Home NÃO À PRIVATIZAÇÃO! Trabalhadores da Sabesp protestam contra MP que privatiza saneamento

Trabalhadores da Sabesp protestam contra MP que privatiza saneamento

Congresso pode votar dentro de um mês proposta do governo Temer, apoiada por Bolsonaro, que abre o setor a empresas que ficarão com o “filé” das áreas mais rentáveis

São Paulo – Centenas de trabalhadores da Sabesp realizaram protesto nesta quinta-feira (2) contra a Medida Provisória (MP) 868/18 – antiga MP 844 –, editada pelo governo Temer, que revisa o marco legal do setor de saneamento básico abrindo espaço para a atuação de empresas privadas. Eles se reuniram na sede da estatal, na região oeste da capital, e também denunciaram a tentativa de privatização da empresa pelo governador João Doria (PSDB). De lá, eles saíram em caminhada pelas ruas de Pinheiros até a sede da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), para alertar a população sobre os riscos da aprovação da medida.

A proposta, em tramitação no Congresso Nacional, é agora apoiada pelo governo Bolsonaro. Na última quinta-feira (25), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou seu relatório à comissão mista destinada a apreciar a medida. Se aprovado, o texto segue para votação na Câmara e do Senado. O prazo final para que o Congresso termine sua votação é 3 de junho.

Para os trabalhadores, a MP, se aprovada, representará a total desestruturação do sistema de saneamento básico no Brasil. Uma das principais mudanças é o fim ao subsídio cruzado, que permite que recursos arrecadados com a cobrança de tarifas de água e esgoto em áreas mais ricas sejam investidos em municípios mais pobres.

A MP também prevê que cidades que optarem por não fazerem a gestão direta do serviço de água e esgoto serão obrigadas a fazer um chamamento público, abrindo assim o setor para a participação das empresas privadas.

Como consequência, as empresas privadas ficarão com as áreas mais rentáveis para a exploração dos serviços de saneamento, enquanto o poder público ficará responsável pelos pequenos municípios, sem poder contar com os recursos do subsídio cruzado. O resultado, segundo os trabalhadores, será o agravamento das disparidades na qualidade e na cobertura dos serviços de água e esgoto em todo o país, e não a universalização dos serviços, como afirmam os defensores da medida.

Segundo a presidenta da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp, Francisca Adalgisa, aumento de tarifas e perda da qualidade dos serviços são algumas das consequências previstas caso a MP 868 seja aprovada.

“O mundo inteiro hoje está reestatizando o setor de saneamento, o que acontece em países como Inglaterra, França, Alemanha Espanha e Portugal. A população está exigindo o retorno para a administração pública porque a iniciativa privada não deu conta da prestação desses serviços.”

Para o diretor de Imprensa do Sindicato de Trabalhadores em Água, Energia e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema), Rene Vicente dos Santos, a saída para a melhora dos serviços de saneamento não é privatizar.

“Não tenham dúvida, a iniciativa privada não vai se apresentar nos pequenos municípios. Eles vão querer tomar conta apenas do filé mignon, deixando o osso para os municípios mais pobres.”

Ele também denunciou que, no ano passado, o investimento do governo federal em saneamento básico foi de apenas 0,02% do orçamento total.

 

 

Fonte: Rede Brasil Atual