Raoni Rajão, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista na relação entre tecnologia, ciência e políticas públicas, com ênfase na avaliação de políticas de controle do desmatamento e de pagamento por serviços ambientais, fala ao podcast Ambiente é o Meio sobre fertilizantes em terras indígenas.
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Rajão conta que cerca de 90% das reservas de potássio, utilizadas em fertilizantes na agroindústria, “estão fora das terras indígenas na Amazônia”. Motivados pela guerra entre Rússia e Ucrânia e a dependência do Brasil na importação de fertilizantes, o professor e outros pesquisadores do Departamento de Engenharia da UFMG lançaram o relatório Crise dos fertilizantes no Brasil: da tragédia anunciada às falsas soluções, publicado com o apoio do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que refuta as declarações do governo brasileiro.
De acordo com o estudo, as principais reservas de potássio estão em Sergipe, São Paulo e Minas Gerais. Mas o potencial dessas reservas não é explorado, o que faz do Brasil dependente das importações de fertilizantes à base de potássio, vindos principalmente da Rússia.
Segundo o professor, “a solução não é entrar em terras indígenas, porque os agrominerais não estão lá, e não é de uma hora para outra”, visto que a extração e o beneficiamento do potássio dependem de grandes estruturas e investimentos. “O Brasil deveria buscar produzir e se tornar mais independente de fertilizantes”, afirma Rajão. Mas adverte que “é preciso mais investimento e tecnologia para tornar isso algo economicamente viável em larga escala e isto está faltando no Brasil”.
Fonte: Jornal da USP