A Sabesp anunciou estudos para recarga de mananciais com água tratada de esgoto, prometendo ampliar a oferta de água na Grande São Paulo. Mas, enquanto se foca em soluções complexas e de longo prazo, a população e os trabalhadores seguem enfrentando cortes, pressão baixa nas torneiras e falta de transparência sobre a qualidade da água.
Riscos para a população
Projetos como esse levantam sérias dúvidas: o tratamento de efluentes, mesmo quando feito, não remove totalmente fármacos, hormônios e substâncias químicas, colocando em risco a saúde de quem depende do abastecimento público.
Além disso, a distância das estações de tratamento dos mananciais e o custo elevado dessas obras mostram que a prioridade da Sabesp não é a população, mas sim seu balanço financeiro.
O foco é no lucro
O lucro é, historicamente, o motor dos sistemas privados, não a defesa do meio ambiente nem o respeito aos direitos da população. Reduzir perdas na rede de distribuição, investir em reuso para fins industriais e urbanos, melhorar a infraestrutura e garantir acesso à água de qualidade seriam soluções mais eficazes e baratas — mas não geram lucro imediato.
Existem alternativas mais seguras e eficientes, utilizadas em outros países. Em locais como a Europa, a Califórnia e Israel, o reuso de água de esgoto tratado é feito com critérios rigorosos: em vez de ser lançado diretamente em mananciais, o efluente é direcionado para aquíferos subterrâneos ou usado em irrigação industrial, aumentando a resiliência da água e reduzindo significativamente os riscos de contaminação.
Na China, por exemplo, o efluente tratado de Pequim é inserido em aquíferos, garantindo diluição e segurança antes de seu uso, prática que já existe há décadas. Na Inglaterra, a água do Tâmisa já foi reusada diversas vezes, sempre com monitoramento rigoroso da qualidade.
O Sintaema reafirma seu compromisso com os trabalhadores e a população: defendemos serviços públicos de água e saneamento que priorizem a vida, o meio ambiente e os direitos humanos. Nossa luta é por gestão transparente, investimentos públicos reais e água segura para todos, sem improvisos e sem privatizações.








