O 10º Congresso do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo) começou na noite desta sexta-feira (3) com muita unidade e chamamento à resistência. Dirigentes da entidade e convidados presentes à solenidade de abertura criticaram a tentativa de privatização da Sabesp e denunciaram os governos Jair Bolsonaro e João Doria
“Nosso inimigo número 1 é Bolsonaro. Precisamos derrotar esse projeto que esmaga e acaba com a classe trabalhadora”, afirmou José Faggian, presidente do Sintaema. Segundo ele, ao lutar contra as privatizações, o Sintaema reforça a defesa do “saneamento público e de qualidade”, bem como do “meio ambiente conservado”.
Faggian lembrou que o 10º Congresso “já começa vitorioso” por ser presencial, num reflexo do avanço da vacinação anti-Covid no Brasil. “De qualquer maneira, tomamos todas as medidas de segurança”, acrescentou. Um dos pré-requisitos para a inscrição dos delegados era estar vacinado e testar negativo para a Covid até a antevéspera do Congresso.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) gravou uma mensagem em vídeo para os congressistas. “Vivemos uma fase difícil da vida nacional. A pandemia ainda é uma realidade e o País passa por uma crise econômica devastadora”, disse o parlamentar, que também condenou a força-tarefa do governo paulista para vender a Sabesp. “O novo marco do saneamento – contra o qual nós lutamos – abre portas para privatizar um setor essencial. A privatização da Sabesp seria uma tragédia para os servidores e para a população.”
Os deputados estaduais Jorge do Carmo (PT-SP) e Mônica Seixas (PSOL-SP) estenderam as críticas à gestão Doria. “Bolsonaro é fascista, mas Doria tem como projeto número 1 extinguir empresas e perseguir trabalhadores”, declarou Mônica. “Nosso partido é intransigentemente contra a privatização da Sabesp, que é um patrimônio do povo paulista. Água, esgoto e saneamento representam o direito à dignidade”, afirmou Jorge. – Donizete da Cruz, assessor da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP), ressaltou o empenho de deputados da oposição para criar, na Assembleia Legislativa, a Frente Parlamentar em Defesa da Sabesp.
Ex-dirigente do Sintaema e atual representante dos empregados no no Conselho de Administração da Sabesp, Ronaldo Coppa conclamou o sindicato à luta contra a privatização. “Nosso principal desafio neste período é manter a Sabesp como empresa pública, não só pelos empregos – mas porque a empresa presta um serviço essencial. É o único instrumento de política pública que o estado de São Paulo ainda tem em suas mãos.”
As centrais sindicais marcaram presença na solenidade. Para Douglas Izzo, presidente da CUT-SP, Doria representa a continuação do golpe de 2016 – que desencadeou “uma onda de privatizações e ataque aos direitos dos trabalhadores”. Rene Vicente (CTB-SP) destacou “a unidade das centrais sindicais e o envolvimento dos movimentos sociais na defesa de um projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho, distribuição de renda e investimentos na saúde pública”. Já Eli Moraes, da CSP-Conlutas, afirmou que Bolsonaro é “um presidente autoritário e ultraliberal, que tem condenado nosso povo à fome, à miséria e ao desemprego”.
“Foi nas ruas e nos parlamentos que conseguimos impedir que mais direitos fossem destruídos”, frisou Vanius Oliveira, dirigente do PCdoB-SP. Agora, segundo ele, só uma frente ampla contra Bolsonaro será capaz de garantir “um passo adiante”, para “recuperar uma esperança civilizatória”. Vivian Mendes da Silva, presidenta da UP, qualificou a gestão Bolsonaro como “o governo da morte, do desemprego e da fome”.
A vice-presidenta do Sintaema, Helena Maria da Silva, saudou os convidados e delegados do Congresso, além das equipes de apoio. Ela também disse que o centro da luta é dar fim ao “governo fascista” de Jair Bolsonaro. Leonardo Lacerda, presidente do Sintaema –SC, afirmou que somente a união do povo vai garantir êxitos nas eleições 2022 – e também “na mobilização para enfrentar as dificuldades e vencê-las”.
Os riscos da privatização da Sabesp foram retomados por mais sindicalistas. Eduardo Anunciato, o Chicão, presidente do Fenatema e do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, comparou o caso da Sabesp ao histórico do setor elétrico. “A conta de luz aumentou. Não tem mais investimento. A privatização é uma mentira”, disse ele. Jair Álvaro da Silva, presidente do Sindicato dos Urbanitários da Baixada Santista, agregou: “É inadmissível que um governo sem compromisso nenhum com a população queira privatizar a maior empresa de saneamento básico da América Latina, indo na contramão do que está acontecendo no mundo. Vários países estão reestatizando o saneamento”.
Após a solenidade abertura, convidados e delegados do Congresso participaram de um coquetel e do lançamento do livro “Geração de Valor”. De autoria do dirigente do Sintaema Helifax Pinto de Souza, a obra foi publicada pela Editora Anita Garibaldi. Cada delegado do Congresso ganhou um exemplar da publicação.
Créditos: Sintaema | Fotos: Eduardo Metroviche