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Editorial

Acordos refletem a correlação de forças existente Há um ensinamento que diz: uma exigência incondicional na análise de qualquer questão social é a sua colocação dentro de um quadro histórico determinado, e depois se tratar de um só país deve considerar suas peculiaridades concretas que distinguem esse país dos outros nos limites de uma mesma época histórica. Em nosso entendimento, este raciocínio profundo contém os elementos balizadores para que se faça uma análise conseqüente e equilibrada das campanhas salariais realizadas por nossa categoria deste ano nas diversas empresas. Primeiramente, uma questão importante e que deve ser levada em consideração é compreender que as campanhas salariais foram travadas numa conjuntura na qual a correlação de força ainda é desfavorável para os trabalhadores. Com o fracasso da primeira experiência socialista no leste europeu, o capital partiu de vez para a ofensiva contra o trabalho, e por meio da chamada globalização neoliberal, busca aniquilar conquistas históricas, visando ampliar seu lucro. As lutas que se presenciam, como as greves na França, Alemanha e nos demais países, por exemplo, são quase todas para evitar que se retirem direitos. Na América, especialmente na do Sul, trava-se uma encarniçada luta contra o referido modelo, lutas estas que, em muitos países, têm em seus desfechos a eleição de presidentes mais compromissados com os interesses de seus povos. No Brasil, a situação segue mais ou menos o mesmo diapasão. Aqui, tem sido feito um grande esforço para derrotar o neoliberalismo em todas as suas partes constitutivas, e, ao mesmo tempo, desbravar um novo caminho que aponte para novas perspectivas. Esta lógica de dizimar direitos e conquistas há muito tempo se instalou aqui. Um exemplo de sua voracidade ficou patente na campanha salarial de 1999/2000 da Sabesp, quando a empresa, governo e Tribunal Superior do Trabalho unificaram posição e destruíram praticamente tudo o que havíamos historicamente conquistado. Atualmente o governo estadual e as direções das empresas seguem o mesmo receituário. A eficiência, de acordo com a lei do “deus mercado” que se busca, implica em retirar direitos e degolar trabalhadores. Por sua vez, os trabalhadores reagiram muito bem a tudo isso. A tática de reivindicar de maneira diversificada, corroborada pelo baixo índice inflacionário, possibilitou avançar bem além da inflação em vários itens. A convicção em assegurar conquistas fundamentais evitou a perda das mesmas. Também conseguimos que outros importantes pleitos sejam negociados ao longo da vigência dos acordos. Deste breve balanço, o melhor a ser extraído é constatar que os trabalhadores não estão acomodados, muito pelo contrário: a luta para derrotar o neoliberalismo ocorre e é fator de união dos trabalhadores e dos povos no mundo todo, mesmo se dando em grau e intensidade diferenciadas em cada país, o que é natural. Nesse processo, nossa categoria tem dado sua contribuição. Os trabalhadores sabem que neste ambiente difícil e complexo, as dificuldades aumentam. Mesmo assim, com maturidade, sagacidade e assertividade, a categoria conseguiu “arrancar” importantes acordos. Helifax Pinto de Souza, Presidente do Sintaema