O saldo de prejuízos e perdas com o apagão que começou na sexta (11), em São Paulo, só aumenta. Cerca de 2,1 milhão de pessoas da capital e da região metropolitana de São Paulo ficaram sem energia elétrica, sete pessoas morreram em decorrência do mau tempo e a economia do estado perdeu mais R$ 2 bilhões. Segunda a própria ENEL, até a manhã desta quarta (16), 90 mil imóveis continuavam sem energia a mais de 100 horas.
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Mas não é só São Paulo que sofre com os apagões e com o péssimo serviço de energia que foi privatizado. Em 2020 a população do Amapá também sofreu com um blecaute que só foi resolvido após trabalhadores da Eletrobras – quando ainda era uma empresa estatal – sanar os problemas da empresa espanhola Isolux que opera naquela estado.
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Esses apagões mostram como as privatizações de um setor fundamental e estratégico para o país são prejudiciais a toda população, inclusive para a economia com o fechamento de estabelecimentos comerciais e escolas sem funcionar.
Há anos os moradores das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul sentem no dia a dia o resultado negativo das privatizações das companhias estaduais de energia. Os relatos são de aumentos exorbitantes de tarifas, apagões e serviços prestados de péssima qualidade aos clientes.
A culpa não é da chuva e nem do vento
De saída já sabemos que a culpa nem é da chuva e nem dos ventos. A primeira fase é a prevenção (zeladoria, podas e manutenção) por parte de qualquer gestão municipal e estadual e da própria empresa distribuidora de energia.
Como as cidades brasileiras não têm aterramento de fios subterrâneo é certo que tempestades derrubem postes e árvores. Neste caso, a poda e a manutenção de árvores que se enroscam nos fios elétricos são da prefeitura, assim como a limpeza dos destroços nas ruas e avenidas. Na capital paulista há quase 17 mil pedidos pendentes de podas de árvores, sem falar nos cortes do orçamento em zeladoria impostos pelo prefeito Ricardo Nunes.
Cronograma do desmonte e da privatização
O histórico de desmonte dos serviços de energia e da piora do serviço para população vem de longe. A Eletropaulo foi arrematada em leilão no dia 15 de abril de 1998 pelo consórcio Lightgás, sendo dividido da seguinte forma: AES Corporation (11,46%), Houston Industries Energy (11,46%), Électricité de France (EDF) (11,46%) e Companhia Siderúrgica Nacional (7,32%).
Em 2001, após a venda das ações da Houston Industries e da CSN para a AES Corporation, a Eletropaulo passou a ser chamada de AES Eletropaulo e permaneceu assim até 2018, quando foi feito um novo leilão para o controle da empresa e o lance vencedor foi o da Enel.
Com a mudança de dono veio mais um choque de gestão, com a demissão de boa parte do quadro de trabalhadores da Enel. Em 2022 eram 17.475 trabalhadores, sendo 13.034 terceirizados e 4.441 próprios. No terceiro trimestre de 2023, a Enel São Paulo reduziu este número para 15.366 trabalhadores, sendo 11.503 terceirizados e 3.863 próprios. No seu balanço consolidado de 2023, a empresa reportou 15.721 trabalhadores. Como comparação, em 2020 eram quase 27 mil – uma redução de quase 11 mil trabalhadores.
Além do corte de trabalhadores – o que impacta diretamente no atendimento e socorro nos momentos de crise como o apagão do dia 11 de outubro – a Enel também cortou os investimentos em infraestrutura no Brasil. Em 2023, eles somaram R$ 1,6 bilhão e recuaram 16,1% na comparação com 2022.
Ou seja, a privatização deixa claro que o objetivo não é a prestação de serviço, mas a garantia do lucro por parte de quem possui as ações da empresa privada.
Privatiza que piora!
*Com informações das agências