Desastre ocorreu na tarde desta sexta-feira (25) em Brumadinho; Corpo de Bombeiros ainda não confirmou vítimas
A barragem Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu nesta sexta-feira (25) em Brumadinho, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
As primeiras informações indicam que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. A Vale confirmou que havia empregados na área administrativa, que foi atingida pelos rejeitos, indicando a possibilidade de vítimas. O Corpo de Bombeiros resgatou, até o final da tarde, quatro pessoas feridas, que foram encaminhadas ao hospital João XXIII, em Belo Horizonte.
O Instituto Inhotim, o museu a céu aberto de arte contemporânea localizado no município, foi evacuado por precaução.
O rompimento da barragem em Brumadinho ocorre pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também em Minas Gerais – acidente que, em novembro de 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na região e deixou 19 mortos após rompimento de barragem de Fundão, da mineradora Samarco.
Maria Júlia Gomes de Andrade, coordenadora do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), afirma que o licenciamento foi concedido a toque de caixa pelo governo estadual, em dezembro.
“Eles tramitaram, nesta expansão, as três licenças juntas (prévia, de instalação e de operação), que é uma forma de acelerar o processo. Toda a população do entorno do projeto estava com terror do que significaria essa expansão. Temos agora a confirmação que o medo das pessoas se materializou” , pontua.
Já o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) prestou solidariedade com os atingidos pelo rompimento da barragem. “Denunciamos o atual modelo de mineração, com empresas privatizadas e multinacionais que visam o lucro a qualquer custo que afeta a vida de milhares de pessoas”, diz nota do movimento.
“A Barragem tem capacidade de 1 milhão de m³ de rejeitos, que agora serão derramados sobre o Rio Paraopeba, deixando um rastro de destruição e morte e colocando em risco o abastecimento de milhares de famílias em mais de 48 municípios da Bacia do Paraopeba.”
O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), autor do PL 3650/2015, que proíbe barragens molhadas e incentiva a adoção de barragens secas também se posicionou sobre o desastre ambiental.
“É uma irresponsabilidade criminosa, porque estamos tratando do mesmo grupo, em menos de três anos novamente e na mesma região. É inaceitável que uma irresponsabilidade com a vida das pessoas e com o meio ambiente possa continuar dessa forma”, disse o parlamentar.
Alerta
No fim de 2018, o Brasil de Fato publicou uma matéria que alertava sobre a ampliação da mina na cidade.
No dia 11 de dezembro, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) aprovou a ampliação da mina em Brumadinho e de outra em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As minas estão localizadas na zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e enfrentavam forte resistência dos moradores.
A continuidade das operações nas duas minas foi aprovada com apenas um voto contrário e duas abstenções, segundo Maria Teresa Viana, integrante do Copam. “Se eles estão fazendo isso em uma área que é tão perto da população, em locais mais afastados é uma tratoragem, uma atrás da outra”, declarou, na época, a ambientalista Maria Teresa Viana.
Em nota, o governo do estado de Minas Gerais informou que uma força-tarefa está no local do rompimento para acompanhar e tomar as primeiras medidas. Já a Vale informou que “a prioridade total da empresa, neste momento, “é preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade”.
O presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, no Twitter, lamentou o acidente e disse que a maior preocupação no momento é “atender eventuais vítimas desta grave tragédia”. No início da semana, no Fórum Econômico Mundial de Davos, Bolsonaro afirmou que “somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós”.
Edição: Tayguara Ribeiro
Fonte: Brasil de Fato