O deus mercado e suas tragédias Depois do acidente em Congonhas envolvendo um avião da TAM, o governo federal anunciou que tem intenção de realizar estudos para a venda de ações da Infraero prevendo a participação do capital privado na administração. Ou seja, mais uma vez, acredita-se na privatização como a panacéia para resolver os gargalos dos serviços públicos, apesar de todas as más experiências que esta modalidade já trouxe à população. Até mesmo a Parceria Público-Privada (PPP) está em cogitação. As falhas no controle aéreo estão vindo à tona apenas nos últimos meses, depois do acidente da Gol em 2006, vitimando todos os passageiros, e explodindo agora juntamente com o trágico acidente com o avião da TAM. Mas o caos aéreo, assim como outros caos que presenciamos em vários setores são frutos da falta de investimentos em serviços, em infra-estrutura e mão de obra própria e qualificada durante anos. As causas exatas do acidente da TAM ainda estão sob investigação, mas já se apontam supostas falhas técnicas. Para atender a demanda, as empresas querem os aviões no ar, mesmo que os mesmos apresentem problemas, afinal, não podem deixar de “ganhar”. Se as condições de um aeroporto não estão ainda totalmente boas para uso, existe a pressão para que o abram mesmo assim, pois o “deus mercado” assim o quer. De acordo com o noticiário, os mecânicos são pressionados para agilizar a decolagem dos aviões. E o resultado logo vem. E, no afã de dar uma resposta à população, o governo acredita que abrir a Infraero, nosso patrimônio, à iniciativa privada, amenizará o caos aéreo. Mas é justamente a privatização, que tem como base o lucro, que vem ocasionando as mazelas por onde passa. A perseguição pelo lucro faz suas vítimas a todo o momento. E com isso, tragédias se sucedem por conta da ganância, custe o que custar, inclusive o risco de se perder vidas humanas. Em menor escala, mas não menos trágico foi o acidente na obra da estação Pinheiros do Metrô, quando uma cratera se abriu engolindo trabalhadores e pessoas que por ali passavam, no início do ano. Empresas sedentas por ganhos vultosos terceirizam serviços, precarizam as relações trabalhistas, exigem cada vez mais dos trabalhadores, com pressões e terror para que se alcance metas sem a devida contrapartida, não investem em segurança, e querem ganhar, ganhar muito, esta é a lógica. O Sintaema, como entidade classista e defensora histórica dos serviços públicos de qualidade é terminantemente contra a venda de ações da Infraero e contra qualquer outra modalidade de privatização de todo e qualquer serviço público, pois a lógica neoliberal do desmonte do patrimônio do povo é que leva a todas as tragédias sociais.