Casos e mortes podem explodir se houver revogação da quarentena antes da hora, é o que alerta uma simulação feita por um grupo de 50 pesquisadores do Observatório Covid-19 BR.
Segundo a simulação, debaixo da curva tem uma mola e se a pressão pelo isolamento for retirada antes do tempo certo praticamente todo o sacrifício poderá ter sido em vão.
“Os dados mostram claramente que, sem as medidas de distanciamento social, o número de casos seria muito maior”, disse o ecólogo Paulo Prado, professor do Instituto de Biociências da USP e cofundador do Observatório em entrevista ao Jornal da USP.
Entre as simulações, os cientistas fizeram uma com a revogação total do distanciamento social a partir de 31 de maio, e o resultado mostra que se as medidas fossem removidas agora com a abertura geral de comércios e escolas o número de paulistanos contaminados iria às alturas e seria como se quase nada tivesse sido feito até agora, ou seja, cinco vezes mais paulistanos morreriam até o fim deste ano sem as medidas de isolamento do que com elas de acordo com a matéria.
“Milhares de vidas foram salvas pelo isolamento; isso fica claro”, diz o pesquisador Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica (IFT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), cocriador do Observatório. Dados que mapeiam a exposição ao vírus mostram que apenas 5% dos paulistanos entraram em contato com o vírus, e como ainda não há vacina ou medicamentos acabar com o isolamento seria como recomeçar do zero, segundo o pesquisador, que afirma ainda estarmos muito longe da chamada imunidade de rebanho.
“Precisamos de um plano para sair do isolamento, e isso precisa ser planejado com base em evidências científicas”, disse Kraenkel.
Confira a matéria completa com as demais simulações , estudos e opiniões dos outros cientistas do grupo.
Estado de São Paulo é o mais afetado pelo coronavírus
O Ministério da Saúde divulgou ontem (31) que já somam em 109.698 os casos confirmados e 7.615 mortos pela covid-19 no Estado de São Paulo, em pleno anúncio de reabertura gradual de alguns comércios e serviços.
Na capital são 55.741 casos confirmados e 4.116 mortes, e mesmo assim o governo estadual diz que a cidade está no nível 2 – laranja de restrição, ou seja, para a reabertura de shoppings, comércios e outras atividades.
Porém, a reabertura gradual que seria a partir de hoje (1º) de junho na capital foi prorrogada para o próximo dia 15 por um decreto da prefeitura, e somente se dará com a apresentação dos devidos protocolos de segurança pelos setores envolvidos.
Mesmo assim, a reabertura está na contramão do que vem sendo feito até aqui frente aos dados. Hoje os números mostram que a capital está com 92% das UTI’s ocupadas, uma média de 100 mortes por dia pelo vírus e o isolamento social bem abaixo dos 70% recomendados OMS.
Frente a este quadro, será que a capital paulistana vai aguentar a flexibilização anunciada? Quantas vidas se perderão em nome da economia?
São as perguntas que não querem calar!