A imagem de Cabul, capital do Afeganistão — beira de ficar sem água — virou símbolo extremo do colapso hídrico urbano. Mas se parece distante, deveria servir como espelho. A crise afegã, resultado da combinação entre mudanças climáticas, expansão urbana desordenada e governos incapazes de planejar, escancara o que acontece quando a gestão pública abandona o dever de proteger seus mananciais. E é exatamente essa receita que São Paulo percorre sob a gestão Tarcísio de Freitas.
O Sintaema alerta: a maior cidade do país vive um processo silencioso e perigoso de degradação hídrica, agravado por uma política estadual que desmonta, terceiriza, enfraquece estruturas e deixa a população mais vulnerável a crises cada vez mais severas.
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Cabul hoje, São Paulo amanhã?
Cabul pode se tornar a primeira capital moderna do mundo a ficar literalmente sem água. Seus aquíferos despencaram até 30 metros em uma década. O bombeamento supera a recarga natural em ritmo insustentável. Quase 80% da água subterrânea já está contaminada. E especialistas estimam que, mantido o ritmo, o colapso completo pode acontecer antes de 2030.
Situações extremas como essa ocorreram também na Cidade do Cabo, em Chennai e — não podemos esquecer — em São Paulo, em 2014 e 2015. O Sistema Cantareira chegou ao fundo do poço. E foi o planejamento falho, somado à crise climática, que levou a metrópole ao limite.
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Mas, ao contrário do que se espera de um governo que já viu esse filme, São Paulo está indo na direção contrária.
Política hídrica de Tarcísio: improviso, privatização e abandono
Enquanto o mundo inteiro reforça mecanismos de proteção hídrica, o governo Tarcísio de Freitas aposta na soma explosiva que já devastou outras cidades: desmonte ambiental + privatização + obras sem planejamento + abandono dos mananciais.
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• A fiscalização ambiental está sucateada.
• As unidades de conservação sofrem com falta de vigilância, carros quebrados e servidores insuficientes.
• A Sabesp cada vez mais sob a lógica de mercado, não da justiça social e da segurança hídrica — e o governo não apresenta um único estudo consistente mostrando como proteger a população em cenários de seca severa.
• Não há política robusta de proteção dos aquíferos, nem ampliação de áreas de recarga.
• Não há plano para enfrentar eventos extremos de chuva e estiagem que já se tornaram rotineiros.
É a receita perfeita para que São Paulo enfrente seu próprio “Dia Zero”, empurrando o custo para a população trabalhadora enquanto o lucro da água vira mercadoria.
O papel do Sintaema: denunciar, mobilizar e defender o futuro da água
O Sintaema tem sido uma das poucas vozes públicas a alertar para o desmantelamento da estrutura hídrica do estado. Em todas as esferas — técnica, política, institucional e nas ruas — o Sindicato lutado contra e denunciado:
- o abandono dos mananciais e unidades de conservação,
- a falta de investimentos em segurança hídrica,
- os efeitos da privatização da Sabesp,
- a ausência de uma política estadual de longo prazo para o meio ambiente,
- e a vulnerabilidade crescente das trabalhadoras e trabalhadores da água e do saneamento.
Enquanto o governo prioriza os acionaistas da Faria Lima, o Sintaema defende exatamente o oposto: planejamento, estudos, infraestrutura, proteção ambiental, fortalecimento da gestão pública e valorização de quem trabalha todos os dias para que a água chegue à torneira.
O futuro depende das escolhas de hoje
Cabul é um alerta extremo, mas não é ficção. O colapso hídrico não começa no dia em que a água acaba, mas anos antes — quando governos abandonam o planejamento, desmontam a fiscalização e ignoram a ciência.
E é isso que o Sintaema denuncia: a gestão Tarcísio coloca São Paulo na contramão da segurança hídrica global.
Defender a água é defender a vida, o trabalho e o futuro do povo paulista. Crise hídrica não é destino. É escolha política.
E nós vamos denunciar, resistir e construir outro caminho.








