir um movimento sindical forte no estado de São Paulo.
Ao longo de cinco décadas, o Sintaema:
- enfrentou tentativas de privatização e desmonte do saneamento
- defendeu concursos públicos, segurança, equipamentos de trabalho e condições dignas nas áreas
- luta pela valorização permanente da categoria
- denunciou condições de trabalho precarizadas, o sucateamento e violações à saúde e segurança
- lutou e garantiu acordos coletivos vitoriosos
- formou quadros e lideranças que influenciaram o sindicalismo paulista
- e esteve presente na construção de unidade, na luta social e na defesa da democracia
A pesquisa Vox Populi apenas confirma aquilo que a história do Sintaema comprova diariamente: quando sindicatos são fortes, combativos e enraizados no campo classista, a classe trabalhadora conquista mais, vive melhor e tem mais direitos.
E mesmo diante da fragmentação do mundo do trabalho — terceirização, PJs, rotatividade, informalidade e novas formas de exploração — o desafio permanece o mesmo: organizar quem vive do trabalho. Todos eles.
O Sintaema segue comprometido com essa tarefa. Porque há 50 anos temos lado: o lado da classe trabalhadora.
Sintaema 50 anos — meio século de luta, organização e construção de um sindicalismo forte, popular e combativo.










