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17 de Junho | Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca

Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca foi criado em 1994 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para despertar a conscientização dos agravantes que essas mudanças podem ocasionar ao planeta.

Em entrevista ao Portal do Sintaema o Paulo Mansan, coordenação do Projeto Mãos Solidárias e da direção do MST de Pernambuco, afirmou que “a data é imprescindível, porque todos os anos milhões de hectares sofrem com o processo de desertificação. E por que isso ocorre? Por conta do processo de mudanças climáticas, causados em especial pela agricultura em larga escala, pelo desmatamento imposto pelo agronegócio brasileiro e mundial e pelo mau uso da terra. Então, tudo isso que listei faz com que o processo de desertificação avance em todos os cantos do mundo, em especial no sul global, África e América do Sul”, alertou.

Foto – Rebeca Martins

Ao destacar caminhos para combater a desertificação, Mansan, que também é assentado da Reforma Agrária e doutor em Agroecologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRP), ainda destacou que o central é o reflorestamento, o investimento na produção agrícola de pequena escala e o cuidado com a terra. “Essa é a receita básica para alinhar produção agrícola casado com os biomas. Assim construiremos uma agricultura agroflorestal que possa deter esse processo de degradação ambiental que é a desertificação”, ponderou.

Mas por que falar sobre desertificação e seca?

A desertificação é definida como um processo de destruição do potencial produtivo da terra por meio da pressão exercida pelas atividades humanas sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa.

Leia também – Avanço da desertificação no Nordeste amplia risco de falta de água e de alimentos

A ONU classifica de desertificação apenas os danos nas áreas de ocorrência localizadas nas regiões de clima semiárido, árido e subúmido seco. Esse processo provoca três tipos de impactos: ambientais, sociais e econômicos.

Cientistas brasileiros vêm constatando um processo de desertificação em determinadas regiões do Nordeste do país. No final de 2023, por exemplo, um trabalho da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) mostrou que áreas áridas severamente degradadas já provocam redução das chuvas na região. Foram 18 anos de análise que constataram o avanço na mudança do clima na região do semiárido brasileiro. 

O Brasil se preocupa com o tema há tempos. Em 2024 se completam 20 anos do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAM). O país também protagonizou debates sobre o tema desde a década de 1970, levando a discussão para o evento Rio 92 – a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

O que tem contribuído para ampliar a desertificação?

São inúmeras as causas da desertificação, mas algumas potencializam a crise e ampliam os riscos para a fauna e flora das regiões afetadas. De maneira geral, como causas da desertificação podem ser apontadas:

  • Sobreuso ou uso inapropriado da terra (monoculturas comerciais como a cana-de-açúcar, soja, trigo, no Brasil)  
  • Desmatamento  
  • Utilização de técnicas agropecuárias impróprias  
  • Exploração descontrolada de ecossistemas frágeis
  • Queimadas   
  • Mineração   
  • Uso excessivo de agrotóxicos   
  • Poluição   
O que podemos fazer para enfrentar essa realidade e barrar a desertificação?

A promoção de sistemas alimentares mais sustentáveis é fundamental para evitar novas áreas de desertificação e seca. Isso inclui práticas de produção que preservem os ciclos naturais do solo, incluindo a rotação de culturas e o uso de técnicas de plantio que não promovam a poluição.

Ao alertar sobre o tema, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta ações que podem contribuir para o combate a desertificação, entre elas:

A recuperação da mata ciliar – Controla a erosão das ribanceiras das calhas dos rios e riachos, controla o aporte de nutrientes e de produtos químicos carreados aos cursos d’água, protege a zona ripária e filtra os sedimentos e nutrientes.

O reflorestamento – Regularização do ciclo hidrológico, prevenção da erosão, proteção à fauna, melhoria das condições geoambientais, incentivo à apicultura, controla os níveis de degradação do solo e da vegetação, aumenta os recursos hídricos, reduz os prejuízos na agricultura relacionados com enchentes, aumento do estoque sustentável de madeira legal, sequestro de CO2 e redução do efeito estufa.

E quintais produtivos – Conservação do meio ambiente, maior diversificação da produção e menos riscos, maior proteção dos solos contra efeitos erosivos, aumento da ciclagem e disponibilidade de alimento, proximidade da moradia do produtor, melhora a qualidade do alimento em função da não utilização de agrotóxicos e ainda auxilia na segurança alimentar do rebanho.

Neste dia 17 de junho, o Sintaema reitera sua luta em defesa do meio ambiente e lembra que a crise climática exige que travemos uma guerra implacável contra o processo de destruição do meio ambiente, que potencializa as mudanças climáticas e coloca em risco a vida de 3,2 bilhões de pessoas.