O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, é um dos raros sindicalistas agraciados com a Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, uma das mais altas distinções concedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Em 54 anos, apenas 1% dos agraciados são do mundo sindical. A ministra Delaíde Arantes indicou o presidente da CTB como um esforço por reconhecimento.
Ela reconhece personalidades e autoridades com relevantes serviços prestados à Justiça do Trabalho e ao mundo do trabalho em geral. Em entrevista o Portal Vermelho, a ministra Delaíde Miranda Arantes, do TST, que indicou o sindicalista, explicou a importância e o processo de concessão dessa honraria.
“Tem uma tradição de reconhecimento do trabalho. É uma solenidade muito bonita, cheia de muita simbologia”, salienta ela. A cerimônia de entrega da Ordem do Mérito é um evento carregado de simbolismo, com uma expectativa de reconhecimento e celebração das contribuições dos agraciados. Delaíde Arantes enfatizou que, apesar de ser um evento formal, ele também serve como um momento de confraternização e reafirmação dos valores da Justiça do Trabalho.
Critérios e processo de indicação
Cada ministro do TST pode indicar uma pessoa por ano para receber a comenda, desde que não faça parte do Conselho da Comenda, o qual é responsável por aprovar as indicações. Este conselho é presidido pelo Presidente do TST e composto por outros membros da direção e ministros mais antigos.
A ministra Delaíde explicou que as indicações devem refletir a relevância das contribuições dos indicados ao mundo do trabalho. Ela própria indicou o presidente da CTB, ressaltando sua significativa atuação sindical. Ao lado do sindicalista na comenda Oficial, estão sendo homenageados uma juíza, cinco advogados trabalhistas e uma cacica.
Ao indicar o nome do sindicalista, além de pontuar sua sólida atuação na organização sindical, e atuação em governos, a ministra respaldou o currículo de Adilson pela “atuação firme e dedicada ao movimento sindical brasileiro, bem como as suas publicações, que indicam os relevantes serviços prestados ao mundo do trabalho, ao Sistema de Justiça Trabalhista e à sociedade brasileira”.
Em declaração ao Portal Vermelho, Adilson expressou sua gratidão pelo reconhecimento ao trabalho realizado em nome da classe trabalhadora, “em defesa da democracia, da soberania e dos direitos”. “Essa certidão nos motiva mais ainda para seguir na luta de resistência em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e por um Brasil humano e livre das desigualdades. Tenho plena certeza que essa é um conquista do sindicalismo classista, do internacionalismo proletário, dos homens e mulheres que lutam por uma sociedade livre de exploradores e explorados”, afirmou ele.
Desigualdade na indicação de sindicalistas
Um ponto de crítica levantado pela ministra Delaíde é a baixa representatividade de líderes sindicais entre os agraciados. Ela argumenta que os dirigentes sindicais desempenham um papel crucial no sistema de Justiça do Trabalho, apesar de não serem frequentemente reconhecidos por meio dessa honraria. Segundo Delaíde, essa é uma tradição que precisa mudar, para que a importância dos sindicalistas seja devidamente reconhecida.
Desde 1970, mais de duas mil pessoas foram agraciadas. Destas, apenas 28 representavam organizações sindicais, sendo que 19 eram entidades de trabalhadores, o equivalente a cerca de 1% de todo o quadro de homenageados. O levantamento destes dados foi feito pela própria ministra, a pedido da reportagem (confira a lista ao final).
Fonte: Portal Vermelho