Embora não tenham afirmado que o motivo seja a crise internacional, as montadoras General Motors e Fiat anunciaram férias coletivas para mais de 10 mil trabalhadores, o que já é visto por alguns como reflexos da crise no Brasil, devido à queda da procura de automóveis por conta do aumento de juros e prazos menores para financiamentos. Muitas concessionárias que estavam financiando carros sem entrada e a perder de vista já recuaram e retraíram o crédito, diminuindo os prazos para pagamentos, exigindo entrada, e outros segmentos da produção também seguem esta tendência. A disparada do dólar em nosso país já paralisa produção e vendas de aparelhos eletroeletrônicos, principalmente na zona franca de Manaus, e os preços de produtos importados estão subindo e o Banco Central injetou nas últimas semanas cerca de R$ 70 bilhões na economia. As opiniões de economistas sobre se a crise refletirá ou não em nosso país são várias, mas há um ponto em comum: o Brasil não está blindado contra a crise, mas também já não é tão vulnerável a essas tormentas como outrora, visto que hoje o país é credor do FMI e tem reservas. Mesmo assim, num mundo globalizado, não há como não ser afetado por uma das maiores crises financeiras da história, se não for a maior, cuja raiz está justamente nos Estados Unidos, um país completamente endividado. Bancos americanos estão quebrando, e mesmo com a aprovação pelo senado norte-americano da ajuda de U$ 850 bilhões, as bolsas do mundo oscilam em queda. De qualquer maneira, vale ressaltar que, num momento de crise externa, os trabalhadores do setor público, como a nossa categoria, por exemplo, podem se sentir mais seguros, diferentemente dos trabalhadores onde os serviços foram privatizados. Isto porque a iniciativa privada, que tem como política o lucro, e não aceita diminuir sua margem de ganho, num momento como este, quando se vê ameaçada pela crise, promove demissões, arrochos, corte de benefícios e outros procedimentos que acertam em cheio o bolso do trabalhador. Portanto, nossa categoria agiu corretamente ao destacar como um dos principais eixos da campanha salarial a garantia no emprego, lutando com resistência por essa conquista no acordo coletivo.