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Tese da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização
da Classe Trabalhadora para o 8º Congresso do Sintaema

O GOVERNO ATACA OS DIREITOS DA CATEGORIA, COM A
OMISSÃO E CONIVÊNCIA DA ATUAL DIRETORIA DO SINDICATO

Os trabalhadores na Sabesp, Cetesb, Fundação Florestal, Saned e também nas empresas privadas, já demonstraram em diversos momentos de ataque do governo aos direitos, a firmeza de se colocar em movimento e lutar. Já a atual diretoria do Sindicato escolheu o caminho da parceria com os patrões e a conivência aos ataques do governo do PSBD contra os trabalhadores. E exemplos não faltam para isso.

Vejam só:

Calote das horas extras: menos metade do que a empresa deve aos trabalhadores, parcelado em 10 suaves prestações. A Sabesp mandou e a atual diretoria do Sintaema obedeceu

O acordo sobre as horas extras, imposto pela direção da Sabesp e aceito pela diretoria do Sintaema é um dos exemplos mais escancarados que a atual diretoria do Sindicato submete o instrumento de luta e organização dos trabalhadores, num instrumento manso aos patrões.

O acordo aceito pela diretoria do Sintaema e imposto à categoria, pois a assembleia chamada foi organizada para ser esvaziada, não garantindo a presença de uma parcela enorme da categoria que estava contra o acordo. O acordo aceito abre mão de mais da metade do valor do que deve a Sabesp aos trabalhadores, o pagamento em suaves 10 parcelas e a garantia para Sabesp de pagar os valores só sobre o salário, ou seja, não entram no cálculo 13◦ salários, FGTS, férias, ATS.

Quando a diretoria do Sintaema percebeu que não conseguiria conter a revolta que se espalhou pela categoria, foram para as áreas dizer que o “jurídico” do Sindicato estava à disposição para entrar com ações judiciais individuais para aqueles trabalhadores que decidissem não aceitar o acordo. Acordo que eles mesmos defenderam em assembleia E ao defender esse acordo imposto pela direção da Sabesp, como fizeram na assembleia, dificultam decisões favoráveis no Judiciário para os trabalhadores.

Na Sabesprev, empenho da diretoria do Sindicato para agradar a empresa e atacar quem defende os interesses dos trabalhadores.
Em 2011, logo após as eleições do Sindicato, durante as festas de final de ano, a direção da Sabesp com apoio da diretoria do Sintaema preparava mais um ataque aos trabalhadores, dessa vez na Sabesprev.

A Sabesp exigiu e a diretoria do Sintaema aceitou abrir mão de parte do processo, que está no Judiciário, onde exigimos que os direitos dos trabalhadores que estão no plano previdenciário sejam respeitados, a ação coletiva que tem por objetivo que o déficit atuarial da Sabesprev não seja cobrado de quem não produziu a conta, ou seja, os trabalhadores.

Assim que soubemos dessa tentativa de golpe, denunciamos para categoria, nos reunimos com os aposentados que também são contra essa proposta e registramos nossa posição no Conselho Deliberativo da Sabesprev.

Mais um exemplo que mostra porque o governo e a direção das empresas se empenharam tanto em eleger a turma da CTB: para terem capachos dentro do Sintaema e manter o Sindicato manso aos seus interesses. A posse da atual diretoria do Sindicato mostrou isso, pois não tinha trabalhador, mas sim chefes, gerentes e pelegos de várias centrais sindicais como a Força Sindical. Esses são os aliados preferenciais da diretoria do Sintaema.

E ainda tem mais: seguindo a política de parceria com quem ataca os trabalhadores, a atual diretoria do Sintaema, através de um de seus diretores que também é presidente do Conselho Fiscal da Sabesprev, defendia há tempos o aumento da contribuição dos trabalhadores no Plano de Beneficio Básico (Plano BD).

Conselheiros eleitos pelos trabalhadores para o Conselho Deliberativo da Sabesprev, que fazem parte da Oposição Independência e Luta, votaram contra o aumento das contribuições. O aumento das contribuições veio porque os membros indicados pela Sabesp no Conselho Deliberativo votaram a favor do reajuste.

Numa tentativa de esconder a parceria com a empresa, a diretoria do Sintaema mentiu para a categoria, dizendo em várias áreas, que os companheiros Ademir e Gabriel tinham votado pelo aumento das contribuições, quando na realidade quem mais do que defendeu, chegou a declarar em documentos da Sabesprev, recomendando o reajuste do plano o quanto antes, além de cobrança retroativa, foi o diretor do Sindicato que faz parte do Conselho Fiscal.
Além de mentir para a categoria e ao invés de defender os direitos dos trabalhadores, esse diretor do Sindicato, com conivência da atual diretoria, tentou processar esses conselheiros e mais uma vez se provou que a acusação contra nós era falsa e o processo foi extinto.

O falso empenho em mobilizar a categoria se vê bem a cada Campanha Salarial

A Campanha Salarial desse ano mostra bem isso. Os salários continuam arrochados, a desigualdade salarial se mantém, através do salário regional que continua, o ATS não voltou e permanece no Acordo Coletivo a convivência do Sindicato com a Sabesp para a demissão de 2% da categoria ao ano.

Não organizam uma Campanha Salarial que unifique o conjunto dos trabalhadores, numa greve unificada da própria categoria entre Sabesp, Cetesb, Fundação Florestal e Saned.

Esse ano a greve aconteceu só na Sabesp e isso porque os trabalhadores pressionaram para que ela acontecesse. Nas outras empresas, atual diretoria do Sindicato não organizou nenhuma mobilização e aceitaram de pronto a proposta do patrão.

O fim do salário regional e a volta do ATS que eram os principais eixos da campanha 2013 não foram alcançados.

A categoria se colocou em movimento, numa greve forte que durou três dias e foi combatida pela atual diretoria do Sindicato que defendeu o fim da greve e aceitação da proposta da Sabesp.

A diretoria do Sindicato tentou convencer a categoria a acreditar na promessa do diretor da Sabesp de que até a campanha de 2014 o salário regional vai ser revisto. Quanto a volta do ATS a Sabesp nega esse direito e diz que não tem projeto do governo e da direção da Sabesp para discutir este tema.

A atual diretoria do Sindicato aceitou mais uma vez a lorota da Sabesp de criar várias comissões para discutir temas da pauta de reivindicações. Já sabemos o resultado dessas mesas de negociação permanente: só enrolação e nenhum avanço nas reivindicações da categoria.

O pagamento do adicional de dirigir veículos, que tinha sido promessa da diretoria do Sindicato na Campanha Salarial de 2012, para os novos trabalhadores que não recebiam começassem a receber R$ 140,00 e para os que já recebiam iria ter novo cálculo para uma média, foi mais um golpe contra os trabalhadores, pois ainda tem vários companheiros dirigindo sem receber nada e diminuição de valores para quem recebia.

A atual diretoria do Sindicato não exige que a Sabesp subsidie um plano de saúde para os aposentados que não conseguem pagar o alto valor dos planos da Sabesprev, preferindo vender planos de saúde no Sindicato e com isso abandonaram uma bandeira histórica da categoria.

Na Saned, a atual diretoria do Sindicato nada fez quando a direção da empresa municipal mudou o período de pagamento da PLR retirando uma parcela significativa da já minguada PLR dos trabalhadores. E agora com o acordo entre a Prefeitura de Diadema e Sabesp a partir de 2014 a Saned deixará de existir sendo incorporada pela Sabesp, o que poderá gerar novo problema trabalhista similar aos pós-88 da Sabesp que somente foi resolvido com uma greve forte que defendeu o emprego dos companheiros.

Na Fundação Florestal abandonaram a luta por melhorias nas condições de trabalho e a direção da empresa agora intensifica as terceirizações nos parques estaduais e praticam o aparelhamento político do grupo do secretario estadual de meio ambiente Bruno Covas.

Nas empresas privadas a atual diretoria do Sindicato busca principalmente a representação sindical e com isso arrecadar mais imposto sindical. Mas não há enfrentamento contra as péssimas condições de trabalho, não há greves por mais salários e direitos, pregam o conformismo dizendo que é aos poucos que se ampliam direitos. Além disso, a atual diretoria do Sindicato não denuncia e não enfrenta a terceirização que tem por objetivo a redução de salários e direitos que atinge agora os trabalhadores nas empresas terceirizadas, mas que tem o objetivo de atingir o conjunto da categoria.

Não organizam a luta dos trabalhadores nas empresas terceirizadas e nas empresas públicas como Sabesp e Cetesb o governo aproveita para intensificar as terceirizações nas atividades fim destas empresas e a atual diretoria do Sindicato assiste, se omite e portanto é conivente a mais esse ataque contra os trabalhadores.

PARA ENFRENTAR OS ATAQUES DOS PATRÕES E GOVERNOS É NECESSÁRIO NÃO TER RABO PRESO, ORGANIZAR A LUTA PELA BASE COM OS TRABALHADORES. ESSA É A TAREFA DO SINDICATO

Transformaram nosso Sindicato num instrumento submisso aos interesses dos governos, que se movimenta burocraticamente só nos períodos da Campanha Salarial e essa movimentação é condicionada aos limites impostos pelas direções das empresas.

O Sindicato deve ser o instrumento independente e autônomo dos trabalhadores para combater os ataques dos governos e dos patrões.

Nós da Oposição Independência e Luta estamos no dia a dia da categoria, conhecemos a dura realidade dos locais de trabalho e junto com os trabalhadores enfrentamos os ataques impostos pelo governo. Continuamos firmes nas lutas do conjunto da classe trabalhadora e comprometidos em reconstruir o Sintaema, a partir da base, com os trabalhadores, para que nosso Sindicato volte a ser o instrumento de organização e luta da categoria.

Ler a realidade tal qual ela é. Agir para além da vontade,
com firmeza e coerência contra o Capital e seu Estado.

O capital ataca e mata no processo de exploração a classe trabalhadora. Através do Estado espalha sua dívida privada pelo mundo afora

Os economistas da classe dominante, os porta-vozes dos Estados nacionais se esforçam para impor dados e analises que levem a todos a concluir que “o Capital vive uma crise sem precedentes iniciada em 2008 e que “teima em não acabar”. Junto aos ideólogos da burguesia, uma parcela nada pequena dos representantes dos mais diversos espaços de organização da classe trabalhadora fazem coro e afirmam: “a crise é longa, estrutural, sem precedentes”.

Para quem se contenta em só ver a cara do bicho, não consegue ver o coração

As ações dos Estados nacionais, que se expressam de forma mais escancarada nos planos de austeridade aplicados pelos governos da Europa mostram o que os representantes da burguesia tentam ocultar: a crise iniciada em 2007/2008, que buscou e alcançou sua saída até 2010, acabou.

O que vivemos agora como classe são os efeitos avassaladores dessas saídas contra nós. Portanto, é preciso enxergar as ações do Capital sem as fronteiras que nos dividem em categorias pertencentes a nações distintas. A fatura cobrada de quem não produziu é um dos exemplos que ajudam a mostrar como no coração do sistema do Capital, a economia se recuperou e como as medidas aplicadas na Europa, transformando a dívida privada em dívida pública, contribuem decisivamente para essa fase de recuperação e elevação dos lucros.

Desemprego, diminuição de salários e direitos, num primeiro momento também no coração do sistema, mas intensificada e prolongada na Europa

Na Espanha o desemprego é de aproximadamente 27% entre os jovens o número sobe para mais de 50%, em Portugal mais de 952 mil pessoas estão sem emprego, o desemprego atinge 17,7% da população, no Reino Unido mais de 7% dos trabalhadores estão desempregados, na França 1,9 milhões de trabalhadores estão sem emprego há um ano ou mais, na Itália a taxa de desemprego chega a 9,2%. Dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) diziam que no mês de abril 48 milhões de trabalhadores estavam sem emprego nos 34 países europeus.

A velha Europa berço da revolução industrial, ficou com o serviço de impor aos trabalhadores o pagamento da fatura produzida pelo endividamento do Estado, como uma das ações fundamentais na divisão das tarefas capitalistas.

Endividamento provocado para atender as necessidades do Capital no momento da crise. A receita foi ditada e realizada pelos EUA, muito dinheiro público para salvar empresas privadas: General Motors praticamente estatizada, bancos e seguradoras salvas pelo governo, no restante do mundo a receita foi seguida e ampliada.

