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Defender a Petrobras e lutar pela Constituinte

A luta política tende a polarizar. Se caminharmos para uma crise política profunda, a simples somatória das lutas econômicas será insuficiente para apresentarmos uma alternativa.

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O governo está paralisado. Ele está preso numa via unilateral para sair da crise. Ou seja, tentando recompor sua base governista no Congresso Nacional. Atuando num sistema político capturado pelo poder econômico, as forças conservadoras estão muito bem posicionadas para imporem derrotas ao governo Dilma.

Ao mesmo tempo em que garantem a paralisia do governo federal, as forças neoliberais atacam o principal patrimônio do povo brasileiro, a Petrobras. Ao atacarem a Petrobras, buscam não somente inviabilizar os grandes investimentos projetados, mas criar as condições para entregar o Pré-Sal para o capital estrangeiro. O Pré-Sal é fundamental para garantirmos um novo ciclo pautado na industrialização soberana e no aprofundamento das conquistas sociais. O que está em jogo é a soberania nacional.

Já é plenamente perceptível que a aposta do governo Dilma em fazer concessões para as forças neoliberais no campo da política macroeconômica não resultou numa trégua na luta política. Esta aposta constitui o pecado original do governo Dilma. O impopular ajuste fiscal em curso, assim como as propostas pautadas na restrição de direitos sociais, inviabilizam o aprofundamento das conquistas sociais, prejudicam a retomada dos investimentos produtivos, fomenta a rejeição ao governo e cria um abismo entre o governo e as forças populares.

Nesse momento, fazer ajustes e mudar a rota do governo não é tarefa fácil. O dispositivo midiático conservador empreende um massacre sobre o governo Dilma e a Petrobras.

Para isso, seleciona as acusações que desgastam o governo e o PT. A cada dia internalizam no imaginário popular que o governo Dilma é um “mar de lama”. Ignoram principalmente o fato de que o esquema de corrupção da Petrobras está diretamente vinculado ao financiamento privado de campanhas eleitorais.

O fato é que o governo Dilma, assim como as forças populares estão na defensiva. A batalha em defesa da Petrobras, do Pré- Sal e da soberania nacional é uma grande oportunidade para as forças populares abrirem uma etapa de ofensiva na luta política. Defender a Petrobras sem apresentar uma saída política para a crise em curso fragiliza a esquerda.

Por isso, é fundamental combinar a defesa da Petrobras com a necessidade de viabilizarmos uma Constituinte Exclusiva do Sistema Político. Trata-se de recolocarmos na agenda da sociedade as reformas estruturais tendo a luta pela Constituinte do Sistema Político como uma forma de viabilizarmos um novo arranjo institucional que possibilite a participação popular e a materialização das reformas.

Movimentações em torno da construção da unidade das forças populares estão em curso. O erro que não podemos cometer nesse momento é falharmos na identificação do inimigo: o imperialismo e as forças neoliberais. Gradativamente, a unificação da esquerda brasileira ocorrerá em torno de um programa de reformas estruturais capitaneado por uma bandeira política com potencial de massas.

Editorial da edição 626 do Jornal Brasil de Fato (27/02/2015)