A privatização do saneamento básico é vendida como uma solução mágica para a eficiência e qualidade dos serviços. Mas a realidade dos países que seguiram esse caminho mostra um cenário bem diferente: tarifas abusivas, piora na prestação de serviços e uma estratégia calculada de desinformação para encobrir os danos causados ao meio ambiente.
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Um estudo publicado no periódico Nature Water revelou que as empresas privadas de água na Inglaterra estão adotando as mesmas táticas de manipulação usadas por grandes poluidores como a indústria do tabaco e dos combustíveis fósseis.
Segundo o artigo, as companhias utilizam um “manual de greenwashing” – conhecido como a Mentira Verde, que é quando uma empresa diz se preocupar com a natureza, mas na prática faz o contrário ou não faz nada. A publicação alerta para a tática de minimizar os impactos da poluição gerada pelo despejo de esgoto não tratado, transferindo culpas e manipulando informações para evitar responsabilização.
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A denúncia mostra que as empresas de água e esgoto prolongaram a injustiça ambiental usando um manual de táticas nas quais outros grandes poluidores confiaram no passado para enganar o público e influenciar agências governamentais ou leis.
A pesquisa comparou as estratégias de comunicação das nove principais empresas de água e esgoto da Inglaterra com 28 táticas de greenwashing já usadas por indústrias altamente poluentes. O resultado é alarmante: 22 dessas táticas foram adotadas para deturpar informações, desacreditar pesquisas científicas, minimizar a gravidade da poluição e atrasar ações corretivas.
O caso inglês não é isolado. No Brasil, o governo de São Paulo seguiu essa cartilha ao privatizar a Sabesp, ignorando alertas de especialistas e dos trabalhadores do setor. Agora, a população já sente os primeiros impactos, com contas disparando e um futuro incerto para a qualidade da água e do saneamento.
A direção do Sintaema destaca que a experiência internacional mostra que a privatização da água não entrega o que promete. O que se vê, ao contrário, é um modelo baseado na busca pelo lucro a qualquer custo, onde a exploração da população e a destruição ambiental são disfarçadas por campanhas de marketing enganosas.
Para o Sindicato, o saneamento deve ser tratado como um direito fundamental, não como um negócio a ser explorado por corporações que operam sem transparência e responsabilidade.
Diga não à privatização!