Endividados até as tampas, os governos miram seus mísseis contra os trabalhadores. E nada melhor do que o berço da democracia, para mostrar qual o seu real significado e objetivo: em nome de todos, eleito diretamente “pelo povo”, com um programa para o conjunto da sociedade, aplicar a política necessária para atender os interesses dos proprietários dos meios privados de produção: assim a Grécia foi o primeiro exemplo, em que pese seu modesto ou quase nulo papel na economia mundial de como devem agir os Estados nacionais para proteger os interesses da burguesia.

A receita de austeridade em toda a Europa: redução drástica dos serviços públicos, aumento da idade para aposentadoria, congelamento e redução dos salários do funcionalismo, reformas que levaram os trabalhadores ao desemprego, ao arrocho, ao suicídio, às ruas em greve gerais e também as ruas como sua nova moradia.

No mês de julho os trabalhadores mais uma vez tomaram as ruas em greve geral, contra a nova rodada de ataques aos direitos impostos pela Alemanha: a demissão de 15 mil funcionários públicos e mais 12 mil que serão remanejados, podendo também serem demitidos. No berço da democracia no dia seguinte ao anuncio desse pacote, o governo tentava impedir a mobilização dos trabalhadores nas ruas.
Se parte de nossa classe está sem teto na Grécia, também está no EUA que “deu exemplo”: congelamento dos salários, corte de direitos e arrocho. E assim a política de austeridade foi implementada no conjunto da Europa sem vacilação.

A economia se recupera a passos lentos, mas cuidado! Passo lento, não significa estagnação e nem continuidade da crise, pois em que pese o desemprego “oficial” nos EUA na casa dos 7%, ter pessoas morando em carros e parques, ter também empregos precários, a economia se recupera: a indústria reguladora do mercado mundial acumulou em 12 meses, de setembro de 2011 a setembro de 2012 uma alta de 6.3%. A produção de veículos e autopeças que havia caído no auge da crise em 2009 à 34,7%, operava no final de 2012 com 80% da capacidade instalada, índice superior a média dos últimos 40 anos. (José Martins – Crítica Semanal da Economia Edição 1125/26).

Da pequenina Grécia às grandes como França, Itália, mas como ser grande não significa mandar, na Europa devem obediência à Alemanha, os Estados nacionais aplicam os ajustes necessários para que o Capital se recomponha, siga rumo a uma nova fase de superprodução de mercadorias e consequentemente para uma nova crise.

Prestaram também outro serviço: transfigurar, inverter, com o objetivo de esconder o conteúdo na forma: ou seja, não há continuidade ou nova crise, embora tudo na aparência diga que há.

Muita propaganda da aparência para tentar convencer os trabalhadores: a China, uma superpotência em linhas de montagem para o Capital

Na última década a China se transformou na menina dos olhos daqueles que se contentam e se utilizam da superfície dos fenômenos para explicar o movimento real do Capital. “O crescimento “virtuoso” na casa dos dois dígitos na última década da economia chinesa está muito aquém e distante do que necessitaria para ser classificada” como “pretendente” a nova super potencia econômica.

O capitalismo soube aproveitar bem a transformação em seu contrário do Estado chinês. Sob a direção do partido que de comunista nada tem, para nesse pedaço onde se concentra a maior parte da população mundial extrair muita mais valia absoluta, o que significa: jornadas extensas, baixos salários, mínimos ou nenhum direito aos trabalhadores chineses.

O grau de desenvolvimento das forças produtivas na China é o exemplo da distancia entre aparência e conteúdo: o nível de desenvolvimento tecnológico é baixíssimo, a maioria absoluta das fábricas que lá se instalaram, são multinacionais que estavam à procura de força de trabalho extremamente barata e altamente controlada pelo aparato repressor do Estado.

1. E assim a China se transformou numa linha mundial de montagem de mercadorias:
– A composição orgânica do Capital na China é assim realizada: sua parte constante (principalmente máquinas, equipamentos e também matéria-prima) na maioria absoluta dos setores da indústria vem de fora, ou seja, é exportada.
– Sua parte variável e fundamental, ou seja, a força de trabalho é a responsável por montar as mercadorias manufaturadas que significam aproximadamente 96% das exportações da China.
– A análise realizada pelo companheiro José Martins no Boletim Critica Semanal da Economia n◦ 1147, mostra qual é o papel da economia chinesa na ordem capitalista mundial:
– O exemplo vem da badalada mercadoria Tablet Ipod que na China é montado, veja bem é montado e não produzido em empresas chinesas como a Foxconn que só na China explora 70 mil trabalhadores impondo péssimas condições de trabalho, combinada com a pressão que juntas têm levado operários ao suicídio. Martins cita uma pesquisa da Universidade da Califórnia que mostra que o preço de produção do Ipod na época da pesquisa era de $224 dólares, o componente mais caro do Ipod era o hard drive, esse produzido, não montado, pela Toshiba japonesa custando $73 dólares, depois vinham outros componentes como o módulo de display ($20 dólares), o processador de multimídia ($8 ólares) e se constatou que a montagem final feita na China custou apenas e tão somente $ 4 dólares. Ou seja, com base na extração de mais valia absoluta dos trabalhadores chineses e tendo o processo mais complexo de produção do Ipod realizado em outras regiões, a China exporta a parte do capital constante e depois de montada a mercadoria com o trabalho de mais de 10 mil operários chineses o Ipod sai das linhas de montagem da China para o mundo.
2. E assim a China com farta força de trabalho se transformou na fábrica mundial de montagem para o Capital. Com baixo desenvolvimento tecnológico, mas um grande exército de trabalhadores, que para nossa alegria como classe começa a se rebelar aumentando o preço de sua força de trabalho, principal mercadoria no processo de produção capitalista.
3. Tanto é assim que já não são poucas as multinacionais que estão num movimento contrário do realizado nas últimas décadas: muitas empresas começam a deixar a China fugindo das consequências que a luta dos trabalhadores traz (aumentam os salários e os direitos) e estão voltando para seus países de origem, usufruindo do que as saídas da última crise conseguiu impor aos trabalhadores: arrocho salarial e diminuição de direitos.

Mas mesmo assim a Ásia continua sendo um bom lugar para o Capital sugar a nossa classe até a última gota de sangue

Bangladesh: trabalhadoras, trabalhadores, crianças assassinadas pelo fogo e escombros provocados pelo Capital
Na semana do 28 de Abril- Dia Mundial de relembrar nossos mortos pelas péssimas condições de trabalho e lutar pela vida, no subúrbio de Dacar, capital de Bangladesh, um prédio desaba sob operários têxteis, comerciários e bancários. No mês onde reafirmamos que o 1◦ de Maio não é o dia do trabalho para o capital, mas sim o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores, já se contavam mais de mil corpos sem vida de nossos irmãos de classe no Rana Plaza.

O dono do shopping, Mohamed Sohel Rana dono de indústrias têxteis sabia que o prédio poderia desabar a qualquer momento, mas tanto ele como os demais patrões exigiram que os trabalhadores trabalhassem sob essas condições, caso contrário iriam suspender os salários e demitir. Assim mataram mulheres e homens trabalhadores, assim mataram crianças que juntas a seus pais todos os dias seguiam rumo ao trabalho, esperavam seus pais no que o patrão achava ser uma concessão aos trabalhadores: uma creche.

O Capital precisa impor cercas e fronteiras de categorias e nações à classe trabalhadora, para controlar, frear e retardar ao máximo o definitivo confronto de classes. Mas para se desenvolver não há nenhuma fronteira e mais uma vez Bangladesh é um bom exemplo disso: as/os operárias/os têxteis em Bangladesh recebem um salário mensal de 38 euros (noventa e nove reais) e trabalham até 72 horas semanais, são as/os produtoras/es das mercadorias espalhadas pelo mundo, de multinacionais como Benetton (Itália), C&A (Holanda), Walmart (EUA), o Corpo de Marines dos Estados Unidos entre outros.

Salários baixíssimos, vidas retiradas pela chama do capital assassino em incêndios recorrentes e pelas péssimas condições de trabalho tem sido a realidade dos trabalhadores bengalis, como do conjunto dos trabalhadores na Ásia e no antigo leste europeu. Para o Capital esse trabalho é parte essencial de seu movimento sem fronteira: extrair ao máximo a mais valia produzida por esses trabalhadores e usá-los como fonte de pressão contra os trabalhadores que vivem nos países de origem das multinacionais e trabalham em suas fábricas matrizes. Para isso servem as fronteiras das nações, para isso servem as cercas das categorias.

Os trabalhadores em Bangladesh antes e a cada tragédia provocada pelo Capital estão em processo de luta, greves gerais dos operários com o apoio dos parentes das vitimas têm se ampliado, os números de feridos aumenta pela repressão do governo, mas a luta segue, exigindo o básico: o fim das condições criminosas de trabalho.

Dados oficiais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), portanto dados aquém da realidade, pois o que impera é a subnotificação dos acidentes, doenças e mortes provocados pelas condições de trabalho, divulgado no mês de abril do corrente ano mostram que:
• 2,02 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a enfermidades relacionadas com o trabalho.
• 321.000 trabalhadores morrem a cada ano como consequência de acidentes no trabalho.
• 160 milhões de trabalhadores sofrem de doenças não letais relacionadas com o trabalho.
• 317 milhões de acidentes de trabalho não mortais ocorrem a cada ano.

Aqueles que defendem a “harmonia” entre as classes, os que cumprem a tarefa de serem mediadores dos interesses do Capital no movimento dos trabalhadores e atuam para o “pacto entre desiguais, nesses momentos se limitam a classificar o que aconteceu em Bangladesh como resultado da: “prática de patrões irresponsáveis, gananciosos que não tratam seus trabalhadores com o devido respeito”.

Não falarão e muito menos relacionarão que seus acordos realizados com os representantes das multinacionais em suas matrizes, “em nome da defesa do emprego” rebaixando direitos dos trabalhadores na matriz, potencializam o processo de exploração do Capital tanto nas economias dominantes, como nas economias dominadas (como Bangladesh).

É preciso muita ideologia para tentar esconder a realidade.
E representações formais da classe para reforçá-la

Nos EUA as torres caíram em 2001 num dos principais símbolos dos negócios do imperialismo, os dados oficiais falam de quase 3 mil mortos, entre quem estava no World Trade Center, entre os que estavam no avião e os que estavam no socorro às vitimas. A imprensa esteve à serviço de transformar o fato em comoção e pânico mundial, a partir disso o Afeganistão foi invadido e dois anos depois, com a desculpa de combate ao fundamentalismo islâmico que supostamente preparava um plano diabólico de ataque ao Ocidente, o Iraque também foi invadido.

Dez anos se passaram e as indústrias da destruição e da reconstrução agradecem a ação do Estado imperialista (os EUA), pela recuperação de seus lucros. As empresas bélicas queimaram sua mercadoria excedente, em milhares de vidas que foram eliminadas, ao mesmo tempo que o setor da construção civil se turbinou num Iraque devastado pela guerra imperialista.

Mas como tudo é cíclico e periódico na sociedade capitalista, estudos realizados no primeiro semestre de 2013 por economistas do sistema financeiro como o HSBC constatam com amargura a queda dos investimentos americanos na indústria bélica, após a retirada das tropas do Iraque e a saída marcada do Afeganistão marcada para 2014. Mas para além da amargura dos economistas, o melhor do estudo está em revelar o quanto são lucrativas as guerras para o Capital.

Em meados da década de 60 o governo americano aumentou seus gastos militares o que rendeu lucros para as indústrias armamentistas, já na década de 70 com a derrota no Vietnã, os gastos se transformaram em peso para o governo. Na década de 80 ainda sob a Guerra Fria mais uma vez os gastos militares aumentaram e voltaram a recuar no inicio dos anos 90 com o desmantelamento da União Soviética. Os gastos militares voltaram então a se turbinar com a invasão do Afeganistão e Iraque.

No Oriente Médio querem nos fazer acreditar que o principal problema está relacionado “com o fundamentalismo islâmico, com a falta de democracia, as questões econômicas não tem relevância”: Querem também impor como natural, Israel invadir a Palestina, manter trabalhadores palestinos sob constante terror e se utilizarem de sua força de trabalho com fonte de maior exploração. Segundo essa análise a Primavera Árabe é simplesmente uma “revolução virtual por democracia”, é dessa maneira que os ideólogos da burguesia tentam esconder o real motivo pelos quais as pessoas se colocam em movimento nesse pedaço do mundo. E ainda contam com uma parcela considerável dos que se auto-proclamam defensores e entendedores dos problemas da classe trabalhadora mundial, que afirmam que o principal problema é a falta de democracia.

