Após meses de pressão popular e 15 e-mails ignorados, a Sabesp finalmente se manifestou sobre as demolições e o futuro da Reserva Florestal do Morro Grande (RFMG), em Cotia. A resposta tardia, genérica e evasiva, porém, não dissipa as dúvidas — apenas reforça o abismo entre a empresa e o interesse público.
A reportagem exibida pelo Verdejando, da TV Globo, no último 29 de setembro, deu visibilidade à riqueza ambiental da RFMG e à proposta de criação de um parque estadual. Mas também escancarou o abandono e o risco de invasões que crescem à sombra da omissão da Sabesp — que, desde a privatização, parece mais preocupada com a valorização de seus ativos do que com a proteção dos bens comuns.
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Em maio, a comunidade da Vila Operária do DAE foi surpreendida com a demolição de 11 casas históricas, executada pela Sabesp sem aviso prévio. Era o símbolo concreto da transformação da empresa: a antiga companhia pública, que nasceu para garantir água e saneamento como direitos, agora age como incorporadora privada, destruindo memória, desrespeitando trabalhadores e ignorando a população local.
A reação popular foi imediata. O movimento “Abraço na Sede” – que conta com o apoio do Sintaema – mobilizou moradores, ambientalistas e entidades, conquistando a suspensão das demolições por um ano e iniciou um processo de tombamento provisório da Vila. Foi a força da organização social que obrigou a Sabesp a dar alguma satisfação — não o compromisso espontâneo de uma empresa que, desde a privatização, perdeu completamente o seu caráter público e social.
Mas a luta em defesa da água, das florestas e da memória não começou agora. O Sintaema carrega uma longa trajetória de resistência em defesa do meio ambiente e das reservas florestais do estado — constantemente ameaçadas pela especulação imobiliária e por governos privatistas como os de João Doria e Tarcísio de Freitas. Desde as décadas de 1980 e 1990, o Sindicato denuncia os planos de entrega do patrimônio público e a lógica predatória que transforma o que é de todos em mercadoria.
Agora, com Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, essa política atinge seu ápice. Desde que assumiu o governo, o ex-ministro de Bolsonaro atua diuturnamente para destruir a memória e a história de São Paulo, apagando o papel dos trabalhadores e desmontando as bases do serviço público. Sua “modernização” é sinônimo de privatização, exclusão e destruição do que o povo paulista construiu com décadas de esforço coletivo.
A Sabesp privatizada é o retrato dessa lógica: uma empresa que se diz sustentável, mas que demole casas históricas, abandona reservas florestais e se cala diante da comunidade.
A Reserva Florestal do Morro Grande e a Vila Operária do DAE são mais do que símbolos locais — são expressões do que está em disputa em todo o estado: o direito ao patrimônio público, à memória e à natureza viva.
Cabe à sociedade, aos trabalhadores e aos movimentos populares manter acesa a chama da resistência. Porque, se depender do governo Tarcísio e da Sabesp privatizada, a floresta, a história e o povo continuarão em segundo plano — atrás da planilha de lucros.
Com informações do Site da Granja