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Trabalhadores do saneamento e meio ambiente apresentam tese no 6º Congresso da CTB

O Sintaema levou ao 6º Congresso Nacional da CTB uma firme defesa do saneamento público como elemento estratégico para a soberania do Brasil. A tese “Saneamento Básico no Brasil: a disputa pela água e a luta pela soberania” denuncia o avanço da privatização, os interesses estrangeiros sobre nossos recursos hídricos e reforça o papel essencial das empresas públicas para garantir o acesso à água e ao esgoto como direito, não mercadoria.

Com dados, denúncia e um plano de lutas concreto, o documento reafirma o compromisso histórico do Sintaema com a classe trabalhadora, o meio ambiente e a soberania nacional. Confira o documento:

Saneamento Básico no Brasil: A Disputa pela Água e a Luta pela Soberania

Em um momento crucial para o Brasil, no qual a soberania nacional é constantemente ameaçada por interesses estrangeiros, a luta pela defesa de nossos recursos hídricos e do saneamento público se torna uma tarefa central. A água, elemento vital para a existência humana, o desenvolvimento do país e a saúde da população, não pode ser tratada como uma mercadoria, mas sim como um direito inalienável de todos.

Sabemos que o Brasil é alvo de interesses escusos externos, visto que nosso país possui mais de 12% da água potável do planeta, com aquíferos como o Guarani e o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA), que, juntos, poderiam abastecer a humanidade por centenas de anos. Esses recursos estão ameaçados por multinacionais.

A privatização do saneamento, facilitada por legislações como a Lei nº 14.026/2020, representa um ataque direto à soberania nacional e aos direitos sociais previstos na nossa Constituição. Por meio de um discurso de eficiência, empresas privadas e fundos de investimento transnacionais têm se apropriado de um setor estratégico, comprometendo o acesso universal à água e ao esgoto tratados. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deveria financiar o desenvolvimento público, passou a ser o articulador desses leilões de privatização, reforçando um modelo que privilegia o lucro em detrimento do bem-estar social.

Os resultados dessa política entreguista já são visíveis e desastrosos. As privatizações de companhias como a CEDAE (RJ), SABESP (SP) e CORSAN (RS) são provas concretas de um crime contra o patrimônio público. As promessas de universalização, tarifas acessíveis e melhoria nos serviços ficaram apenas no papel. Na prática, a população enfrenta aumentos abusivos de tarifas, queda na qualidade do serviço, demissões em massa e precarização das relações de trabalho.

Afinal, não se deve esquecer que, as principais empresas controladoras da água no Brasil hoje, na verdade, são grupos transnacionais e fundos de investimento, como Aegea Saneamento, Iguá Saneamento, Águas do Brasil, BRK Ambiental e GS Inima.

Diante desse cenário, nós, que assinamos este documento, defendemos veementemente a necessidade de proteger e fortalecer as empresas públicas de saneamento. Acreditamos que somente elas, com sua missão social e compromisso com o bem-estar da população, podem garantir a universalização do acesso e um serviço de qualidade para todos, inclusive para as áreas rurais e mais isoladas, por isso, a luta por esse controle é uma tarefa da classe trabalhadora e deve ser uma pauta central em todas as categorias.

Plano de Lutas

Para reverter o atual quadro e garantir o saneamento público, de qualidade e acessível a todos, as entidades SINTSAMA-RJ, SINTAEMA-SP, SINTAEMA-SC, SINDAGUA-CE, SINDAGUA-RN, CTB/RJ e CTB/SP apresentam o seguinte plano de lutas:

Concentrar recursos e políticas públicas nas empresas de saneamento estatais para alcançar a universalização.

Garantir que o Saneamento Rural seja executado por empresas estaduais, que possuem a capacidade e o compromisso social necessários para atender às populações mais vulneráveis.

  • Combater todas as formas de privatização, incluindo subconcessões e parcerias público-privadas (PPPs).
  • Reestatizar imediatamente as empresas privatizadas, com abatimento nas dívidas dos estados com a União.
  • Reorientar o BNDES para que volte a ser um fomentador do saneamento público, investindo diretamente no fortalecimento das companhias estatais.
  • Instituir uma gestão democrática e com amplo controle social nas empresas de saneamento.
  • Defender a criação de uma Norma Regulamentadora (NR) específica e um Piso Salarial Nacional para a categoria do saneamento.
  • Lutar pela implementação do Piso Salarial para a categoria do saneamento.
  • Estratégias para a Soberania e Saneamento Rural
  • Fortalecimento estatal: Aumentar a presença do Estado na Amazônia Azul (o mar territorial brasileiro), investindo em infraestrutura e tecnologia para proteger os recursos naturais.
  • Cooperação Internacional: Firmar acordos para proteger os interesses brasileiros e a segurança dos recursos naturais.
  • Saneamento Rural: O governo tem planos para melhorar o saneamento em áreas rurais através de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e novas regulamentações. No entanto, há desafios como a necessidade de investimentos significativos e a complexidade de gestão nessas áreas.
  • A meta é alcançar a universalização do saneamento até 2033, mas especialistas alertam para a necessidade de priorizar populações vulneráveis e de superar a falta de infraestrutura e a degradação ambiental.
  • A defesa das empresas públicas de saneamento é fundamental para a soberania do Brasil. A água é um direito, não uma mercadoria. A luta pela vida e pela dignidade do povo brasileiro passa, necessariamente, pela garantia de um saneamento público, de qualidade, seja no saneamento urbano ou rural.

Salvador (BA), 08 de agosto de 2025.