Ao afirmarmos isso não estamos negando a existência do legítimo movimento de derrubar a burocracia que se mantém à custa de reprimir e conter por todos os meios do aparato do Estado a luta por liberdades restritas e negadas.

Mas afirmamos que se carrega em demasia e de propósito as análises sobre a ausência de democracia no Oriente Médio, para tentar ocultar a essência: o Capital preocupado com o movimento da classe que pode atrapalhar seus negócios numa região que ao analisarmos com a lupa da geopolítica é rica numa commodities, fundamental para o desenvolvimento do Capital, 60% aproximadamente do ouro negro, ou seja, do petróleo mundial se concentra ali.

O Afeganistão é caminho estratégico para encontrá-lo, a Arábia Saudita segunda maior produtora e assim por diante Iraque e também a Síria que no conflito iniciado em 2011 já matou mais de 90 mil pessoas, são pedaços do mundo estratégicos em extração de matéria-prima fundamental para o sistema.

E para tentar garantir que nada saia do controle do que necessita o Capital, lá está o Estado imperialista seja em sua face republicana ou democrata, para garantir que a força de trabalho e os recursos naturais presentes nessas regiões do mundo também sejam explorados.

Um Estado que ao tentar ocultar e falsamente se desculpar pela segregação racial imposta nos EUA, presta o serviço sem querer, de mostrar que não basta ser mulher ou negro para ser exemplo da negação do preconceito e da desigualdade. Nada como as Secretárias de Estado dos EUA nas últimas décadas Condolessa Rice no governo Bush, mulher e negra e Hilary Clinton no governo do negro Barack Obama para mostrar em ações de governo, que antes do gênero e da cor, vem a classe.

Independente do gênero que se encaixem, da cor de sua pele, o que determina a ação e a relação dos seres humanos na ordem capitalista, é onde estão na produção e reprodução da sociedade capitalista em que vivemos.

E ao concluir esse trecho da análise, mais exemplos de como os símbolos carregados de muita ideologia servem ao Capital e se impõem no senso comum para esconder a realidade: assim como as torres que foram ao chão nos EUA se tornaram motivo de comoção e combate ao terror através de forte propaganda dirigida pela burguesia, em outra região, outros símbolos são destruídos, mas sem a comoção imposta pela propaganda do Estado, pois os mesmos atrapalhavam negócios do Capital.

No mesmo ano das torres do World Trade Center, o Taliban com o auxílio dos meios de propaganda da ideologia dominante causou comoção e indignação ao demolir com dinamite os budas de Bamyan, estátuas de 35 a 53 metros e com mais de 1.500 anos. Mas não vimos nada nos meios de comunicação da burguesia sobre o mosteiro budista que está prestes a virar pó num complexo afegão para atender as necessidades de uma mineradora chinesa.

Trata-se da mineradora China Metallurgical Group Corporation (MCC), que pretende explodir as imagens do Buda porque sob esse mosteiro encontra-se o segundo maior depósito de cobre do mundo, estimado em 6 milhões de toneladas e no qual os representantes do Capital já anunciaram que pretendem investir 3 bilhões de dólares. A única concessão da mineradora para os que timidamente se manifestaram, é a liberação de uma pequena equipe de pesquisadores e arqueólogos, que poderão tentar registrar a memória do budismo localizado ali, enquanto as obras de infraestrutura para mineradora ainda não estão concluídas.

Ver sem os véus da ideologia dominante o que acontece nos continentes asiático e africano, possibilita entender o movimento do Capital nas economias dominantes e ao mesmo tempo entender a divisão de tarefas entre si, onde o império se recupera à custa da fatura imposta pelas economias dominadas, através das ações de seus Estados nacionais.

Revelar o que as aparências escondem:

O coração do bicho, o imperialismo estadunidense, mostra em seu próprio quintal como deve ser feito, cortou na própria carne, aplicou seu plano de austeridade. Olhar para cidade de Detroit berço da indústria automobilística é um bom exemplo. A Prefeitura da cidade entrou com pedido de concordada, fábricas transferiram a produção para outros países buscando mais lucros através de mais exploração da força de trabalho, mais da metade da população saiu da cidade, (principalmente os brancos ricos, quem ficou são em 80% negros e trabalhadores) 40% da iluminação pública está desligada e com o pedido de concordada agora vão para cima dos empregos e salários do funcionalismo público e reduzirão ainda mais os serviços públicos para a população trabalhadora.

O império deu o exemplo e espalhou suas dívidas pelo mundo, agora o governo Barack Obama se prepara para devolver “aos donos” o que se tornou um dos maiores exemplos da ação do Estado para salvar o Capital na crise de 2008/2009: o governo americano começou a se desfazer das ações que comprou da GM, processo esse que se estima será concluído nos próximos 15 meses, causando um estrago considerável ao Tesouro nacional, pois a GM comprará as ações pela metade do valor que foram vendidas em 2009 ao Estado.

O conteúdo se revela atrás da forma: os trabalhadores na Europa, em países como Portugal, França e Itália pagam diretamente a fatura cobrada pela grande do continente: a Alemanha. Os dados de agosto mostram a recuperação na Europa justamente pela expansão da indústria na Alemanha. Ou seja, impondo arrocho, reformas e diminuição de direitos nos demais países da zona do euro e também aos trabalhadores alemães, o Estado garantiu as condições não só de recuperação, mas de expansão do Capital.

No inicio da década de 90 a Alemanha cortou na carne para dar exemplo: o Estado mediou acordo entre os representantes dos trabalhadores e dos patrões com o objetivo de aumentar a produtividade e ao mesmo tempo diminuir direitos garantidos através das lutas.

Na crise recente mais do tirar da gaveta esse pacto bem sucedido para o Capital, impôs como condição para garantir os recursos da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI) aos países mais endividados, um plano de austeridade que tem como principal ponto: nenhum recuo no que diz respeito aos cortes em direitos, restrição do acesso a serviços públicos e arrocho nos salários.

O coração do sistema imperialista segue em recuperação e as saídas para a última crise garantiram vantagens como a precarização do trabalho. Além disso, como mencionamos ao falarmos da China, graças à luta dos trabalhadores chineses os salários começam a ter aumento, portanto a força de trabalho chinesa ainda faz os olhos dos capitalistas brilharem, mas não tanto com há algum tempo atrás. Contratos mais precarizados com os trabalhadores, menor gasto com transporte, a nova e razoável oferta de gás, são exemplos que justificam empresas como Caterpillar, Ford e GE que há muito tempo operam no exterior estarem transferindo algumas de suas unidades de volta para os EUA. Estudo de fevereiro de 2012 constataram que 37% das indústrias americanas com vendas superiores a U$ 1 bilhão de dólares com plantas na China, estavam dispostas a voltar pra casa.

E assim o coração do bicho se recupera: espalhou a dívida para o mundo, se endividou também, transforma sua dívida privada, em dívida pública e dentro da divisão internacional do Capital, a Europa nesse momento do ciclo se responsabiliza pelo serviço de cobrar a conta de quem não a produziu. Nem a Suécia escapa, no final do mês de maio nas periferias dos Alpes europeus, os jovens colocaram a rebeldia em movimento contra a ação policial que matou um imigrante de 69 anos. Já chega a 25% o número de jovens sem emprego e a política de austeridade aplicada lá também atinge principalmente além dos jovens, os trabalhadores imigrantes africanos e do Oriente Médio. Na Turquia o estopim explodiu com a tentativa de acabar com um parque para transformá-lo num shopping, levou trabalhadores e jovens a mais do que denunciar a política repressiva do governo a expor as condições de vida da população trabalhadora. Passeatas, enfrentamentos com a polícia e greve convocada pela representação sindical dos trabalhadores aumentaram a partir da repressão do governo que já matou 4 pessoas segundo os dados oficiais, nas manifestações que tiveram início no mês de maio.

As economias dominadas continuam com sua tarefa fundamental de extrair ao máximo a mais valia produzida pelos trabalhadores através de jornadas extensas, baixíssimos salários, péssimas condições de trabalho

Como no povoado de Mae Sot na fronteira entre a Tailândia e a Birmânia onde trabalhadoras tailandesas trabalham mais de 14 horas por dia nas fábricas de confecção de roupas e recebem ao mês no máximo U$100,00 de salário, ao mesmo tempo em que, fruto de seu trabalho o setor têxtil no ano de 2012 faturou aproximadamente U$ 6,3 bilhões. Aqui também usam essa receita: Dentro da fronteira brasileira, trabalhadores bolivianos são amontoados como peças na periferia e nos bairros da região central da capital paulista, trabalham nas confecções de roupas em oficinas clandestinas com jornadas diárias que ultrapassam à 16 horas, não têm direitos, recebem baixíssimos salários, vítimas também da violência provocada e consentida pelo Estado, pais trabalhadores recém chegados ao Brasil, no mês de junho perderam seu filho de 5 anos assassinado na periferia de São Paulo num assalto.

Mais crianças da nossa classe morrem pela ação do Capital: como as mais de vinte crianças indianas que morreram e outras quarenta que ficaram em estado grave, vítimas de intoxicação alimentar, por causa da comida contaminada (por pesticidas e óleo estragado vendido pelo marido da diretora da escola) servida na escola pública da cidade de Gandamal no Estado de Bihar. Essa é a sociedade capitalista que sobrevive na exata medida que ataca a vida e a humanidade.

Explorando a classe trabalhadora mundial, entregando sua dívida privada a seu Estado, no centro do sistema, o Capital se recupera, mesmo que a passos mais lentos, distanciando somente mais um pouco uma nova crise cíclica e periódica de superprodução.

Os trabalhadores resistem em intensas e extensas lutas, as greves gerais na Europa, começaram a romper as cercas fronteiriças das nações. São lutas contra os pacotes impostos pelos Estados nacionais, são lutas que também se contrapõem às direções sindicais pelegas. Na Ásia os trabalhadores se colocam em movimento contra as péssimas condições de trabalho e os baixos salários. Fortalecer nossa solidariedade de classe, romper com as cercas que nos dividem entre nações e categorias é o primeiro passo no salto de qualidade, para que possamos mais do que nos defender dos ataques, avançar na luta contra essa sociedade de classes, que atenta todos os dias contra a vida.

A principal economia da América Latina através do governo democrático e popular garante as condições necessárias para o bom desenvolvimento do Capital

No Brasil, o plano é: distribuição de ínfima parte do Orçamento da União para quem nada tem, através dos programas sociais, grande oferta de crédito para complementar os custos com a manutenção da força de trabalho, que o salário não cobre. Trasvestidos ideologicamente de que agora nos transformamos na “nova classe média”. Amparados pelo controle pactuado de importantes instrumentos de representação da classe trabalhadora e acompanhado de uma série de pacotes, programas e medidas para a alegria do Capital, o governo democrático e popular nos últimos 10 anos se mostrou gestor capacitado a servir aos interesses da burguesia na máquina do Estado.

De Vargas, Juscelino, Militares, à Collor, FHC chegando a Lula e Dilma, o Capital contou com um Estado que se preparou para garantir seu pleno desenvolvimento:

No governo de Jucelino Kubitschek a infraestrutura necessária foi preparada para que o Capital através de suas multinacionais se instalasse no Brasil. Os governos militares ampliaram as condições para o aumento da exploração, baseado numa ditadura que torturava e matava quem se colocasse fora da ordem, com controle total sob os Sindicatos dos Trabalhadores (herança de Getúlio Vargas), impondo o arrocho salarial, o aumento da produção através da intensidade do trabalho, uma política combinada e voltada para os interesses do capital internacional.

Já na fase democrática dessa República, os governos de Collor e Fernando Henrique vão dar conta de entregar a infraestrutura criada na época de Juscelino, agora por inteiro ao Capital. Para que as empresas se instalassem era necessária a construção de portos, rodovias, siderúrgicas, ampliação das refinarias, um serviço que o Capital não estava disposto a pagar, portanto o Estado a realizou para no inicio da década de 90, entregá-la como mercadoria rentável ao Capital. E assim lá se foram: CSN, Embraer, Usiminas, Cosipa, Vale entre outras.

