O Sistema Cantareira, maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo, atingiu nesta quinta (12) apenas 32% de sua capacidade, o menor volume desde 2022. Considerando todo o sistema que abastece a Grande São Paulo, o nível está em 34,6%, segundo dados do Portal dos Mananciais da Sabesp.
A situação é considerada de atenção e pode evoluir para estágio crítico se o volume cair para abaixo de 30%. Caso chegue a 20%, o sistema entra em emergência.
Mas é preciso deixar claro: essa crise não pode ser atribuída apenas às mudanças climáticas e à irregularidade das chuvas. Trata-se, sobretudo, de consequência de décadas de desgoverno em São Paulo, em que saneamento e preservação ambiental nunca foram tratados como prioridades estruturantes. O que se viu, ao contrário, foi uma política voltada a atender interesses privados e a lógica do lucro fácil.
Privatização e esvaziamento dos órgãos ambientais
A gestão atual de Tarcísio de Freitas representa a face mais perversa desse processo. Ao invés de fortalecer os órgãos de fiscalização e preservação dos mananciais, o governo opta por privatizar, terceirizar e enfraquecer estruturas fundamentais para a proteção ambiental. Essa política não apenas compromete o abastecimento da população, mas também agrava a destruição de áreas que deveriam estar sob proteção do Estado.
Medidas paliativas não resolvem
A Sabesp, orientada pela Arsesp, anunciou a redução da pressão de retirada de água do Cantareira durante a madrugada, economizando cerca de 5,3 bilhões de litros em duas semanas.
“Medidas como essa são paliativas e não atacam o problema central: a falta de um planejamento de longo prazo. O foco deveria estar em investimentos estruturais para a recuperação dos mananciais e a garantia da segurança hídrica da região metropolitana. Infelizmente, não é isso que vemos na Sabesp, hoje privatizada”, afirma a direção do Sintaema.
É hora de inverter prioridades
A crise hídrica de 2014/2015 já havia demonstrado os riscos da falta de planejamento. No entanto, em vez de reforçar a política de proteção e recuperação das bacias hidrográficas, os governos sucessivos escolheram esvaziar o debate público e apostar no caminho da privatização. Agora, a população paga novamente a conta.
O Sintaema reafirma: nenhum direito a menos e água como bem público, não mercadoria. É urgente fortalecer a gestão pública do saneamento e recuperar a preservação ambiental como eixo central de uma política hídrica para São Paulo.
Água é vida, não mercadoria!