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Privatização da Copasa: o lucro acima da água do povo

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais deu mais um passo rumo a um retrocesso histórico: aprovou, nesta quarta (8), o parecer favorável à PEC que acaba com a obrigatoriedade de referendo popular para a privatização da Copasa e da Copanor.

Em outras palavras, o povo mineiro está sendo excluído da decisão sobre o futuro da água — um bem essencial à vida — em nome de uma agenda que prioriza o lucro privado.

O discurso do governador Romeu Zema é sedutor: dizem que a venda da Copasa trará investimentos, modernização e mais eficiência. Mas a experiência brasileira e internacional mostra o contrário. Quando o saneamento entra na lógica do mercado, quem paga a conta é o povo.

Nas cidades em que os serviços foram privatizados, as tarifas subiram, a qualidade caiu e as populações mais pobres ficaram à margem. A razão é simples: empresa privada não presta serviço público — busca lucro. E o lucro vem da tarifa. Não é difícil imaginar o que isso significa para a conta de água das famílias mineiras.

Além disso, o argumento de que a privatização ajudaria a reduzir a dívida do Estado é frágil. Trata-se de uma solução imediatista, que vende um patrimônio estratégico e rentável para cobrir buracos momentâneos nas contas públicas. Uma vez vendida, a Copasa deixa de gerar recursos permanentes para o Estado e passa a gerar dividendos para acionistas privados — muitos deles estrangeiros.

Outro risco grave é o abandono das pequenas cidades. Em um modelo movido por rentabilidade, os investimentos se concentram onde há lucro garantido, ou seja, nos grandes centros urbanos. Municípios menores, especialmente nas regiões mais pobres, podem ficar com redes precárias, falta de manutenção e atraso na universalização do saneamento.

A água não é mercadoria. É direito humano e dever do Estado garantir seu acesso de forma universal, segura e a preço justo. Ao abrir caminho para a privatização, o governo mineiro entrega o controle de um bem essencial à lógica do mercado financeiro, ignorando os alertas de sindicatos, movimentos sociais e especialistas que defendem um modelo público, transparente e com participação social.

O Sintaema se soma à luta dos trabalhadores e trabalhadoras do saneamento em Minas Gerais e em todo o Brasil contra esse projeto de desmonte. Defendemos o fortalecimento das companhias públicas, com investimento, gestão democrática e controle social. Porque saneamento não é negócio — é vida, é saúde, é dignidade.