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Congresso Extraordinário – Organizar para resistir e fortalecer a luta contra os ataques à classe trabalhadora

Frente aos ataques do governo contra o movimento sindical, trabalhadores aprovam a resistência e o fortalecimento da luta

No dia 30 de novembro o Sintaema realizou o Congresso Extraordinário “Organizar para Resistir”, na Sede do sindicato, com o intuito de expor para a categoria a difícil realidade em que se encontra a classe trabalhadora diante de um governo retrógrado que vem tentando minar direitos e conquistas, enfraquecer as entidades sindicais e, portanto, a necessidade de se fortalecer a luta e dar encaminhamentos contra a avalanche de ataques.

O Congresso foi representativo e produtivo, com explanações e debates que expuseram de maneira didática e concisa para os participantes toda a ação nefasta que se iniciou no golpe contra a presidenta Dilma, em 2016, a aprovação da reforma trabalhista em 2017 e a continuidade e acirramento dos ataques na onda de retrocessos que vem engolindo os direitos dos trabalhadores e aposentados brasileiros desde então e até os dias atuais.

Conjunturas nacional, internacional e Reforma Trabalhista

Para situar os congressistas e ilustrar em que contexto todo esse retrocesso que está acontecendo, o Congresso trouxe o Secretário de Relações Internacionais da CTB, ex-deputado estadual e ex-presidente do Sintaema, Nivaldo Santana, que fez uma abordagem das conjunturas nacional e internacional, com um panorama sobre a América Latina, na qual alguns países estão tendo de volta governos de direita que impõem uma agenda ultraliberal e servindo de quintal para os EUA.

“Aqui no Brasil estão enfraquecendo a justiça do trabalho, estão tentando acabar com os sindicatos e rasgando a CLT com a carteira verde-amarela”, disse Nivaldo em sua exposição.

A reforma trabalhista também foi tema de palestra do professor do Instituto de Economia e pesquisador do CESIT (Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho), José Dari Krein, que expôs com propriedade as mazelas trazidas pelas reforma trabalhista que começou em 2017 e continua sendo ampliada e fazendo estragos sob o governo Bolsonaro.

“A promessa de que a reforma aumentaria os postos de trabalho não se consolidou, ao contrário, além de não gerar empregos a reforma fez crescer a informalidade, como os vendedores de rua e os motoristas de Uber”, explicou Krein.

Segundo o professor, o objetivo nefasto da agenda neoliberal não se cumpriu a contento, e agora a intenção é fragilizar as empresas públicas, os sindicatos e demais direitos trabalhistas, por isso a criação da carteira verde amarela.

“O neoliberalismo precisa atacar os sindicatos, é uma estratégia do capital para por em prática o projeto ultraliberal. Tudo tem que ser transformado em mercado, inclusive as pessoas concorrendo umas com as outras. Precisamos ter força para enfrentar tudo isso”, concluiu o professor.

O professor disse que a resistência, a organização e a união dos movimentos e dos trabalhadores são fundamentais para se defender a democracia, a soberania e as instituições construídas pelo povo.

A luta intensa do Sintaema e das entidades representativas contra a privatização do setor de saneamento foi discutida como exemplo de combatividade, inclusive citada pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB), também presente do congresso.

“Nas privatizações só querem o filet mignon. O Sintaema tem tido um papel fundamental na defesa do saneamento público contra o PL 3261/19. Vamos transformar aquele congresso em um campo de guerra, se preciso for, para combater este projeto de desmonte do setor”, disse o deputado.

Para prestigiar o congresso também tivemos a presença do deputado federal Vicentinho (PT), que parabenizou o sindicato pelo histórico de lutas em defesa dos trabalhadores e do saneamento público.

“Temo que nossos filhos tenham uma vida pior que a nossa, por isso é fundamental exercer nossa capacidade de mobilização diante deste cenário. Estou à disposição dos trabalhadores para esta luta”, concluiu o deputado que também integra a Frente Parlamentar de trabalhadores na informalidade.

Diante de tantos ataques à classe trabalhadora, congresso aprovou reajuste da contribuição associativa

De forma bastante consciente e madura, os delegados sindicais e delegados que representaram a categoria aprovaram por ampla maioria a alteração especificamente quanto ao artigo 8º, do Estatuto Social, no que se refere ao reajuste da mensalidade da contribuição associativa de 1% para 1,2% dos trabalhadores da ativa, e de 1% para 1,5% sobre o salário mínimo para os aposentados associados como forma de manter todas as lutas gerais contra o ataque histórico que os trabalhadores, aposentados e o próprio movimento sindical estão sofrendo no governo retrógrado de Bolsonaro.

“Embora o sindicato não dependa do imposto sindical, a extinção dele trouxe queda na receita, e justamente em um momento em que vivemos uma avalanche de ataques nos direitos trabalhistas e no setor de saneamento com a ameaça de privatização, além das lutas de campanha salarial, por isso a necessidade do reajuste”, frisou o presidente do Sintaema, José Faggian.

Faggian falou do debate com a categoria sobre esse assunto, e o sindicato também teve que fazer ajustes drásticos internos para gerar economia nos gastos e conseguir manter minimamente a estrutura.

“É preciso modificar a contribuição associativa para continuar a luta da categoria e a luta geral sem inviabilizar os trabalhadores. Mesmo com tantos retrocessos, conseguimos na última campanha salarial fechar acordos com reajuste, sem perder direitos e com garantia no emprego”, finalizou.

Vale ressaltar a presença de representantes da CTB nacional e estadual, CUT, Conlutas, Associação Sabesp, Fenatema e Cultura Nordestina que prestigiaram o evento.

Ao final, o congresso fez um minuto de silêncio ao companheiro aposentado Cirilo Santos.

Confira abaixo o poema do trabalhador Anesino recitado no congresso:

Fechamos o mês, abrimos a luta,
As lutas não se abrem o fecham,
Se luta e não se luta por lutar,
Caberia então a pergunta:
Quais as razões da luta?

As apostas são muito mais simples,
Lutamos apenas para existir,
Esta existência pela qual lutamos é:
Tão simples e ao mesmo tempo,
Ampla e complexa, simples, pois viver é respirar,
Ampla já, que respiramos constantemente,
Complexo pois não é só disso que nos faz vivos.

Viver sob a ótica da respiração,
Não nos define, o que nos define é a opinião.

Ninguém financiará a opinião alheia,
Se dependermos de financiamento alheio,
As opiniões serão também alheias.

Conduzamos pois, nossas lutas.
Já que, não conduzir é aceitar a alienação.

Anesino Sandice


José Faggian, Presidente do Sintaema, explica a atual conjuntura do sindicato, propõe mudanças e categoria aprova por unanimidade:

Relembre os melhores momentos da história atual do Sintaema:

Assista ao Congresso Extraordinário na íntegra.

O Sintaema parabeniza a todos pelo exemplo de combatividade e consciência dos participantes.

Unidade e muita luta!

Organizar para resistir!