O canal Barão de Itararé, com apoio do Sintaema, CTB e veículos da mídia alternativa, realizaram nesta sexta-feira (15) uma coletiva de imprensa contra a privatização da Sabesp. O objetivo do evento foi trazer dados e mostrar ao público os prejuízos que a privatização da Sabesp trará.
Foram dois blocos de perguntas feitas pelos jornalista César Xavier (Portal Vermelho), Andrea Trus (Brasil 247), Lourdes Nassif (Portal GGN) e Vinicius Pedro (Jornal Empoderado). Entre os entrevistadores também estiveram o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Thiago Tanji, e Soraya Misleh, jornalista do Sindicato dos Engenheiros. A coletiva foi retransmitida pelos canais parceiros como TVT, TV CTB, Sintaema, TV GGN e TV Vermelho.
Impacto na qualidade da água
Helena Maria da Silva, vice-presidenta do Sintaema, e Amauri Pollachi, do Ondas, foram os entrevistados e abordaram, entre diversos temas, os impactos da privatização para a prestação de serviços, especialmente para a população mais vulnerável, e para os trabalhadores (as) da Sabesp.
A dirigente disse que há muito receio, no caso de privatização da Sabesp, em como ficará a qualidade da água. Segundo ela, faz alguns anos que a terceirização tomou conta do setor de manutenção da empresa. O resultado mostra uma prestação de serviços que piorou porque essas empresas não têm o conhecimento especializado que os trabalhadores (as) próprio da Sabesp têm.
“A terceirização foi para garantir o lucro dos investidores. A nossa resistência vem conseguindo manter bons materiais para assegurar a qualidade da água, mas se vier a privatização eles podem derrubar a qualidade desses materiais para garantir o lucro. Esse é o fundamento da empresa privada”, explicou Helena.
Amauri Pollachi lembrou recente cancelamento de manutenção na Estação Elevatória Santa Inês, que concentra a operação do Sistema Cantareira e precisou ter operação cancelada porque trabalhadores (as) foram demitidos.
“Será que no futuro poderemos confiar na Sabesp nas mãos de empresa privada como confiamos hoje na Sabesp pública?”, questionou Amauri. “É importante ressaltar também que a população da periferia, preta e pobre será impactada drasticamente porque não dá lucro atender a população mais vulnerável”.
Trabalhadores vivem desespero
“A terceirização dos últimos anos não se compara ao aceleramento da privatização. Tememos um colapso no sistema como aconteceu com a Eletrobras no apagão que vimos em agosto”, ressaltou Helena. Segundo ela, um possível colapso está diretamente ligado à precarização dos trabalhadores (as).
“É desesperadora a condição dos trabalhadores (as) da Sabesp. Não sabem se estarão trabalhando no mês que vem, em que área irão atuar. A CEDAE do Rio de Janeiro que foi privatizada tem um projeto de demissão de todos os trabalhadores (as) até 2025. Quando pensamos na relação com a prestação de serviços vimos que é uma perda porque quem chega não tem o conhecimento técnico que foi desenvolvido pelo trabalhador (a) da Sabesp”, completou Helena.
Campanha contra a privatização e plebiscito
A luta contra a privatização da Sabesp está em várias frentes. Helena lembrou que a participação da população é fundamental para poder ampliar o combate à privatização. Ela informou que a luta contra a privatização resultou na concretização da Frente Parlamentar pelo saneamento público, na Alesp, e diversas frentes em municípios do interior do estado. O sindicato também articula a formação de uma frente municipal em defesa da Sabesp.
“Temos realizado audiências públicas, panfletagens e estamos em um momento crucial, que é a realização de um plebiscito contra a privatização que está coletando votos neste mês de setembro”, completou Helena. Na esfera jurídica, o Sintaema tem acionado o Ministério Público e ingressado com ações em defesa do saneamento público.
Manipulação de informações
Helena também reforçou a importância dos veículos alternativos para que as informações possam chegar aos trabalhadores (as) e à população em geral. “A grande mídia não vai nos dar voz. Só vão ouvir o outro lado. Eles sabem que os argumentos em defesa da privatização não se sustentam. A tarifa não vai abaixar. Só vai aumentar como aconteceu em todos os lugares onde se privatizou a água. Tarcísio está na contramão da história. Enquanto cidades no mundo inteiro reestatizam porque fracassou ele quer privatizar”.
Amauri ressaltou que os investimentos da Sabesp para os próximos anos estão definidos. Segundo ele, é “balela” dizer que é a privatização que vai antecipar a universalização do saneamento. “Se perguntarmos para os 300 prefeitos se estão satisfeitos com a Sabesp eles responderão que sim. É alto o nível de satisfação e de diálogo permanente com a empresa. A Sabesp já possui capacidade de investimento pra atingir a universalização sem precisar ser privatizada”.