Qual o maior patrimônio de uma empresa? Suas máquinas e prédios, diriam. Mas acaso as máquinas produzem por si só? E os prédios acaso movimentam com suas colunas as matérias primas para que sejam transformadas, virando mercadorias? As escavadeiras removem a terra sem que lhe acionem os comandos? Os tubos rompidos das adutoras se unem novamente por vontade própria? E os serviços prestados serão recebidos sem que se manuseiem os papéis que possibilitarão sua cobrança? Nenhum produto ou serviço é criado ou oferecido sem que haja a ação de um trabalhador. E é o trabalho aplicado sobre essa mercadoria ou serviço que lhe dá valor real, portanto o maior patrimônio de uma empresa são seus trabalhadores! Mas empresas como a Sabesp não parecem ver dessa forma: Além do completo descaso com os anseios de valorização profissional e salarial de seu corpo funcional e de criar um clima de terror que transforma o dia-a-dia do trabalhador num transtorno, sequer se preocupa com sua saúde e segurança. Na sua visão distorcida os recursos utilizados para preservar a vida de seu trabalhador é um custo que precisa ser reduzido e não um investimento na preservação daqueles que geram seu lucro. E dois momentos recentes ratificam essa posição da empresa: Primeiramente um episódio em Capão Bonito, onde uma trabalhadora da ETA teve sua integridade colocada em risco ao se deparar com dois invasores no pátio da empresa em plena madrugada. O fato de ser mulher é apenas um agravante, pois no local não há segurança e ela trabalha sozinha. Em resposta aos questionamentos do Sintaema, a Gerência e a Superintendência foram uníssonas ao afirmar que não há recursos que possam ser aplicados na contratação de um segurança e que, por falta de mão de obra, não há ninguém que possa acompanhar a trabalhadora no turno. A única atitude real tomada foi a elevação da grade do estacionamento, ponto mais frágil do complexo. E agora trabalham pela transferência da companheira de horário. Isso ajuda, mas não resolve. O segundo episódio foi numa mesa redonda na DRT-SP, em 22 de fevereiro. O Sintaema questionou o dimensionamento do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) da empresa, bem como a redução do número de cipeiros entre outros. A empresa simplesmente limitou-se a apresentar os documentos das eleições da CIPA por todo o Estado sem que ao menos um responsável viesse responder aos questionamentos. Ora, um SESMT menor significa menos técnicos, engenheiros e médicos do trabalho e mais riscos ao trabalhador. Só que dessa vez não vão sair incólumes, a DRT está avaliando toda a documentação e no dia 28 de março, em nova mesa redonda, teremos definições sobre estes e outros assuntos, inclusive sobre estagiários e aprendizes realizando tarefas de funcionários, o que é proibido por lei. O Sintaema utilizará todas as formas ao nosso alcance para manter a integridade dos trabalhadores, independentemente do descaso da Sabesp.