E assim se inicia a onda privatizante, onde tudo; de comoditties (como minério, petróleo) às estradas, podem virar mercadoria rentável ao Capital, privatizados serão transformados em fonte de alto lucro, impondo aos trabalhadores demissões, a redução do preço de sua força de trabalho e a piora das condições de vida e de trabalho. No atual ciclo vão além, o que deveria ser serviço público essencial, também transforma-se em mercadoria: saúde, educação, previdência, saneamento. Junto a isso, um intenso ataque aos servidores públicos que trabalham diretamente com a população trabalhadora. Principalmente na última década vivem o que os trabalhadores nas empresas privadas já conhecem tão bem: exigência de produtividade, metas a cumprir para pagamento de “gratificações”, com o objetivo de manter os salários arrochados e a intensificação da precariedade nas condições de trabalho, acompanhados de uma política de envolvimento combinada com a tentativa de transformá-los em “indivíduos” isolados não pertencentes a classe trabalhadora.

Mas os governos anteriores ao governo democrático e popular não tinham uma peça fundamental na ação do Estado para garantir por período razoável de tempo uma política que permitisse ao Capital se utilizar desse principal pedaço da América Latina para extensão de seus lucros: o controle dos principais instrumentos que a classe trabalhadora construiu no recém ciclo que se encerra.

Nada como a realidade mostrada em fatos, ações, planos e programas do governo para acabar com as análises rebaixadas que se resumem a síntese de: “um governo de traição, contra os trabalhadores”, ou então “o governo da coalizão necessária para se acabar com a miséria e garantir ganhos reais à classe trabalhadora”.

No ano de 2002 o Partido dos Trabalhadores apresenta à Carta ao Povo Brasileiro, o conteúdo revela o que a forma afirma: não se trata de um programa comprometido com os interesses dos trabalhadores, mas sim a síntese de um processo gestado na década anterior que permitiu ao Partido nascido com a classe trabalhadora transformar-se em seu avesso. No documento o PT se compromete em honrar todos os compromissos firmados por seu antecessor, com os credores internacionais e se apresenta “maduro e responsável” para gerir os interesses do Capital na máquina administrativa do Estado.

O mandato se inicia com uma Reforma da Previdência pactuada com os governadores dos estados, aumentando a idade para a aposentadoria dos servidores públicos. Muita propaganda para impor como verdade, a necessidade de reformar para combater privilégios, auxiliar no “saneamento” das dívidas do Estado e garantir uma previdência para o conjunto dos trabalhadores.

A Reforma passou sob os olhos da CUT que só se pronunciou contra, às vésperas da votação. Professores, servidores do INSS, o funcionalismo público das três esferas foram os diretamente atacados. Trabalhadores do Estado que amargam péssimas condições de salários, com salários base que se aproximam do mínimo complementados pelos penduricalhos denominados de “gratificações", foram esses os primeiros e principais alvo do governo.

Na crise de 2008/2009 o governo mostrou serviço de excelência para o Capital

Nos primeiros sinais de saídas da crise nos EUA, o governo Lula afirmou que ela não chegaria ao Brasil, para na sequência dizer que caso chegasse seria apenas uma marolinha. Tudo isso preparava o terreno para que pudessem mostrar o quanto seriam eficientes em garantir as políticas anticíclicas para evitar grandes transtornos ao Capital. Marolinha foi para o Capital, já para a classe trabalhadora, intensa tempestade.

Muito recurso público para indústrias e bancos, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), isenções de impostos acompanhados de acordos entre as centrais sindicais, como CUT, Força Sindical, CTB, UGT onde direitos e salários foram reduzidos.

Ou seja, o governo soube cumprir sua tarefa de economia dominada e, portanto subordinada ao Imperialismo, sendo exemplo como economia dominante na América Latina do que fazer para garantir as saídas saudáveis ao Capital: investiu dinheiro público, enquanto as demissões aconteciam, o que significa dizer que boa parte dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) foram utilizados para o pagamento das rescisões trabalhistas, via os recursos generosamente repassados às indústrias por meio do BNDES. Além disso, o governo estimulou e apoiou os pactos firmados entre as centrais sindicais e a representação patronal, que mantiveram o “nível de emprego”, demitindo e depois contratando com pisos salariais inferiores.

O Brasil amadureceu para o Capital, se tornou a principal economia na America Latina dominada, onde a maioria dos governos desse continente tem aplicado a risca a receita de arrochar salários, sucatear serviços públicos e se colocar a disposição dos interesses imperialistas.

Agora políticas anticíclicas para que o Capital tenha um pouso no próximo tombo o mais leve possível

Entre 2011 e 2012, o governo Dilma garantiu muito investimento e facilidades para o setor de bens de capital e lançou novos pacotes na área de rodovias, ferrovias, aerovias, energia. Prorrogações, isenções e diminuição de impostos, diminuição dos juros e cada vez mais incentivos a que tudo se transforme em mercadoria: da saúde à educação.

O resultado disso: a dívida pública, que significa o gasto que o governo tem com esses pacotes, comprometia ao menos 42% do Orçamento federal ao final de 2012, enquanto para saúde, educação, saneamento, assentamentos os índices de investimentos só diminuem. O petróleo que de fato nunca foi nosso, agora começa a ser fatiado em generosos blocos para o Capital. Na rodada de maio o governo em seu leilão vendeu 289 blocos divididos em 11 estados brasileiros e dados subestimados dizem que a produção será de 10 a 13 bilhões de barris, a Agencia Nacional de Petróleo diz que a venda pode chegar a U$ 2 trilhões.

A desoneração da folha de pagamento para as empresas, que significa diminuição de impostos, principalmente o que é pago para a Previdência abrirá um rombo no futuro próximo que o governo não tem dúvida para quem enviará a fatura: aos trabalhadores. Com uma nova Reforma da Previdência, tentando estabelecer idade mínima para aposentadoria, acompanhado da substituição do Fator Previdenciário que deveria ser eliminado, pelo Fator 95, projeto esse apoiado pela maioria das centrais sindicais que na prática fará com que os trabalhadores tenham que trabalhar ainda mais para chegar perto do valor integral das aposentadorias, ou seja, é trocar seis por meia dúzia.

Isso tudo num passo combinado com a maior parte das centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central) que caminharam de mãos dadas com as representações patronais por todo o Brasil, com destaque para a principal delas, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), num coro único para tentar esconder na forma, o conteúdo.

Com a falsa justificativa que o país passa por um processo de desindustrialização, o Capital ganhou do governo mais uma rodada de isenções. A campanha “Brasil maior” teve como real objetivo além de políticas de Estado que diminuam os impostos, chegar no x da questão para o Capital instalado no Brasil: tornar ainda mais barata nossa força de trabalho.

Desindustrialização aonde?

A burguesia nacional definiu seu espaço no capitalismo mundial: o de ser subordinada e feliz, e assim tem sido. Empresas com sedes aqui como Gerdau, Embraer, Vale, Usiminas a maior parte delas vendedoras de bens de capital produzidos pelos trabalhadores à custa de arrocho salarial e ritmos intensos de produção, estão com seus produtos em várias partes do mundo. Vendem ao Império e também vendem às economias dominadas.

Rotatividade, precarização, acordos coletivos rebaixados: fórmulas para ampliar o processo de exploração

Não é uma ação desse ciclo, iniciada já em décadas anteriores pelo Capital como forma de ampliar seus lucros: a precarização das contratações através das terceirizações, contratos temporários, que têm como objetivo achatar os salários e rebaixar direitos.

As grandes empresas sejam elas de origem nacional, ou multinacionais demitem os trabalhadores efetivos e através de um intenso processo de precarização aumentam o número absoluto de trabalhadores na produção, através das terceirizações. Pioram as condições de trabalho, diminuem direitos e nos dividem em diversas categorias numa mesma fábrica.
Outra forma da precarização é a utilização da rotatividade. Em regiões onde há concentração de grandes empresas, por exemplo, os patrões demitem em períodos determinados grande número de trabalhadores, seja em massa ou a conta gotas, para depois recontratar, pagando o piso salarial da categoria.

Mas há outro instrumento fundamental utilizado pelo Capital para ampliar seu lucro: acordos entre empresas e sindicatos de trabalhadores onde se legitima pagar ainda menos pela mercadoria força de trabalho, aceitando nas Convenções Coletivas de Trabalho a redução salarial e a diminuição de direitos.

É o que mais uma vez fez o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo filiado à CUT, com a Volks através do acordo assinado em março de 2012 com validade até 2016: estipulando reajustes salariais em no máximo 2%, mais o INPC acumulado de 16 meses, mantém e amplia as possibilidades de extensão da jornada através do banco de horas e permite a terceirização em períodos de novos lançamentos.

A síntese da direção do Sindicato escancara no que se transformou o instrumento que nas décadas de 70 e 80 foi parte importante das intensas lutas da classe trabalhadora: “A proposta evitou a abertura de uma nova planta da Volks no Brasil até 2016”. Não há mais luta em defesa da classe, a ação da direção sindical é em defesa de um projeto de parceria com o Capital, que garante o aumento da produtividade e ao mesmo tempo a continuidade de sua representação sindical no ABC paulista. A guerra fiscal agora é uma guerra assumida também pelo sindicato.

Tentam generalizar isso com a proposta do Acordo Coletivo Especial (ACE), elaborado por São Bernardo, avalizado pela CUT e que tem o apoio da maioria das centrais sindicais. Como já conversamos nos lançamentos da Revista n◦ 4 da Intersindical e nos diversos espaços do Sindicato, o conteúdo central da proposta é permitir através de uma nova legislação a liberação de acordos que rebaixem direitos e salários. Querem alterar a CLT não para ampliar direitos, mas para desamarrar o que hoje impede os patrões de atacarem ainda mais os direitos. Num jogo de cena combinado, a representação dos patrões também lança sua pacote de alteração de 101 artigos da CLT, através da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Todas as propostas têm o mesmo objetivo: diminuir direitos, permitir a flexibilização da jornada e a redução de salários.

Para aqueles que acham que a corrupção é determinante nas ações dos governos, para esse governo, foi só mais uma expressão de como se adaptaram por completo à ordem: o espetáculo do mensalão tentou ofuscar a estrela que já não brilha para os trabalhadores

No ano de 2012 durante mais de 4 meses o Supremo Tribunal Federal julgou os envolvidos no caso do mensalão, ocorrido em 2005. Diferente de todos os outros casos de corrupção: seja de recebimento ilícito, uso do erário público para benefício próprio, compra de votos, desvio de verbas públicas já ocorridos no país, nenhum outro teve mais empenho do Judiciário brasileiro, acompanhado de intensa e extensa cobertura midiática.

Os principais réus envolvidos nesse caso, convencidos de que já estavam aceitos e reconhecidos como membros do comitê gerenciador dos negócios da burguesia, avaliaram que poderiam fazer o mesmo que seus legítimos representantes e da mesma forma não serem punidos.

Mas a burguesia, através de seus representantes legítimos no aparelho de Estado, não perdeu a chance de expor e condenar a maioria envolvida no caso, com o objetivo principal de atacar aquele Partido dos Trabalhadores que já não existe mais.

Todos aqueles que definiram o espaço institucional como o espaço central da luta dançaram ao ritmo do mensalão. Indo da CUT e outras organizações aliadas que propuseram ir às ruas para defender os envolvidos no caso, aos setores que se autoproclamam como a única e verdadeira esquerda, mas em seus programas eleitorais só falaram sobre a corrupção, com se não houvesse mais exploração, essa sim a principal arma do Capital contra a classe trabalhadora.

Para os que exploram, o governo Dilma segue com as políticas anticíclicas seja através da isenção e diminuição de impostos, seja com os programas de infraestrutura onde o que pode ser rentável vai para as mãos das empresas privadas, seja com o ex-presidente, Lula viajando pelo mundo afora com delegações que representam empresas privadas, como um representante comercial (o caixeiro viajante do Capital) dos interesses da burguesia.

AS LUTAS DE JUNHO
Tentam transfigurar a forma, para não revelar o conteúdo: o pavio está aceso.

O Capital com a devida operação do Estado no governo democrático e popular tenta ocultar o avanço das lutas no Brasil, dos últimos dois anos: aumento do número de greves reivindicando mais salários e melhores condições de trabalho, ampliação dos direitos, nas grandes multinacionais, obras do PAC, da Copa, nas usinas hidrelétricas, à servidores que devidamente prenderam dentro do banco, o Prefeito que reduziu seus salários em Juazeiro do Norte. O Capital e seu Estado tentam reduzir essas lutas em manifestações corporativistas e fragmentadas. E para as mobilizações do mês junho tentaram alçar o espaço virtual que agiliza as convocações: como o “grande organizador horizontal invisível”.

