Neste 20 de novembro, o Sintaema reafirma seu compromisso histórico com a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade. O Dia da Consciência Negra é mais do que uma data simbólica — é um chamado à reflexão, à resistência e à ação coletiva por um país onde a cor da pele não determine o acesso à água, ao trabalho, à renda e à dignidade.
Enquanto o mundo discute, na COP30, os impactos da crise climática, emerge com força o debate sobre o racismo ambiental — a face mais cruel da desigualdade, que condena as populações negras e periféricas a viverem nas regiões mais vulneráveis, com falta de saneamento, risco de enchentes e contaminação, e sem acesso igualitário a políticas públicas de qualidade. Essa realidade escancara como o racismo estrutural atravessa o território, o meio ambiente e o mundo do trabalho.
A Resolução do 11º Congresso do Sintaema já apontava com clareza esse cenário alarmante. Segundo dados do escritório Trench Rossi Watanabe, as ações trabalhistas por discriminação cresceram 174% na última década, ultrapassando 860 apenas em 2024 — um número ainda subnotificado, diante do medo de retaliações e da descrença na Justiça. Como lembram Frantz Fanon e Clóvis Moura, o racismo não é um desvio do sistema, mas parte de sua engrenagem, nascida da dominação colonial e perpetuada pela lógica capitalista.
No Brasil, o resultado é visível: a população negra segue ocupando os piores empregos, com salários menores e maior informalidade. No 4º trimestre de 2024, o desemprego entre pretos chegou a 7,5%, contra 4,9% entre brancos; e o rendimento médio mensal foi de R$ 2.403 para pretos e R$ 4.153 para brancos — uma diferença de 42%, que se repete até em cargos de gerência.
Esses números evidenciam que a desigualdade racial é um pilar do mercado de trabalho brasileiro e que a luta sindical deve enfrentá-la de forma direta e consciente. Como defende a resolução congressual, combater o racismo, o machismo, o assédio e a precarização é lutar pela vida — e essa luta só será vitoriosa com organização, consciência crítica, unidade e um projeto de desenvolvimento que enfrente as estruturas da exploração.
O Sintaema reafirma seu compromisso em ouvir, acolher e fortalecer as vozes negras da classe trabalhadora, reconhecendo que sem justiça racial não há justiça ambiental, nem trabalho decente, nem democracia verdadeira.
Consciência Negra é todo dia.
Por um Brasil com igualdade, respeito e saneamento público para todos e todas.








