A privatização da Sabesp já mostra a que veio: enquanto os lucros e ações disparam, quem se beneficia são os fundos e investidores estrangeiros — e não a população paulista que depende da água para viver.
De janeiro até agora, as ações da Sabesp acumularam alta de 38%. Para quem entrou na oferta de privatização, o ganho é ainda mais obsceno: 82% desde julho. Esse “negócio da China” (ou melhor, de Wall Street e Genebra) tem endereço certo: fundos internacionais especializados no lucrativo negócio da água, como o europeu Fidelity Internacional, a suíça Pictet — maior acionista do setor no mundo — e a americana AllianceBernstein.
Antes da privatização, os estrangeiros já eram maioria no controle acionário; agora, beberam ainda mais desse pote de ouro. Enquanto isso, a participação dos brasileiros nas ações despencou de 24% para 16% do capital negociado. É a entrega do nosso patrimônio para que multinacionais e fundos soberanos, como o de Cingapura (GIC), façam fortuna com um direito básico.
Essa mudança de perfil não é neutra: significa que decisões estratégicas sobre tarifas, investimentos e expansão de serviços serão tomadas com base no interesse de acionistas que vivem a milhares de quilômetros de São Paulo — e que jamais terão que enfrentar um corte de água por falta de pagamento ou esperar meses por uma ligação de esgoto.
O Sintaema denuncia: a água não é mercadoria, é um direito humano fundamental. Privatizar a Sabesp é entregar a gestão desse direito ao mercado financeiro internacional, cujo único objetivo é aumentar dividendos, mesmo que isso signifique tarifas mais caras e exclusão de comunidades inteiras.
A história mundial mostra: onde a água foi privatizada, aumentaram as tarifas, piorou a qualidade e diminuiu o acesso da população mais pobre. Em São Paulo, não será diferente — a menos que a luta popular mude esse rumo.
O Sintaema seguirá mobilizado, nas ruas e nas negociações, para reverter essa entrega e garantir que a água permaneça como bem universal e sob controle da sociedade. Porque água é vida, e vida não se vende.
Com informações do Jornal Valor