Após a dura jornada de trabalho, a maioria que precisa dos serviços públicos, da saúde à educação vive a mesma situação de antes do governo democrático e popular: o acesso é cada vez menor e cada vez mais precário. Além disso, o pedaço onde quem é trabalhador mora é destruído para que as obras dos “grande eventos” possam passar, indígenas são tratados como “um problema”, que impede o avanço da agroindústria no Brasil.

Por mais que nossa classe tenha se endividado para comprar um carro, a maioria de nós precisa do transporte coletivo, principalmente para trabalhar e nas semanas de junho a mobilização contra o aumento da tarifa colocou estudantes, mas também milhares de trabalhadores em movimento, por isso e por tantos outros problemas que vivemos no Brasil.

Centavos a mais é muito para quem recebe por sua força de trabalho um salário que é necessário fazer escolhas, entre andar mais a pé, ou diminuir a alimentação.

Trabalhadores que a partir de muita propaganda ideológica do Capital e seu Estado na expressão do governo democrático e popular do PT, se movimentam como se fossem apenas indivíduos, descolados de sua classe. Exigindo a cidadania que nada mais é do que o espaço criado pela e para a burguesia, como se fosse um espaço de todos quando na verdade é mais um instrumento para atender os exclusivos interesses do Capital.

A dura jornada, as condições de trabalho e de vida pioram. A violência de Estado nas periferias (que em São Paulo é a principal política pública da Opus Dei de Geraldo Alckmin, que também se expressa na defesa dos interesses da especulação imobiliária principalmente na invasão e destruição do Pinheirinho em São José dos Campos/SP, no ataque aos assentamentos como Milton Santos em Americana/SP e Elisabeth Teixeira em Limeira/SP), a ausência do básico nos serviços públicos se extravazou numa boa e devida, mesmo que ainda não consciente raiva de classe: o aparelho repressor do Estado agrediu quem estava dentro e quem estava fora apoiando as mobilizações.

As manifestações se ampliaram e a repressão também: uma trabalhadora, passa mal ao inalar gás lacrimogêneo e morre vitima de infarto, um jovem de 18 anos morre atropelado por um motorista de uma Landrover que avança contra a manifestação, mais duas mulheres morrem vitimas de atropelamento durante as manifestações. Em Minas pessoas que tentam se proteger da repressão policial caem do viaduto, se ferem gravemente e um jovem de 22 anos morre, no Rio de Janeiro, nas favelas a polícia novamente em nome do combate ao tráfico invade e mata.

Nada melhor para a sociedade do Capital que se acredite que ninguém está entendendo nada. Do que está acontecendo

As mobilizações que se iniciaram pelo Movimento Passe Livre movimento que se organiza há 08 anos principalmente por estudantes em várias cidades do país e que desde o inicio não recusou e contou com o apoio de outras organizações, cresceu em solidariedade, como em participação ativa, principalmente a partir da violência de Estado praticada novamente no dia 13 de junho na cidade de São Paulo.

Ao ver que o pavio aceso, já não podia ser escondido, o Capital colocou sua pequena burguesia para trabalhar, principalmente nos meios de comunicação: hostilizar qualquer identidade organizada de classe, acompanhada de um nacionalismo ainda restrito ao hino e a bandeira, mas o principal: tentar impor que são indivíduos que se auto-organizam negando qualquer organização. Junto a isso a ação combinada do Estado na expressão do governo federal, com Dilma dizendo que é preciso ouvir a voz das ruas e correndo para se reunir com Lula e Haddad para revogar o aumento da tarifa do ônibus e Alckmin para não ficar só com o ônus da repressão também revoga o aumento da tarifa dos trens. Tudo isso na tentativa de conter, o pote que transbordou.

Acompanhado a isso muitos “estudiosos” das expressões e relações humanas registram suas dificuldades ou suas conclusões para entender o que acontece. Organizações e partidos que se auto proclamam a direção necessária para a classe (como PSTU, PSOL) tentam esconder que estão atônitos entre a hostilização contra si orquestrada não pelos anarquistas como teimam em destacar, mas principalmente pela burguesia e dificuldade em saber como participam com o objetivo muito mais oportunista do que estratégico nas manifestações

Tudo isso expresso em suas análises, e ajuntamentos de última hora para suas diluídas convocatórias com aqueles que já mostraram que não estão com os trabalhadores como as centrais sindicais pelegas.

O Partido dos Trabalhadores e seus auxiliares no movimento (CUT, CTB, Força Sindical entre outras centrais, MST, Marcha Mundial de Mulheres, Consulta Popular, PCdoB entre outros) logo após o anuncio da suspensão dos reajustes nas tarifas de ônibus tenta entrar em cena nas manifestações. Se utiliza da história que renegou para continuar a ser aceito pela burguesia, tentando disputar o movimento.

Parte expressiva dos partidos do campo de esquerda como fez a opção preferencial pela institucionalidade, se inscrevem na pauta prioritária da pequena burguesia, que tenta reduzir, sem sucesso, as demandas que colocam milhões nas ruas ao problema da corrupção e assim auxiliam mesmo que não deliberadamente a tentativa de ocultar a principal luta a se fazer: contra a exploração capitalista legitimada pelo Estado.

Propaganda ideológica, repressão oficial e tentativa de cooptação travestida de recuo. Tudo vale para tentar conter a explosão

Enquanto em várias cidades do país a polícia seguiu reprimindo e criminalizando, em São Paulo no inicio da semana de 17 de junho se fingiu desarmada e ausente. Para depois voltar guardiã dos meios privados pichados, depredados e saqueados, a mesma ação se seguiu em outras cidades brasileiras. Fruto das mobilizações nas ruas, os governos que antes anunciaram nenhuma possibilidade para que isso acontecesse, revogaram o aumento das tarifas em várias capitais e cidades do interior pelo país afora. Os meios (de comunicação) por onde os representantes do Capital se manifestam “clandestinamente”, valorizam tudo aquilo presente nas manifestações que não trará consequências graves ao funcionamento da sociedade, ou seja: combate a corrupção, paz de cemitério, tudo isso pode e deve ser estimulado.

No final da semana do 17 de Junho, a burguesia acelerou as ações dentro das manifestações. A principal representação do Capital no país, a FIESP (Federação das Indústrias no Estado de São Paulo), veste seu prédio na Avenida Paulista com a bandeira do Brasil, na forma a expressão do conteúdo: tentar transformar as mobilizações na “mobilização de todos” e continuar a ocultar a classe no indivíduo, impor a cidadania como o “bem maior e de todos a ser defendido”. Junto a isso na mesma Avenida através de grupos com ações claramente fascistas ataque a toda e qualquer forma de ação e instrumentos organizados da classe trabalhadora, ação que se expressou em outros lugares.

O governo democrático e popular se pronuncia legitimando a pauta da burguesia: ataque as ações mais radicais presentes nas manifestações, chama para o Palácio do Planalto diversas organizações como o Movimento Passe Livre, o Movimento dos Trabalhadores sem teto, as Centrais Sindicais. E na forma o governo diz que mais do que “ouvir” quer dialogar.

Chama também os governadores para apresentar as ações emergenciais, mandando um claro recado que trabalha para socializar o ônus do desgaste dos últimos dias. E para coroar um Plebiscito onde toda a sociedade seria chamada a opinar sobre uma reforma política, tentando ocultar os problemas do transporte, da saúde, da educação, do arrocho salarial, nas “singelas” perguntas sobre o financiamento das campanhas e a forma do voto.

No conteúdo de todas as medidas a tentativa da construção do pacto para tentar frear e retardar a boa e necessária luta de classes.

Quem se distanciou e quem conciliou com o Capital contra a classe trabalhadora tenta se colocar como protagonista das lutas: CUT, UGT, CTB, Força Sindical, Conlutas entre outras organizações se reuniram e definiram um Dia nacional de paralisação. Em que pese que a pauta reúna bandeiras já existentes e comuns da classe trabalhadora, as centrais sindicais que já capitularam a parceria com os patrões e os governos têm como objetivo se cacifar ao chamado ao pacto com o governo. Na outra ponta o oportunismo de se impor como direção à esquerda da classe, na expressão da Conlutas e outras organizações.

Nossa tarefa é sem arredar um passo de nossa estratégia, contribuir para que a classe trabalhadora se enxergue e assim potencialize a luta. Avançando na luta de classes, mantendo firmes nossa bandeira vermelha e nossa organização.

Participamos das mobilizações sem a pretensão oportunista de dirigir esse processo de luta, sem arredar um passo do nosso enfrentamento nos locais de produção e circulação do Capital, estamos nas ruas e avenidas, para contribuir que o pavio aceso siga seu trilho e principalmente para contribuir que os trabalhadores, reduzidos a indivíduos se encontrem como classe trabalhadora.

Participamos do dia 11 de julho nos locais onde estamos organizados com paralisações, assembleias e panfletagens com material próprio reafirmando nossa política: é com a classe nos locais de trabalho, moradia e estudo potencializando a luta contra os ataques do Capital, seus governos e seus aliados presentes no movimento.

E o momento desse encontro necessariamente revela que para enfrentar os ataques do Capital e seu Estado é preciso negar o pacto que tem como objetivo frear a luta e iniciar uma nova rodada de ataques ao conjunto dos trabalhadores.

Seguir no trilho de nosso processo histórico como classe é também seguir construindo, defendendo e ampliando nossos Instrumentos de Organização e Luta, potencializar cada mobilização que se enfrenta com ações do Estado, revelando que ele atende as necessidades do Capital.

E assim com a classe na experiência das lutas do seu cotidiano imediato, avançar para a maior e necessária luta por uma sociedade socialista.

E assim no Brasil, com o Capital completamente desenvolvido, num regime democrático pleno, o governo do PT realiza o programa democrático e popular (e numa economia dominada, sem passar pela etapa no Estado do “bem estar social”, realiza o programa da social democracia).

Portanto há etapa que nos falta é a socialista. E essa se percorre na força das lutas diárias, com a classe trabalhadora e não em seu nome.

A burguesia nacional a cada período histórico escolheu seu lugar, o de ser subserviente ao Capital internacional. As alianças de classes mais prósperas na jovem e intensa história do Brasil não seguiram o padrão de outros países, não aconteceram alianças clássicas com a burguesia nacional como meio da realização da etapa democrática, essa veio a ser cumprida de uma forma distinta, sendo extremamente benéfica aos nossos inimigos de classe.

As alianças concretizadas foram vitórias do grande capital e se realizaram principalmente nas duas últimas décadas, entre as representações do Capital e as principais representações sindicais dos trabalhadores, submetidas ao Partido construído pelos trabalhadores e que se transformou em seu contrário.

Para isso muita propaganda ideológica para tentar ocultar quem somos

Segundo o governo do PT, hoje quem de nós receber uma renda entre de R$ 291,00 a R$ 1.019,00 é considerado parte dos “setores médios”, da sociedade, vulgarmente chamados de classe média, (sua denominação correta são setores médios, recebem salários bem maiores que a maioria dos trabalhadores assalariados, mas o que está longe de ser condição para serem aceitos no restrito espaço da burguesia). O governo se utiliza da expressão para tentar ocultar nossa classe, tentando nos transformar “nos novos consumidores” através das pequeníssimas quantias distribuídas nos programas sociais, na criação dos novos e precários empregos, na ampliação de nossas dívidas, através da oferta de crédito, pois agora quem tem a casa do PAC “minha casa, minha vida”, também terá o “Minha casa melhor”, empréstimos financiados pela Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil para a mobília e eletrodomésticos do imóvel. E assim o governo amplia mais um pouco as fontes de lucro das indústrias da construção civil, do eletroeletrônico entre outros. Isso que é ideologia transpirando por todos os poros: o que quer o governo é tirar nossa identidade de classe: sai o trabalhador, entra o consumidor, indivíduo pertencente aos setores médios, que compra que com sua renda de R$291,00 a R$1.019,00 em suaves prestações até a comida, pois não há outra forma com esse salário de “classe média” garantir a manutenção da vida.

