Home Mulheres “Facebook é a rede onde a mulher mais sofre assédio”, diz pesquisadora

“Facebook é a rede onde a mulher mais sofre assédio”, diz pesquisadora

Durante debate realizado pelo Sintaema, em parceria com o Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES), a pesquisadora e professora da PUC Goiás, Lúcia Rincón, falou sobre o papel da mulher trabalhadora na construção social e na luta política, e alertou sobre o avanço da violência, inclusive nas redes sociais.

A atividade faz parte da programa do #8M deste ano. Em São Paulo, o ato do 8 de Março acontece na Avenida Paulista, a partir das 16h. Todos e todas à luta!

Confira a palestra completa aqui:

Desemprego e desalento afetam mais as mulheres

Ao falar sobre a presença das mulheres no mercado de trabalho a pesquisadora destacou que, segundo dados do PNAD/IBGE em 2021, “as mulheres são maioria entre as pessoas desempregadas (54,5%) e quando o assunto é estar fora do mercado de trabalho, elas são 64,4%”.

Ainda de acordo com o estudo, a pesquisadora destacou que “a maioria está concentrada em ocupações de baixos salários que variam entre um e dois salários mínimos, sendo as mulheres negras as mais exploradas: 83,0% das mulheres negras, 64,4% das mulheres brancas, recebiam até dois salários mínimos no quarto trimestre de 2020”.

Baixe a apresentação, aqui!

Avanço do assédio e da mortalidade

Ao longo de sua apresentação, Rincón destacou diversos dados que revelam o avanço do assédio e da violência contra as mulheres no Brasil e mundo, e com a pandemia essas estatísticas pioraram.

“Pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva aponta que violências cotidianas no trabalho ainda não são reconhecidas: 36% das trabalhadoras dizem já haver sofrido preconceito ou abuso por serem mulheres; porém, quando apresentadas a diversas situações, 76% reconhecem já ter passado por um ou mais episódios de violência e assédio no trabalho”, relatou a professora da PUC Goiás.

Raça, orientação sexual e classe social

Rincón também destacou que a raça, orientação sexual e classe são agravantes para a violência sofrida pelas mulheres. Segundo ela, olhar para o mercado de trabalho com uma lupa interseccional é fundamental para compreender a origem dessas violências.

“Historicamente, a população negra enfrenta os piores indicadores de empregabilidade no Brasil. A desigualdade social e de raça provoca uma maior suscetibilidade a trabalhos precarizados e, por consequência, à violação de direitos”, salientou.

Ao citar o estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça, do IBGE, a pesquisadora apontou que 32,9% das pessoas pretas e pardas estão abaixo da linha da pobreza. A população branca na mesma condição representa 15,4%. E quando o assunto é o trabalho informal, o número também é maior para as mulheres negras (47,8%) do que para mulheres brancas (34,7%).

Assédio na redes sociais

O debate também refletiu sobre o assédio nas redes sociais. Rincón apontou que “o Facebook lidera a lista de rede social com maior possibilidade de sofrer assédio, seguida do Instagram, Whatsapp e Twitter.

“Precisamos ficar alertas sobre o papel da tecnologia no aprofundamento da violência. Essa é uma questão essencial para as lutas do momento. A construção de um ambiente profissional livre de assédio é urgente e uma bandeira tanto das mulheres como dos homens”, afirmou.

A direção do Sintaema destacou a riqueza de informações e dados apresentados no debate e reafirmou seu compromisso de reforçar o enfrentamento desta agenda em sua base. “O debate foi uma grande aula e vamos aplicar o que foi apresentado aqui em nosso dia a dia para fortalecer a luta”, destacaram os diretores presentes na atividade.