A juventude trabalhadora é aquela que luta contra o tempo, busca conciliar, quando pode, o trabalho e o estudo. É aquela que está nas universidades, mas também fora dela, está na cidade e no campo, é também trabalhador, funcionário, empregado, aluno, ou aquele que está fora da escola e desempregado. Todos estes jovens tem algo em comum: sofrem com a privatização do ensino, com a baixa qualidade de ensino, com a peneira social que é o vestibular, com a falta de vagas nas universidades públicas, etc. São os mesmos que sofrem com o emprego precarizado, com os estágios não remunerados, com a falta de perspectivas sociais e econômicas. Segundo o IBGE, a juventude brasileira representa cerca de 20% da população economicamente ativa, que é composta por pessoas ocupadas e desocupadas procurando por trabalho. Dentre estes, o índice de desemprego atingiu neste mês de janeiro, com a crise, a marca de 20,6%, sendo que, deste percentual, cerca de 40% são jovens, ou seja, quase a metade dos desempregados é composta por jovens de até 24 anos. A crise atual já é a mais profunda e mais extensa desde a crise de 1929, afinal ocorre em um momento histórico sem paralelo de máxima expansão e hegemonia do modo de produção capitalista, o que, junto com o fato de ter surgido no centro do sistema capitalista, contribui para que seus impactos sejam sentidos, de diferentes formas, em todo o planeta, e será de longa duração, uma vez que não há, nem haverá no curto prazo, um poder político capaz de manejar seus desdobramentos e encontrar soluções. Trata-se de uma crise sistêmica do capitalismo, não apenas do mercado financeiro, uma crise clássica de realização do capital, que evidencia a contradição entre a capacidade cada vez maior de produção social e a capacidade cada vez menor de consumo da sociedade. Uma contradição intrínseca de um sistema cuja tendência é aumentar a exploração e diminuir o emprego de força de trabalho. Esta crise não somente desmascara a ideologia neoliberal como também evidencia que o modo de produção capitalista gera crises periódicas e sua vigência é resultado de uma opção política e social movida por interesses de classe, e que, portanto, pode ser transformado. A disputa sobre quem pagará a conta da crise é um bom exemplo de que a evolução e os desdobramentos da crise dependerão da luta de classes em cada país, bem como do confronto de interesses entre diferentes Estados e blocos de países. Com as demissões em massa, a precarização do trabalho e a acentuação da crise, o que resta aos jovens é cair na informalidade, trabalhar em dois empregos, realizar estágios em troca da famosa ajuda de custo, que muitas vezes não dá nem pra cobrir os gastos com transporte, etc. São jovens que aprendem, desde cedo, a contribuir com a renda familiar e são obrigados a se tornarem adultos quanto mais cedo isto for possível. Isto implica, em muitos casos, em abandonar os estudos, não priorizar a escola ou a universidade. Superar a crise é superar as condições sociais e econômicas que o capitalismo impõe, desde seu primórdio, aos trabalhadores, que já sofreram outras tantas crises em diferentes momentos de sua existência. Por isso, a juventude trabalhadora tem de se organizar em torno de melhores condições de emprego, estudo e pela superação do capitalismo.