Tentam assim ao nos colocar ideologicamente nos setores médios, esconder quem somos, para que não nos reconheçamos como classe produtora de todas as riquezas apropriada pelos capitalistas. Tentam arrancar nossa identidade de classe trabalhadora, não a partir da base material e econômica, mas sim ideologicamente.

E como viramos essa classe média ideal aos interesses do governo e do Capital? Boa parte dos salários dos trabalhadores nos últimos anos foi reajustada acima do INPC, mas isso não significa aumento real nos salários, pois os demais reajustes que aumentam os preços de tudo que faz parte de nossas despesas diárias são reajustados com índices superiores (luz, água, aluguel, comida, eletrodomésticos). Então se o salário não cobre as despesas, lá vem o “governo de todos" liberar muito crédito, para que nos endividemos como classe, como nunca antes na história desse país.

E assim tentando nos transformar em indivíduos isolados, agora além de buscarmos ao vender nossa força de trabalho o salário que garanta mais do que a sobrevivência, buscamos também o pagamento de nossas dívidas produzidas pela nova e falsa classe a que dizem que pertencemos. E assim tentam nos fazer acreditar que pactuar com o inimigo é bom, possível e necessário.

Errado pensar que isso começou no dia 1◦ de janeiro de 2003, com a chegada do PT ao governo federal, isso foi gestado ao longo das últimas duas décadas. Transformaram um dos locais de intensas lutas da classe trabalhadora, num laboratório para conciliação de classes: no ABC paulista as primeiras e frutíferas experiências para o Capital foram realizadas, através das Câmaras setoriais do setor automotivo, onde com a anuência do Sindicato dos Trabalhadores, a produtividade aumentou com o aumento do ritmo de trabalho, inovações tecnológicas e muitas demissões em massa ou a conta gotas.

A cada passo que o PT avançava em seu programa de adaptação à ordem capitalista, ampliando sua participação nos espaços institucionais, mostrando em pequenas (prefeituras) e médias (governos estaduais) experiências, sua capacidade de administrar os interesses do Capital na máquina do Estado, o “laboratório sindical” avançava como um instrumento eficaz de conciliação de classes, fundamental para as demandas do Capital.

Ou seja, a CUT e principalmente o que conseguiu fazer em boa parte de seus sindicatos filiados foi determinante para a concretização do projeto do PT nesse pedaço de chão cercado pela nação, denominada Brasil: se submeteram à ordem, se inscreveram para participar e compartilhar as saídas das crises do Capital. Desfiguraram o instrumento construído nas lutas dos trabalhadores e o colocaram à serviço da ordem capitalista contra a classe trabalhadora.

Enquanto a burguesia vai bem nos explorando, nós como classe trabalhadora espalhada pelo mundo e cada vez maior, vamos mal

Somos classe trabalhadora, por mais que tentem nos ocultar como indivíduos, subdivididos no gênero, na cor, na idade, na restrita aquisição de mercadorias produzidas por nós mesmos como classe, nós pertencemos à única classe, que ao vender sua força de trabalho, a principal e mais rentável mercadoria que o Capital pode comprar, produz muito mais valor do que vale no processo de produção capitalista.

E como classe por mais que não faltem empregos nas indústrias como na construção civil seja das obras da Copa, das Olimpíadas, das refinarias, das hidrelétricas e usinas, é preciso enxergar além de ver os números que só aumentam de contratações formais, sob em que condições os trabalhadores se encontram, para isso lembrar das lutas recentes dos operários em Jirau na usina de Belo Monte é um bom exemplo. Por mais que estejamos fruto de nossas lutas mantendo e ampliando direitos, parte de nossa classe não vive essa situação, está sob condições de intensa exploração, e submetida às direções sindicais comprometidas com os patrões.

Muitos dos nossos irmãos de classe continuam em situações completamente precárias de trabalho, trabalhando em longas jornadas, com salários baixíssimos e sem direitos básicos. Nossos jovens na periferia continuam sendo assassinados pela repressão do Estado ou pelo estado paralelo do tráfico. Não são poucas, sejam nos semáforos, nas carvoarias, na agricultura, nas ruas, as crianças, filhas de nossa classe, que ou estão trabalhando ou abandonadas à deriva da violência seja ela oficial ou não.

É nesse país que receberá Copa, Olimpíadas passando por cima das casas da periferia, que um jovem índio de 35 anos da etnia terena chamado Oziel Gabriel foi assassinado pela repressão do Estado no final de maio, em terras invadidas por fazendeiros no Mato Grosso do Sul. A representação do governo democrático e popular através do Ministério da Justiça resumiu assim o que é ser um governo para todos: “… se acaso se constatar abuso na ação de reintegração de posse, os envolvidos serão punidos…”. Mataram, para garantir as demandas dos fazendeiros e a resposta do governo é incluir os fazendeiros, principais interessados em expulsar os indígenas, na discussão dos critérios para demarcação das terras.

Esse é o governo democrático e popular: mais espaço para aqueles que cercam um pedaço de mais 10 mil hectares e chamam de seu, enquanto tribos indígenas se espremem em no máximo 3 mil hectares, no estado do Mato Grosso do Sul.

Para avançar na realização do Socialismo, mais do que palavras é necessário firmeza e coerência em cada passo da luta

Aqueles que se adaptaram à ordem, nos acusam de sermos a “turma do contra, aqueles que querem o “socialismo” já, que não aceitam nenhuma mediação com a atual conjuntura”. Mais do querer o socialismo, necessitamos dessa nova forma de sociedade desde que nos reconhecemos e nos organizamos como classe trabalhadora, nessa sociedade que é um atentado contra a humanidade e à vida. Portanto como classe lá se vão mais de cinco séculos que lutamos com as exigências de cada período histórico, contra o capitalismo.

O período em que vivemos exige de nós avançarmos nesse enfretamento contra a sociedade de classes. Isso se traduz em cada luta que realizamos por aumento nos salários, por melhores condições de trabalho, por mais direitos, onde não nos submetemos à parceria com o inimigo. Isso é avançar no enfrentamento de classes.

A CUT, o PT, e infelizmente outras organizações de representação dos trabalhadores ao se adaptarem, ao conciliarem com e para que o Capital a cada crise se recupere, auxiliam no adiamento desse confronto necessário entre as classes. Se defendem dessa política nos acusando de dinossauros radicais que negam a “modernização das relações entre o capital e o trabalho”.
Somos contra essa sociedade organizada para a desigualdade, onde a riqueza produzida por nós como classe vai se concentrar nas poucas mãos dos que hoje detêm os meios de produção: só no ano de 2012, os 100 maiores bilionários do mundo aumentaram sua riqueza em U$ 240 bilhões, enquanto nós como classe morremos nos incêndios assassinos nas fábricas têxteis, temos direitos diminuídos, salários reduzidos, passamos fomes nas periferias e nos grandes centros do mundo.

Eles enriquecem na exata medida da nossa miséria, e lá está o Estado pronto a reprimir, conter, ocultar a luta de classes para o pleno desenvolvimento do Capital proporcionando formas que ocultam seu conteúdo.

Como no Brasil definir que o valor máximo pago através de Programas como o Bolsa Família seja de R$ 306,00 para quem quase ou nada tem e ao mesmo tempo garantir através de negócios com o governo que um Eike Batista mesmo que hoje não esteja mais entre os 200 mais ricos, ainda fechou o ano de 2012 em 100◦ lugar no ranking dos mais ricos do mundo segundo a revista Forbes. E como a fortuna caiu, mais ajuda estatal para recuperar as cifras perdidas.

Uma sociedade do Capital, que pelas mãos da repressão do Estado matam indígenas, criminaliza o movimento dos trabalhadores, tentando ocultar no cassetete, nas balas e no gás as manifestações que crescem e vão muito além da revolta contra o transporte coletivo privado e extremamente precário, mas somadas às greves e mobilizações em diversas regiões e categorias mostram que o pavio da revolta se ascendeu.

Somos sim contra essa sociedade civilizada e concentradora de riqueza do Capital

Ver e afirmar que a etapa em que vivemos é socialista é nos colocarmos em movimento junto com nossa classe a partir de suas demandas imediatas dentro dos locais de trabalho e fora dele: por mais e melhores serviços públicos de saúde, educação, previdência, saneamento e moradia, sempre com os pés firmes para o passo seguinte.

Nossa critica a institucionalização não se reduz aos processos eleitorais, esses já se revelaram por inteiro: a cada dois anos a classe trabalhadora, é convocada como indivíduo a depositar/ digitar seu voto nas urnas. Impõem na expressão a pretensa “igualdade” entre os indivíduos, para esconder o conteúdo: o Estado democrático garantindo no espaço da representação aqueles que gerenciem os interesses da classe economicamente dominante, a burguesia.

O que era uma tática correta nos partidos de esquerda, eleger pessoas comprometidas em defender as demandas dos trabalhadores também nos espaços institucionais, infelizmente transformou-se na principal estratégia. Acompanhado a isso o rebaixamento e a falsa divisão de tarefas entre os instrumentos da classe: ao partido as questões gerais, aos sindicatos e centrais sindicais a questões imediatas da classe, com o objetivo de submeter tanto um, como outro aos interesses da ordem capitalista.

Junto a isso o que já existia antes: as Organizações Não Governamentais (ONG”s), também chamadas de terceiro setor, que hoje têm mais de 3 milhões de pessoas contratadas, estão apostas em todas as regiões do país tendo como serviço: apaziguar, conter, mediar, enfim evitar o conflito entre as classes: missões, assistência pública/privada no aconselhamento das famílias da nossa classe, que vão desde alimentação, escola, violência ao encaminhamento para o trabalho necessário ao Capital. Tudo com o objetivo ao ocultar na falsa harmonia ou inexistência de classes, a continuidade da exploração capitalista.

Mas muito mais do que ONG”s, a principal ferramenta utilizada nesse ciclo que se encerra foi o controle sob os instrumentos dos trabalhadores que num passado recente, para um capitalismo tão jovem se enfrentavam contra a ordem existente. É aí que reside a principal arma do Capital para tentar frear nosso movimento como classe, nesse pedaço do mundo: a cooptação, combinada com a institucionalização das lutas, ocultando a classe trabalhadora nos mais diversos e fragmentados movimentos sociais e no indivíduo.

Com também a definição como política estratégica de participar prioritariamente dos espaços institucionais, tão somente nos espaços simbólicos do Estado seja através das eleições ou do deslocamento da luta dos locais de trabalho, moradia e estudo, não cumprem a tarefa de acumular forças para a luta socialista.

Para nós a estratégia prioritária continua sendo organizar a classe pela base, sem vender as ilusões que o fazem aqueles que se encantaram pelo espaço institucional do Estado Capitalista.

Sem vacilação, sem buscar o Estado para nos tutelar e principalmente sem conciliar com quem nos explora, temos como classe trabalhadora o dever de realizar as tarefas de nosso período histórico que garantam as condições para o enfrentamento maior: a destruição dessa sociedade de classes para a necessária construção da outra e nova sociedade Socialista. Combater os que querem adiar cada vez mais esse necessário conflito de classes é parte das tarefas que se mostram mais do que no nosso dizer: não à parceria com o Capital e seu Estado, se concretizam quando além de dizermos não, fazemos a luta que mantém e amplia direitos e salários. Quando mesmo nos espaços criados pela ordem como os Sindicatos, conseguimos ir além da ordem, subverter a imposição de uma legislação onde esses instrumentos devem estar tutelados e controlados pelo Estado. Essas são as principais tarefas de nosso período histórico, a cada luta imediata, num processo de avançar na organização da luta na base, avançar no processo de consciência e das lutas gerais e políticas da nossa classe.

Acumular força e avançar no processo de consciência no calor das lutas e em nossos espaços de organização e formação junto à nossa classe inclui avançar também em nossa reflexão sobre as experiências e nossa concepção e defesa do Socialismo.

Nossos inimigos dizem: “adeus aos operários”. Nós reafirmamos com o concreto da realidade, com os próprios números da burguesia e de seu Estado que: a classe trabalhadora cresce cada vez mais em números absolutos em todos os cantos do planeta. Nossa classe que se apresenta fragmentada em categorias (em todos os espaços da produção que interessam ao Capital de manteigas à canhões, da educação à saúde desde que sejam fonte de lucro, da exploração do xisto ao petróleo e tantas outras possibilidades “mercantis”), em contratações e condições de trabalho cada vez mais precárias que matam, adoecem e também fazem operários chineses recorrerem ao suicídio em fábricas e até aos espaços financeiros da expressão do Capital como nos bancos com as imposições de metas aos bancários para que “vendam cada vez mais”.

