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Bilhões de lucro, pesquisa e capacidade técnica: nada impede Zema de entregar a Copasa ao mercado

Foto: Almg

O governo Romeu Zema (Novo) tenta avançar, nos próximos dias, na privatização da Copasa — mesmo diante de um cenário que desmente todos os argumentos oficiais usados para justificar a entrega de uma empresa estratégica para o lucro do mercado financeiro.

A Copasa, criada na década de 1970 e responsável por atender 75% dos municípios mineiros, registrou lucro líquido de R$ 1,07 bilhão apenas nos nove primeiros meses de 2025. Trata-se de uma estatal sólida, com histórico reconhecido de produção científica, inovação tecnológica, boas práticas de saneamento e forte capacidade de investimento.

Mas, para Zema, nada disso importa. O governador segue à risca a mesma cartilha aplicada por Tarcísio de Freitas em São Paulo:
mesmo com empresa lucrativa, eficiente e estratégica, privatiza-se para agradar o sistema financeiro e consolidar alianças políticas.

Privatizar para quê? “Modernização”, no discurso; tarifa alta e precarização, na prática

O governo mineiro repete o mantra de sempre: “atrair investimentos”, “modernizar a gestão” e “universalizar o acesso”. Mas o histórico recente do país — e os alertas de especialistas — mostram que o efeito costuma ser o contrário:

  • tarifas sobem acima da inflação, penalizando a população trabalhadora e vulnerável;
  • serviços se precarizam, principalmente nos municípios menores, onde a operação não gera lucro imediato;
  • quadros técnicos são desmobilizados em nome de metas financeiras;
  • demissões se tornam regra;
  • e o foco da empresa deixa de ser o direito à água e ao saneamento de qualidade para se tornar a distribuição de dividendos a acionistas.

Foi assim com a Sabesp privatizada por Tarcísio de Freitas, onde bairros inteiros passaram a conviver com falhas constantes no abastecimento, extravasamentos de esgoto e reajustes abusivos ano após ano. E tudo indica que Minas Gerais segue pelo mesmo caminho.

Copasa é lucrativa. O problema não é financeiro — é o projeto político de Zema

A ofensiva privatista de Zema não se sustenta em dados econômicos:
a Copasa dá lucro, mantém capacidade técnica, tem presença robusta no interior e construiu, ao longo de décadas, centros de pesquisa e projetos modelo em gestão de água e esgoto.

O que está em jogo é outra coisa:

  • garantir apoio político ao governo estadual;
  • agradar bancos e fundos interessados em adquirir um ativo público estratégico;
  • e criar um ambiente de dependência entre prefeituras e empresas privadas de saneamento.

Universalizar o acesso? Melhorar o serviço? Nada disso exige privatização — exige compromisso público, planejamento e investimento.

Crime contra o povo mineiro

A Copasa pertence ao povo mineiro. Assim como a Sabesp pertence ao povo paulista.

Transformá-las em moeda de troca política e fonte de lucro para acionistas é não apenas irresponsável, mas perigoso para o futuro de milhões de brasileiros.

O Sintaema reafirma sua defesa de empresas públicas fortes, com controle social, investimentos permanentes, tarifa justa e serviços que priorizem a vida, a saúde e o meio ambiente — e não a lógica imediatista do mercado.

Água não é negócio. Água é direito humano essencial.
Diga não à prívatização da Copasa!