Estudo desenvolvido pelo fisioterapeuta e pesquisador Rafael Junqueira Buralli, doutor em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), realizado na região noroeste do Estado do Rio de Janeiro, mostra o grau de envenenamento de agricultores e familiares que cultivam tomates na região.
O estudo mediu a exposição dos trabalhadores e seus familiares a produtos químicos provenientes, principalmente, de agrotóxicos e os efeitos à saúde, Buralli conta que foram avaliados 23 sintomas agudos e 12 sintomas crônicos.
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“A gente percebeu que 90% desses trabalhadores tiveram pelo menos um sintoma agudo. Quase metade desses trabalhadores tiveram entre quatro e nove sintomas agudos frequentemente; um em cada quatro trabalhadores, cerca de 10%, relataram mais de dez sintomas; e um em cada três trabalhadores relataram ter todos os sintomas”, afirmou Buralli, em entrevista à Rádio USP.
Quais os sintomas identificados?
Os sintomas crônicos mais relatados foram alterações no sono, irritabilidade, dificuldade de concentração, dificuldade de raciocínio e efeitos à saúde mental, como ansiedade e depressão. Os sintomas avaliados, de acordo com o pesquisador, eram percebidos pelos trabalhadores “com bastante frequência e principalmente após a manipulação dos produtos agrotóxicos”.
No Brasil, não há uma reavaliação, em relação à toxicidade, dos produtos que são autorizados e liberados para comercialização. “A gente deveria passar por processos mais transparentes e mais rigorosos de avaliação, de autorização e de reavaliação desses produtos”, adverte Buralli, visto que não são apenas os trabalhadores rurais os prejudicados. “A gente está consumindo esse alimento, a água e as populações rurais, principalmente, um ar contaminado por pulverizações. Todos estamos sujeitos de alguma maneira.”