Indo ao centro da classe, nos espaços de produção que transformam minério em aço, que produzem bens de capital, ou seja, na metalurgia, os operários metalúrgicos são um bom exemplo para o conjunto da classe trabalhadora, de que os robôs não conseguiram substituir o trabalho humano. Somos nós a classe trabalhadora no processo de produção que produz MAIS do que VALE, condição necessária para o lucro e manutenção do Capital.

Revelar a classe escondida no indivíduo e nos mais diversos e consentidos movimentos fragmentados, é tarefa fundamental na etapa histórica em que vivemos

E para isso os discursos retóricos, a subjetividade descolada do concreto da classe de nada valem e a “disputa” de um Estado que é o Estado da classe economicamente dominante junto à conciliação com o inimigo da classe que se expressam nos acordos que reduzem o preço da força de trabalho, cumprem a tarefa de tentar a todo custo retardar o necessário confronto de classes.

Se reencontrar como classe trabalhadora e nesse reencontro enxergar seu núcleo central, é passo fundamental a não retardar as tarefas de nosso tempo histórico. Com os pés calcados na realidade, construir na luta do cotidiano de nossa classe, as condições que rompam com retardamento da pequena burguesia e dar o salto de qualidade para a necessária Revolução. Revolução que não nos espera na esquina, que não carece de quem se proclame como direção, mas carece de uma direção que se constrói com a classe e não em seu nome. Passos firmes na exigência desse ciclo: acirrar as contradições, revelar e enfrentar o que o inimigo de classe e seus mediadores no movimento tentam ocultar. Condição básica e fundamental para construir a urgente e necessária Revolução Socialista.

– AMPLIAR A SOLIDARIEDADE AOS TRABALHADORES EM LUTA EM TODO MUNDO.
– FIRMES E JUNTOS NA DEFESA DAS CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO CUBANA E DOS POVOS QUE LUTAM POR SUA EMANCIPAÇÃO COMO O POVO PALESTINO.
– SOLIDARIEDADE AS LUTAS DOS TRABALHADORES NO ORIENTE MÉDIO, QUE BUSCAM MAIS DO QUE LIBERDADE, MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO.

NÃO ACEITAR NENHUM PACTO COM O CAPITAL E SEU ESTADO
• Contra o ACE e todas as tentativas de diminuição de direitos e salários.
• Pelo fim do fator previdenciário e de todas as medidas internas na previdência que tem por objetivo atacar os direitos dos trabalhadores
• Pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários.
• Em defesa da saúde e da vida da classe trabalhadora
• Ampliar a luta contra a terceirização e todas as formas de precarização das condições de trabalho.
• Contra a criminalização dos movimentos e pela punição dos assassinos de nossa classe
• Respeitando a prioridade das lutas em cada local de trabalho, também seguimos nas lutas por saúde, educação, previdência, transporte, públicos e de qualidade para todos, por moradia, em defesa dos povos indígenas, da reforma agrária. Juntos na luta contra os atingidos pelas mega obras do governo.
• A CADA LUTA IMEDIATA DA CLASSE, SEM VACILO E SEM PARCEIRA COM O INIMIGO, AVANÇAR PARA REALIZAR O QUE ESSA ETAPA HISTÓRICA NOS EXIGE: A DESTRUIÇÃO DA SOCIEDADE DE CLASSES, E A CONSTRUÇÃO DO SOCIALISMO.

Um Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora: a Intersindical se consolida no processo de reorganização do movimento, não pela, mas com a classe.

Em junho de 2006 nos reunimos na cidade de São Paulo após duas décadas de luta dentro da Central Única dos Trabalhadores. Mais do que seus fundadores, fomos parte de sua construção: somos fruto das Oposições dos anos 80 que se colocaram em movimento contra os patrões e os pelegos que estavam a serviço desses e da ditadura, assim construímos a central a partir das lutas que fizemos com nossa classe. Combatemos dentro e fora da central, a posição de sua direção majoritária que principalmente a partir da década de 90, transforma a CUT num dos principais laboratórios a concretizar o plano estratégico do PT, se torna o instrumento à serviço da ordem, parceiro do inimigo, o que significou derrotas nada pequenas para a classe trabalhadora. A política gestada no ABC paulista que se alastra para a maior parte da CUT, foi fundamental para que o PT pudesse mais do que se apresentar, ser aceito pela burguesia na administração do aparelho de Estado.

Mais do que uma constatação sobre os rumos da CUT, nossa decisão de construir a Intersindical, teve como base a necessidade de retomar os princípios abandonados, renegados que estão na origem da central. Sair da CUT para nós, diferente das demais organizações que romperam, não teve como objetivo acomodar “os que ficaram órfãos de cargos de direção”. Para nós sair da CUT não foi fechar os olhos ou negar o compromisso de centenas de companheiros que mesmo estando em Sindicatos filiados à central, se mantiveram coerentes e comprometidos com a luta dos trabalhadores.

Portanto a Intersindical nasce reafirmando em suas ações os princípios de independência em relação aos patrões e governos, autonomia em relação aos partidos, colocando como prioridade a organização da luta a partir da base da classe. Afirmando o Socialismo não como um “horizonte” distante ou inalcansável, mas sim como uma necessidade concreta da humanidade.

Nos reconhecemos na classe, não no Estado

Em 2007 um alvoroço entre as diversas organizações presentes no movimento sindical brasileiro se instalou, pela ação do governo Lula ao dar reconhecimento legal às centrais sindicais. A CUT que nasce combatendo o imposto sindical, passa a aceitá-lo enquanto não se define outra forma de financiamento, ou seja muda-se o nome, mas mantém-se o conteúdo: ao invés de “imposto”, agora uma “taxa” negocial, a ser descontada dos trabalhadores em épocas de negociação.

Na onda do financiamento estatal nascem a UGT, Nova Central, CTB entre outras, todas inscritas para o pacto com o Capital, dissidências da Força da Sindical e também da CUT, que não se enfrentam pelo conteúdo do programa, mas pela fatia do bolo do imposto sindical. Disputam entre si também o reconhecimento como organizações dispostas a serem parceiras dos patrões e das ações do governo que vêm beneficiando o Capital, com isenções de impostos, parcerias públicas privadas e principalmente na gestação de um projeto onde direitos e salários possam ser flexibilizados e diminuídos, como é a proposta do Acordo Coletivo Especial (ACE).

Mas não foram só os que se pautam hoje como instrumentos de conciliação com o Capital que se alvoroçaram para serem reconhecidos pelo Estado. Setores que dentro da CUT se colocavam à esquerda nas trincheiras do enfrentamento interno, sentiram-se órfãos de aparelhos e consequentemente de cargos de direção e assim numa análise mecânica, distanciada da classe sentenciaram que o problema da direção se resolve com a decretação de novos partidos ou novas centrais, mesmo que esses venham carregados dos mesmos erros e vícios de um passado recente.

Desde então pautam sua existência, se localizam na conjuntura a partir do reconhecimento do Estado, sejam aqueles que buscam o reconhecimento de sua central, como a CSP-Conlutas, fazendo questão de registrar no Ministério do Trabalho todos seus sindicatos filiados, sejam aqueles que ao tentar se unir racham, se dividem e se juntam nas mais diversas correntes numa “mesa coordenadora para a construção de uma nova central”, muitos deles sendo financiados até pouco tempo por dinheiro dos patrões através das taxas negociais pagas nas campanhas salariais, como os setores do Psol na direção do Sindicato dos Químicos de Campinas, Vinhedo e Osasco (só não recebem mais o dinheiro do patrão por determinação do Judiciário).

Setores esses que saíram da Intersindical a partir do II Encontro Nacional em abril de 2008 quando tentaram impor sem sucesso, a decisão de seu partido para dentro da Intersindical: a decretação de uma nova central com a Conlutas. De decreto a decreto, seguem separados cada qual em seu partido, cada qual tentando construir sua central. Esses setores que tentam a todo custo se legitimarem como representantes dos trabalhadores através do reconhecimento do Estado para sua central sindical como a CSP-Conlutas, ficam à sombra das centrais sindicais reconhecidas pelo Estado e parceiras do Capital. A imagem é didática: um dos coordenadores da Conlutas se esforça para ser filmado na coletiva de imprensa no dia 26 de junho, após o encontro com Dilma sobre as manifestações por todo país, mesmo tendo como porta-vozes os presidentes da CUT e da Força Sindical.

A pauta da CUT e das demais centrais sindicais reconhecidas pelo Estado é clara: são parceiros dos patrões, protagonistas das marchas como, por exemplo, a marcha em frente ao Banco Central exigindo um “Brasil grande, a partir de juros menores” nas saídas da crise do Capital em 2009. São os mesmos que juntos as principais representações patronais, como a FIESP levantaram a falsa discussão da desindustrialização e de mãos dadas com os patrões no ano de 2012 exigiram um “Brasil Maior” a partir de farta isenções fiscais para vários setores das indústrias, acompanhados de pacotes para o setor da construção civil, interessadíssimos em explorar a infraestrutura que ainda está nas mãos do Estado.

Já a pauta dos setores que se autoproclamam a direção combativa dos trabalhadores e buscam o reconhecimento do Estado à suas organizações, deslocam suas reivindicações para o espaço institucional. Ao invés da luta organizada a partir dos locais de produção e circulação do que produzimos como classe, a prioridade de suas ações se pauta pela superestrutura da sociedade, ou seja, mais uma vez colocam suas demandas ao Estado, para isso marchas que reúnem algumas dezenas de milhares à Brasília, mas nos locais de trabalho pouco ou nenhuma ação. A busca pelo reconhecimento não primeiramente da classe é tão grande que chegam a se perder ao tentarem se localizar na conjuntura. Exemplo, disso é a marcha que citamos acima realizada em março de 2009, junto com os pelegos estavam também Conlutas, PSOL, PSTU, Consulta Popular, MST.

Para a Intersindical de nada adianta só constatar a ação dos mediadores dos interesses do Capital e daqueles que se utilizam da retórica para tentar ocultar a ausência da necessária organização da luta nos locais onde a exploração acontece. Trabalhamos para enfrentar o ataque dos patrões e do governo junto com a classe, com os pés calcados nos locais de trabalho. Conscientes da necessidade de enraizar o enfrentamento onde estamos para ampliá-lo, condição fundamental para acirrar o necessário conflito de classes.

Fazer isso não é tarefa fácil e nem pequena, a firmeza em concretizar as ações que o período histórico em que vivemos nos exige é condição primeira para que possamos avançar na consolidação desse Instrumento que tem contribuído no processo de reorganização do movimento.

Nossa avaliação de que ao não nos submetermos ao mais do mesmo, aos erros e vícios do passado recente, não só ampliaríamos Intersindical, como garantiríamos o salto de qualidade nas lutas da classe trabalhadora, se confirmou.

Para além da negação, agir sob as contradições, impulsionar a luta dos trabalhadores, fora ou dentro dos instrumentos criados na ordem, indo além dela

Nas últimas três décadas tanto a conciliação com o Capital mediado pelo Estado, como a negação dela, se deu em diversas organizações, frentes e movimentos, mas principalmente na luta travada nos Sindicatos e Oposições Sindicais.

Para tentar frear e ocultar a luta e classes, o Estado entrou mais uma vez, através do governo Getúlio Vargas, principalmente a partir da década de 40, quando atrela a estrutura sindical brasileira, através do imposto e da unicidade sindical, da carta sindical, impondo como condição para criação ou não de novos sindicatos a autorização do Ministério do Trabalho. E foi nesse espaço, nos Sindicatos que nas últimas décadas os principais enfrentamentos contra o Capital em seu movimento de ampliar a exploração se manifestaram.

Portanto agir nos Sindicatos, organizar Oposições contra os velhos e novos pelegos, organizar as lutas específicas por salários, direitos e melhores condições de trabalho é parte da tarefa dos que têm compromisso em lutar contra o fim da sociedade de classes. Pois a Revolução se constrói a partir do enfrentamento direto e diário contra os ataques do Capital. Aumentar os salários, ampliar os direitos, organizar a luta pelas demandas específicas e imediatas dos trabalhadores, não atrasam a Revolução, mas sim potencializam o processo de organização da classe se estiverem intimamente ligadas ao processo de avanço na consciência e é isso que nas trincheiras onde estamos e onde estamos chegando temos trabalhado a cada dia.

Já quem se enclausura na ação corporativista, quem se limita na teoria descolada do movimento da classe, quem tenta se apresentar como tão somente bom representante dos trabalhadores, rebaixando suas reivindicações até que se tornem irreconhecíveis, e principalmente quem concilia com o Capital através de cordos que vão da redução de salários às parcerias onde participam ativamente das políticas que garantem o aumento da produção, dos resultados e dos lucros do Capital, esses sim atrasam a Revolução.

O processo de construção da Intersindical, nos possibilita ver isso com a clareza dos que estão no dia a dia da classe trabalhadora: nas lutas que fazemos pela redução da jornada, nos enfrentamentos contra a redução de direitos e salários, nas Oposições sindicais que estamos construindo, apoiando e potencializando contra os pelegos.

Greves, paralisações, operação tartaruga, passeatas, eleições sindicais onde derrotamos os velhos e novos pelegos: é a Intersindical em movimento

Os exemplos mostram mais: de 2008 ano do II Encontro Nacional onde decidimos manter a Intersindical como uma Organização Sindical, sem o título carimbando pelo Estado de central sindical, foram várias greves, paralisações, operações tartaruga, dezenas de eleições sindicais onde derrotamos os velhos e novos pelegos presentes no movimento sindical e ampliamos nosso Instrumento.

Derrotamos a CUT nas três últimas eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos/SP, também no Paraná com os Trabalhadores do serviço público da Saúde, nos Professores de Curitiba/PR, nos Trabalhadores nos Correios do Paraná e também em Campinas/SP, nos Servidores de Santos/SP (contra os que se dividiram em chapas, mas estavam juntos na tática para eleições: CUT, Nova Central e Conlutas), nos Servidores de Indaiatuba derrotamos a chapa da nova central e do prefeito, indo ao RS em Cachoeirinha também derrotamos a chapa do prefeito. Nos Radialistas derrotamos a CUT em 2007, que não conseguiu montar chapa em 2010 e estamos ampliando nosso trabalho na base. Nos Têxteis de Blumenau/SC derrotamos a CUT e CTB, derrotamos a Força Sindical, UGT, Nova Central e CGTB nas sucessivas tentativas das últimas eleições nos Metalúrgicos de Limeira/SP. Como Oposição derrotamos os pelegos nas eleições do Sindicato dos Trabalhadores na indústria das carnes em Chapecó/SC e nos Metalúrgicos de Ipatinga/MG. A Oposição dos Metalúrgicos de Manaus contra a atual direção da CUT se consolida e a Oposição dos Metalúrgicos de Gravataí/RS se amplia contra os pelegos da Força Sindical. Derrotamos também os que se colocam na retórica contra os pelegos mas, se juntam quando lhes convêm como foi na eleição do nosso Sindicato em 2011. Onde contra a nossa Chapa da Intersindical, se juntaram Psol e CTB e a Conlutas se reduziu a fazer um apoio “crítico” à nossa chapa. O resultado que tiveram na eleição mostrou o quanto estão junto com os metalúrgicos de Campinas e região: a chapa do Psol e da CTB não conseguiu sequer 15% dos votos da categoria. Esses são alguns importantes exemplos do nosso enfrentamento contra os velhos e novos pelegos presentes no movimento sindical. Em agosto, ampliamos mais uma trincheira, no Mato Grosso derrotamos os pelegos da CUT no Sindicato dos Trabalhadores nos Correios e assim se ampliam as ações do ramo e também a organização das Oposições e consolidação da Intersindical no estado.
Exemplos que mostram que o espaço da disputa das eleições sindicais é ação necessária nesse período. Mas além de derrotar os pelegos, a nossa tarefa fundamental é transformar esses Sindicatos em instrumentos que potencializem as lutas e a organização autônoma dos trabalhadores. Na maioria das disputas derrotamos os pelegos, em outras, ainda não, o que requer de nós mais organização e presença para potencializar o que já está lá latente: os trabalhadores dizendo não aos pelegos, buscando um Sindicato que não seja instrumento de submissão.

Nos diversos lugares onde mantivemos nossa direção ou onde derrotamos os pelegos, os exemplos de avanços na luta e na organização são demonstrações do acerto de nossa política, de manter a Intersindical como um instrumento de luta e organização com a classe e não em seu nome.

Vejam só:

Em Blumenau/SC a direção do Sindicato dos Têxteis com nosso firme apoio, após as eleições em abril de 2011, priorizou a organização da luta a partir dos locais de trabalho e desde o início desse ano, com nosso empenho em ajudá-los na organização desse importante processo, os companheiros têm enfrentado os patrões do ramo têxtil e junto com a categoria em operações tartarugas que chegaram a derrubar mais de 70% da produção em empresas como Hering, Cremer e Altenburg, uma das principais reivindicações da categoria tem sido alcançada: o início do fim do trabalho aos sábados.

Também em Santa Catarina na cidade de Chapecó, os companheiros da direção do Sindicato dos Trabalhadores na indústria de carnes, que derrotaram os pelegos em 2010, enfrentam a direção da Sadia e das demais empresas que impõem além de salários arrochados, um ritmo alucinante e cruel, onde homens e mulheres cada vez mais jovens, adoecem, têm braços e mãos atrofiados, nas linhas de produção onde um frango é desossado em menos de 5 segundos.

A nova direção do Sindicato dos Professores de Curitiba/PR assim que derrotou a CUT em 2011, na sequência organizou uma grande greve da categoria que mais do que reajuste salarial enfrentou a proposta do governo de impor a meritocracia, ou seja, uma forma de manter o salário arrochado, impondo metas para gratificações, transformando a educação nas escolas públicas numa linha de produção. A diretoria do Sindicato organizou a mobilização com a base e a greve que não acontecia há muito tempo, derrotou a proposta do governo e iniciou no processo de organização da luta na base.

No centro da classe, a firmeza que além de manter e ampliar direitos, contribui de maneira decisiva para nossa estratégia
Nos metalúrgicos a ação firme e coerente que nos fez romper com a Federação dos Metalúrgicos da CUT em 1997, se mantém principalmente pela ação do nosso Sindicato, junto ao Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira e desde 2006 também com Santos. Conseguimos além de manter direitos tão odiados pelos patrões como a estabilidade até aposentadoria para os trabalhadores vítimas de acidentes ou doenças provocadas pelo trabalho que tenham deixado sequela permanente, ampliá-los na Convenção Coletiva de Trabalho.

Nossa decisão segue firme em não compactuar com os acordos tão celebrados pela representação dos metalúrgicos da CUT, como o último assinado entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo/SP com a Volks, onde os reajustes salariais, o valor da PLR, além da ampliação do banco de horas já estão fechados até 2016.

Enquanto as centrais sindicais organizaram junto com os patrões principalmente no setor metalúrgico, tanto no ABC paulista como na capital, paradas da produção, para marcharem juntos exigindo do governo Dilma políticas de combate à falsa desindustrialização, nós fomos para os locais de trabalho, preparar a mobilização contra esse ataque articulado pelos patrões com a anuência dos pelegos que buscam um grande pacto social. Amparados por uma nova legislação que permita a flexibilização e eliminação de direitos, para isso serve a proposta do Acordo Coletivo Especial (ACE), para isso serve a 101 propostas da CNI. Tudo orquestrado para que o governo Dilma seja o mediador de mais uma rodada de conciliação promovida pelos instrumentos da classe que se transformaram em seu avesso.

Estar no centro da classe no processo de produção de valor e mais valor nos coloca a responsabilidade além de manter nossas trincheiras ampliá-las no enfrentamento contra o Capital. Pois é no ramo metalúrgico o principal termômetro de a quantas anda o Capital em sua totalidade. É daqui que saem as principais comoditties (aço, ferro,) e bens de capital (máquinas, equipamentos), é daqui que saem os bens duráveis (caminhões, vagões, carros, eletroeletrônicos), todas essas mercadorias fundamentais ao desenvolvimento da sociedade capitalista, são fruto direto do trabalho de homens e mulheres trabalhadoras que na divisão social do trabalho, são metalúrgicos. Por isso a cada luta na categoria, podemos potencializar ou frear a luta de classes. Nós nos decidimos pela primeira: enfrentar o inimigo.

Nossa luta não pode e não é restrita aos períodos de campanha salarial: nos últimos anos principalmente na base do nosso Sindicato, como também em Limeira e Santos, temos realizado manifestações que vão de assembleias à paralisações que marcam nosso enfrentamento contra a precarização do trabalho, através das terceirizações, do aumento do ritmo de trabalho e da jornada, da ausência de condições seguras de trabalho que têm aumentando o número de acidentes e doenças provocadas pelo trabalho.

E principalmente: temos colocado como prioridade em nossas ações a mobilização que além de organizar a categoria para suas questões específicas vão além: como nas paralisações contra as políticas de consertação de classes que se demonstram no pacto da maioria das centrais sindicais para as saídas da crise em 2009, o pacote contra a falsa desindustrialização e a tentativa de transformar em lei o ACE.

Nesses 7 anos, ao não abrir mão do objetivo de construção da Intersindical, nossa ampliação é na classe

Recusamos ser representantes devidamente reconhecidos pelo Estado para junto ao Capital submeter à classe trabalhadora a sucessivas derrotas. Mais do que isso, não somos parte dos que buscam agrados ou formas de atração. Somos partes daqueles que mais do que não esquecer que somos herdeiros de tantos que deram suas vidas pela luta da classe trabalhadora, acreditam e por isso lutam para que a emancipação dos trabalhadores, seja obra dos próprios trabalhadores.

No Encontro de abril de 2008, com 2 anos de existência, tomamos a decisão correta de manter a Intersindical como uma organização sindical de amplitude nacional, que mesmo não tendo e não buscando o reconhecimento legal como central sindical, tem se organizado e realizado tarefas de uma central sindical, o que foi abandonado pela maioria absoluta das centrais sindicais reconhecidas pelo Estado. Nossa avaliação de que ampliaríamos esse Instrumento não só se concretizou, como foi um salto de qualidade: com Sindicatos, Oposições e Coletivos estamos presentes na maioria das regiões do país, o que prova que esse Instrumento seria construído para além das Organizações que dela fazem parte como nós da Alternativa Sindical Socialista. Não estamos construindo mais uma frente de federações de correntes, mas sim um Instrumento a partir das organizações sindicais e de base dos trabalhadores.

Ler a realidade e enfrentá-la: Lutas, Cadernos, Encontros, planejando a ação para enfrentar o inimigo

Temos nos exigido principalmente a partir da construção da Intersindical, rigor na análise, combinando a devida agitação para as mobilizações com nossos Jornais, mas potencializando essa agitação com os Cadernos que lançamos nesses últimos sete anos: Reaprendendo o ABC, Crise: A Classe no olho do furacão, Organizar a Luta por Nenhum Direito a Menos e para avançar em novas conquistas (parte de nossos estudos sobre o ramo metalúrgico, bancário e funcionalismo público), A Classe em Luta para sair do furacão e a Cartilha Sobre a Saúde do Trabalhador. Com prioridade nos locais de trabalho, não deixando de lado os locais de moradia e estudo, indo na contramão dos que defendem a parceria com os patrões e seus governos e também daqueles que militam prioritariamente nos espaços da representação, ampliamos a Intersindical.

Uma ampliação que se deu a partir da base seja com os Coletivos, Oposições e Sindicatos, que em boa parte não tem ligação orgânica a nenhuma corrente sindical ou partidária, o que para nós não é condição e nem impedimento para estarem juntos conosco nesse Instrumento que ao não abrirmos mão de sua construção se consolida no processo de reorganização do movimento dos trabalhadores no Brasil.

Ao construir esse processo com a classe e não pela classe de maneira nenhuma é negar a necessidade de direção no processo de enfrentamento de classes, mas ser direção é muito distinto de ser impor artificialmente como tal, na construção de uma nova central, de um novo partido, ou na diretoria de um sindicato.

A direção se constrói e se consolida nas lutas diárias da classe, na relação onde nos reconhecemos iguais como classe, onde a partir da confiança, do respeito e da coerência, entre o que falamos e fazemos, da experiência acumulada nas lutas, mais do que estarmos credenciados a apontar a direção a seguir, vamos juntos conduzindo não em nome mas com a classe. É assim que vamos contribuir para as necessárias e novas ferramentas da classe: sua Central Sindical, seu Partido.